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sexta-feira, 6 de abril de 2018

Meditação e a percepção do mecanismo do "eu"

Meditação é a percepção 
do mecanismo do "eu"

PERGUNTA: Pareceis rejeitar a ioga, e concordo convosco em que a ioga é muitas vezes praticada como método de fugir a 'o que é'. Mas, se evitamos a fixação artificial da mente num objeto escolhido e permitimos que a nossa chamada meditação assuma o caráter de investigação, abrangendo todo o campo de 'o que é', sem esperar resposta, isso, sem dúvida, é o que costumais recomendar. Não achais, também, que poderíamos executar mais facilmente essa coisa difícil se tivéssemos aprendido a quietar o corpo e a respiração?

KRISHNAMURTI: O interrogante, com efeito, deseja saber "como meditar": se o quietar o corpo e controlar a respiração não facilitará a meditação, que é o processo de investigação de todo o campo de 'o que é', sem fugir dele. Vejamos, pois, se podemos descobrir "como meditar". Ora, se tiverdes a bondade de escutar sem focar a atenção numa determinada sentença, numa determinada frase da resposta, poderíamos investigar, juntos, toda a questão de "como meditar". Para mim, o "como" não constitui, em absoluto, o problema. O problema é: que é meditação? Se não sei o que é meditação, a mera pergunta sobre como meditar nada significa. O que investigo, pois, não é "como meditar", que método seguir, como estar apercebido de 'o que é', sem fugir, como quedar-me tranquilo, como repetir certas palavras, etc. Não estamos tratando de nada disso. Se sei o que é meditação, então a questão de "como meditar" não constituirá problema algum, naturalmente.

Ora, que é meditação? Como não sabemos o que é meditação, não temos nenhuma ideia sobre como começar. Devemos, pois, abeirar-nos do problema com a mente aberta, não é verdade? Compreendeis? Deveis abeirar-vos dele com uma mente livre, dizendo "Não sei", e não com uma mente ocupada, perguntando "Como meditar?" Vede: se verdadeiramente prestardes atenção a este problema — o que não significa aderir ao que estou dizendo, mas, sim, experimentar realmente a coisa, ao mesmo tempo que vamos falando — descobrireis por vós mesmo o significado da meditação. Até agora nos temos abeirado do problema com uma atitude de indagação sobre "como meditar", que sistemas seguir, como respirar, quais as práticas da ioga que convém adotar, etc., etc.; porque, pensando que sabemos o que é meditação, achamos que o "como" nos levará a algo. Mas sabemos de fato o que é meditação? Eu não sei, e penso que vós também não sabeis. Portanto, nós dois temos de abeirar-nos da questão com uma mente que diz "Não sei", ainda que tenhamos lido centenas de livros e praticado muitas disciplinas da ioga. Vós não sabeis, realmente. Só estais esperando, só estais desejando, querendo chegar, através de determinado padrão de ação, de disciplina, a certo estado. E tal estado pode ser completamente ilusório; pode ser apenas o vosso próprio desejo. E, sem dúvida o é; é a vossa própria "projeção", como reação à vossa aflitiva existência diária.

