Os Mestres não falam a verdade. Mesmo se eles quiserem eles não podem, é impossível. Então, qual a função deles? O que eles continuam fazendo? Eles não podem dizer a verdade, mas eles podem provocar a verdade que está profundamente adormecida em você. Elas podem provocá-la, desejá-la. Eles podem lhe sacudir, eles podem lhe acordar. Eles não podem lhe dar Deus, verdade, nirvana, porque em primeiro lugar você já tem tudo isso em você. Você nasce com isto. É inato, intrínseco. É a sua própria natureza. Então qualquer pessoa que finja lhe dar a verdade está simplesmente explorando sua estupidez, sua credulidade. Ele é esperto — esperto e completamente ignorante também. Ele não sabe nada, nem mesmo um vislumbre da Verdade aconteceu a ele. Ele é um pseudoMestre.
A verdade não pode ser dada; ela já está em você. Ela pode ser suscitada, ela pode ser provocada. Um contexto pode ser criado, um certo espaço pode ser criado no qual ela surja em você e não esteja mais adormecida, torne-se desperta.
A função do mestre é bem mais complexa do que você pensa. Ela teria sido bem mais fácil, bem mais simples, se a verdade pudesse ser transmitida. Ela não pode ser transmitida; logo, é preciso usar meios e caminhos indiretos.
No novo testamento há a bela história de Lázaro. Os cristãos perderam todo sentido dela. Jesus é tão infeliz — ele esteve na companhia de pessoas erradas. Nem mesmo um único teólogo cristão foi capaz de descobrir o significado da história de Lázaro, sua morte e sua ressurreição... Se Lázaro estava morto ou não, não é o que importa. Envolver-se nessas questões estúpidas é um absurdo. Somente eruditos podem ser tão bobos...
Vocês estão todos mortos. Vocês estão todos na mesma situação de Lázaro. Vocês estão todos em suas grutas escuras. Vocês estão todos fedendo e deteriorando... porque a morte não é uma coisa que vem um dia de repente — vocês estão morrendo todos os dias. Desde o dia de seu nascimento você está morrendo. É um longo processo; leva-se setenta, oitenta, noventa anos para completá-la. A cada momento alguma coisa de você morre, alguma coisa em você morre, mas você está absolutamente inconsciente da situação toda. Você continua como se estivesse vivo; você continua como se soubesse o que a vida é.
A função do Mestre é chamar: "Lázaro, saia da gruta! Saia do seu túmulo! Saia da morte!"
O Mestre não pode lhe dar a verdade, mas ele pode provocá-la. Ele pode mexer algo em você. Ele pode dar início a um processo em você, que vai inflamar um fogo, uma chama.
A verdade já é você — simplesmente juntou muita poeira ao seu redor. A função do Mestre é negativa: ele tem que lhe dar um banho, uma chuveirada, então a poeira desaparece.
Este é exatamente o significado do batismo cristão. Isto é o que João Batista estava fazendo no rio Jordão. Mas as pessoas continuam entendendo errado. Hoje o batismo acontece nas igrejas; ele é sem sentido.
João Batista estava preparando as pessoas para um banho interno. Quando elas estivessem prontas ele as levaria simbolicamente para dentro do rio Jordão. Aquilo era somente simbólico... simbolizando que o Mestre pode lhe dar um banho. Ele pode tirar a poeira, a poeira de séculos para fora de você. E de repente tudo está límpido, tudo é claridade. Essa claridade é iluminação.
(...) Os Mestres não ensinam a verdade, não há como ensiná-la. É uma transmissão além das escrituras, além das palavras. É uma transmissão. É energia provocando energia em você. É um tipo de sincronicidade... Começou um processo em você que lhe revela a verdade do seu ser. Você se vê face a face com você. Deus não está em algum outro lugar: ele está aqui, agora.
OSHO
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