Assim, a primeira coisa, a coisa essencial, não é "Como meditar?", mas, sim, descobrir o que é meditação. Portanto, a mente deve chegar-se a esse problema sem nada saber; e isso é dificílimo. Estamos muito acostumados a pensar que a meditação requer necessariamente um determinado sistema — repetição de palavras, na oração, adoção de uma determinada postura, fixação da mente em certa frase ou imagem, respirar de maneira regular, manter o corpo num estado muito tranquilo, controle completo da mente; estamos bem familiarizados com tudo isso. E pensamos que nos levará a alguma coisa que se acha além da mente, além do mecanismo transitório do pensamento. Pensamos que já sabemos o que desejamos, e agora estamos comparando os diferentes métodos para saber qual é o melhor de todos. A questão relativa a "como meditar" é completamente falsa. Mas posso descobrir o que é meditação? Esta é a questão real. É uma coisa extraordinária o meditar, o saber o que é meditação e, portanto, investiguemo-la. Sem dúvida, a meditação não é a prática de qualquer sistema, achais que é? Pode a minha mente eliminar de todo esta tradição de disciplina, de método? Tradição existente não só aqui, mas também na Índia? Essa eliminação é necessária — não achais? —, visto que não sabemos o que é meditação. Sei como concentrar-me, como controlar, disciplinar, sei o que devo fazer; mas não sei o fim a que se chega com isso. Disseram-me, apenas: "Se fizerdes estas coisas, alcançareis algo", e, como sou ávido, ponho-me a praticar tais exercícios. Assim, pois, a fim de descobrir o que é meditação, posso eliminar a exigência do método?

A própria investigação desta questão é meditação, não é? Estou meditando no momento em que começo a indagar o que é meditação, em vez de "como meditar?" No momento em que começo a descobrir, por mim mesmo, o que é meditação, a minha mente, como não o sabe, tem de rejeitar tudo o que sabe, o que significa que tenho de pôr à margem o meu desejo de alcançar um estado. Porque o desejo de alcançar é a raiz, é a base da minha busca de método. Tenho conhecido momentos de paz, de serenidade, e o sentimento de um "outro estado"; e desejo alcançá-lo de novo, torná-lo um estado permanente; e por esta razão ponho-me a procurar o "como". Penso que já sei o que é aquele outro estado, e que um método me conduzirá a ele. Mas, se já sei o que é essa outra coisa, ela então não é a coisa verdadeira, porém, sim, meramente uma projeção de meu próprio desejo. Minha mente, quando está deveras investigando o que é meditação, compreende o desejo de realização, obtenção de resultado e, portanto, está livre dele, do desejo. Por conseguinte, ela se livrou completamente de toda e qualquer autoridade; pois não sabemos o que é meditação, e ninguém pode dizer-nos o que ela é. Minha mente está, toda ela, num estado de "não saber"; não recorre a nenhum método, oração, repetição de palavras, concentração, porquanto percebe que a concentração é simplesmente outra forma de realização. A concentração da mente numa dada ideia, esperando que assim se exercitará para ir mais além, mediante "exclusão", essa concentração implica também um "estado de saber". Assim, se eu "não sei", então todas estas coisas terão de desaparecer; não estou mais pensando em termos de realizar algo, de chegar a um fim. Já não há a ideia de que a acumulação me ajudará a alcançar a outra margem.

Assim, depois de fazer isso, já não descobri o que é meditação? Não há conflito, não há luta; há compreensão da desnecessidade de acumular, compreensão, a todas as horas, e não em dado momento. Meditação, pois, é o processo de completo desnudamento da mente, depuração de toda tendência de acumulação e realização, que constitui a própria natureza do "eu". A prática de métodos variados só poderá tornar mais forte o "eu". Podeis disfarçar o "eu", embelecê-lo, requintá-lo; mas ele é sempre o "eu". A meditação, pois, é o descobrimento das atividades do "eu".

Vereis, se vos aprofundardes bastante nisso, que nunca há um momento em que a meditação se torna hábito. Porque o hábito implica acumulação, e, onde há acumulação, há o mecanismo do "eu" a pedir mais, a exigir mais acumulação. Tal meditação está dentro da esfera do conhecido, e nenhuma significação tem, a não ser como método de auto-hipnotismo. A mente só pode dizer "Não sei" — realmente e não apenas verbalmente - depois de haver eliminado, pelo percebimento, pelo autoconhecimento, toda ideia de acumulação. A meditação, pois, significa, "morrermos para nossas acumulações", e não o alcançar de um estado de silêncio, de tranquilidade. Enquanto a mente for capaz de acumular existirá sempre a ânsia de mais. E o mais exige o sistema, o método, o estabelecimento da autoridade, coisas essas que representam, verdadeiramente, a própria tática do "eu". Depois de perceber a falácia de tudo isso, a mente se vê num estado de "não saber". Esta mente pode perceber aquilo que não é mensurável e que só pode manifestar-se momento por momento.

Krishnamurti, Sexta Conferência em Londres, 26 de junho de 1955

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Pode a mente, de fato, dizer “Não sei”?


Pode a mente, de fato, dizer “Não sei”?

PERGUNTA: Tendo “experimentado” seriamente, durante muitos anos, o vosso ensino, tornei-me plenamente apercebido da natureza parasitária da consciência do “eu”, cujos tentáculos vejo estender-se a cada um dos meus pensamentos, palavras e atos. E o resultado foi que perdi toda a confiança em mim mesmo, todo o incentivo. O trabalho se me tornou canseira, e o laser tédio. Minha existência é uma quase constante tortura psicológica, e mesmo essa tortura me parece ser um truque do “eu”. Vejo-me num beco sem saída, em todos os setores da minha vida, e pergunto-vos o mesmo que tenho perguntado a mim próprio: E agora?

KRISHNAMURTI: Estais “experimentando” o meu ensino, ou estais “experimentando” a vós mesmo? Espero que percebais a diferença. Se estais “experimentando” as coisas que digo, tendes então de chegar ao ponto de perguntardes “E agora?”, porque nesse caso estais forcejando para alcançar um resultado que pensais que eu alcancei. Pensais que eu tenho uma coisa que vos não tendes, e que se “experimentardes” o que digo, a ganhareis também. É assim que procede a maioria das pessoas. Interessamo-nos por essas coisas com uma mentalidade comercial: Fazer isto, a fim de obter aquilo. Rezarei, meditarei, e farei sacrifícios, a fim de obter uma certa coisa.

Ora, vós não estais praticando o meu ensino. Eu nada tenho para ensinar. Ou, melhor, eu só vos digo que observeis a mente, que vejais até que profundezas ela pode chegar. Portanto, vós é que sois importante, e não o ensino. É de muita importância descubrais vossos próprios modos de pensar e, tudo o que esse pensar implica, como estive tentando mostrar-vos hoje de manhã. E se estais observando o vosso próprio pensar, se estais vigilante, “experimentando”, descobrindo, largando, isto é, morrendo cada dia para tudo o que acumulastes, então nunca fareis a pergunta “E agora?”

Vede, a confiança é uma coisa completamente diferente da “confiança em si mesmo”. A confiança que nasce quando estamos descobrindo, momento por momento, é toda diferente da confiança em si mesmo, resultante da acumulação de descobrimentos, que se tornam saber e vos conferem importância. Percebeis a diferença? Por conseguinte, o problema da confiança em si mesmo desaparece completamente. Há só o constante movimento do descobrir, a constante leitura e compreensão, não de um livro, mas de vossa própria mente, de toda a vasta estrutura da consciência. Não estais então em busca de resultado algum. É só quando buscais um resultado, que dizeis: “Pratiquei tais e tais coisas, mas não ganhei nada com isso e perdi a confiança em mim mesmo. E agora?” Mas, se, ao contrário, estais examinando e compreendendo os movimentos da vossa mente, sem visardes uma recompensa, um alvo, sem o incentivo de ganho, há então autoconhecimento, de onde vereis surgir uma coisa maravilhosa!

PERGUNTA: Como impedir que o percebimento se torne uma técnica nova, “a última moda” em matéria de meditação?

KRISHNAMURTI: Sendo esta uma questão muito séria, vou examiná-la com certa profundeza, e espero não estejais fatigados demais, para seguirdes, com uma vigilância sem, tensão, as operações da vossa própria mente.

É importante meditar, porém mais importante ainda é compreender o que é meditação, pois do contrário a mente ficará restrita a mera técnica. O aprender uma nova técnica consistente em respirar de certa maneira, ficar sentado em certa posição, com o tronco ereto, ou praticar um dos vários sistemas de silenciar a mente — nada disso é importante. O importante é que vós e eu investiguemos o que é meditação. Nesse próprio investigar do que é a meditação, estou meditando. Compreendeis? Ouvi com calma, Senhores; não concordeis nem discordeis.

É sumamente Importante o meditar. Se não sabeis o que é meditação, isso é como ter nas mãos uma flor sem perfume. Podeis ter um extraordinário talento oratório, saber pintar ou gozar a vida, possuir conhecimentos enciclopédicos e saber relacioná-los, mas todas essas coisas não terão significação alguma, se não sabeis o que é meditação. Meditação é o perfume da vida, tem beleza infinita. Abre portas que a mente não é capaz de abrir, penetra profundezas inacessíveis à mente mais erudita. A meditação, pois, é importantíssima. Mas sempre fazemos a pergunta errada e por isso obtemos, resposta errada. Dizemos: “Como meditar?”, e lá vamos à procura de um certo swami, de uma certa pessoa extravagante, ou apanhamos um livro, ou seguimos um sistema, na esperança de aprendermos a meditar. Ora, se pudermos varrer tudo isso para o lado— os swamis, os iogues, os intérpretes, os mestres de respiração e de imobilidade — chegaremos inevitavelmente a esta pergunta: “Que é meditação?”

Escutai agora com atenção. Não estamos mais perguntando como meditar, nem qual é a técnica da vigilância, mas, sim, o que é meditação — que é a pergunta correta. Se fazeis uma pergunta incorreta, recebeis resposta incorreta; mas, se fazeis a pergunta correta, então esta própria pergunta revelará a resposta correta. Assim, que é meditação? Sabeis o que é meditação? Não repitais o que ouviste outro homem dizer, ainda que, como eu, conheçais alguém devotado à meditação há vinte e cinco anos. Vós sabeis o que é meditação? É claro que não sabeis, não é exato? Podeis ter lido o que muitos sacerdotes e santos e eremitas disseram a respeito da contemplação e da oração, mas não me estou referindo a nada disso. Estou falando sobre a meditação; não interessa o significado lexicológico da palavra, que podeis procurar depois no dicionário. Que é meditação? Não sabeis. E sobre esta base é que meditais!... (Risos). Não riais, por favor; continuai a escutar. “Eu não sei” — alcançais a beleza desta frase? Ela significa que minha mente está despida de toda técnica, toda informação a respeito da meditação, tudo o que outros dela disseram. Minha mente não sabe. Só podemos avançar na investigação do que é a meditação, quando somos capazes de dizer honestamente “Não sei”; e não se pode dizer “Não sei” se persiste em nossa mente qualquer vislumbre de informações de segunda, mão — o que disse o Gita, ou a Bíblia, ou São Francisco, a respeito da contemplação ou das virtudes da oração, coisa de que tanto se fala nas revistas, hoje em dia, e que se tornou a última moda. Tudo isso tendes de afastar de vós, porque, se copiais, se seguis, revertereis ao “coletivo”.

Nessas condições, pode a mente pôr-se no estado em que seja capaz de dizer “Não sei”? Esse estado é o começo e o fim da meditação, porque, nele, cada experiência é compreendida e não guardada. Entendeis? Desejais controlar o vosso pensar; e quando controlais o pensar, não permitindo distrações, vossas energias se consomem no controlar e não no pensar. Compreendeis? Só pode haver acumulação de energia, quando não a desperdiçamos em controlar, em subjugar, em lutar contra distrações, suposições, pretensões, incentivos. E esta enorme carga de energia, de pensamento, é completamente sem movimento. Compreendeis? Quando dizeis “Não sei”, não há movimento do pensamento, não é verdade? Só há movimento de pensamento quando começais a indagar, a investigar, já que vossa investigação vai sempre do conhecido para o conhecido. Se não estais compreendendo agora, talvez compreendais mais tarde.

A meditação é um processo de purificação da mente. A purificação da mente só é possível quando não há “controlador”. No controlar, o controlador dissipa energia. A dissipação de energia resulta do atrito entre o controlador e o objeto que ele quer controlar. Mas quando dizeis “Não sei”, não há movimento do pensamento em direção alguma, visando a uma resposta; a mente está de todo em todo imóvel. E para que a mente esteja imóvel, faz-se necessária uma energia extraordinária. A mente não pode estar imóvel, se lhe falta energia — não a energia que se dissipa no conflito, na repressão, na dominação, na oração, no buscar, no rogar, mas aquela energia que é total atenção. Todo movimento do pensamento em qualquer direção representa dissipação de energia, e para que a mente possa ficar em completa imobilidade, é necessária a energia da atenção total. Só então pode surgir uma coisa que não podemos chamar a nós, que não podemos ir procurar, uma coisa que dispensa a respeitabilidade, que não se ganha com a virtude nem com sacrifícios — o Estado Criador, o Atemporal, o Real.

Krishnamurti, 28 de agosto de 1955
Realização sem esforço
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terça-feira, 3 de abril de 2018

O que é criação, a origem, o início?

O QUE É CRIAÇÃO, A ORIGEM, O INÍCIO?

 Suponho que devemos falar. Você gostaria de participar do que está se falando? Poderia? Siga, se deseja, o que está se falando. Não só sigam, senão, juntos, compartilhem. Refiro-me a participar não só pensar nisso ou casualmente prestar-lhe atenção, mas sim, juntos entrar no que o orador vai falar sobre o presente. Uma das coisas que devem ficar muito claras é que isto não é um culto a personalidade. Certo? O orador abomina tudo isso, adorar alguém, porque tudo o que disse é contraditório, se você adora pessoalmente a um indivíduo, ou fazer de algo um deus, em um... em todas tolices que se sucedem no mundo. O importante é escutar o que se tem a dizer, compartilhando, não só escutar, mas, na realidade, participar no que se diz. Você pode estar de acordo ou em desacordo, que você tem razão em fazer, mas já que está aqui e já que o orador está aqui, estamos falando juntos. Temos falado de — duvido — falamos sobre a vida, a mesma complexidade da vida, o começo da vida, vamos ver, juntos, o que é a vida? Qual é a origem de tudo isto? A terra, a terra maravilhosa, a bela tarde e o sol de madrugada, os rios, os vales, as montanhas e a glória da terra que está sendo disseminada, estragada. Então, qual é a origem de tudo isto?

Se você diz “Deus”, então, tudo está terminado, então você pode correr muito felizmente porque resolveu o problema. Mas, se começa a questionar, a duvidar, como deveria, todos os deuses, todos os gurus, — não pertenço a essa tribo —, se você começa a questionar tudo o que o homem tem juntado através de uma longa evolução de dois milhões de anos, desde o começo dos sumérios, e assim sucessivamente, os hebreus, os antigos egípcios, pelos corredores da história, sempre se tem feito esta pergunta: Qual é o começo? Qual é a origem? Como se sucedeu tudo isto? Espero que você esteja se fazendo está pergunta. Não  escute ao orador com os olhos muito abertos ou com olhos estreitos, ou seja lá que olhos tenha, mas compartilhe isso, faça-o em pedaços. Não aceite qualquer coisa que ele diga; o orador não é seu guru, graças a Deus! Ele não é seu líder. Ele ao é seu ajudante. Certo? Então, nessa plataforma, esse é o começo desta palestra. Esta é uma palestra muito séria na qual vamos entrar e a menos que seu cérebro esteja ativo, não só se sentar ali e olhar, estar realmente ativo, temo que você não possa seguir. Isso seria inútil para o orador e para você, se sentar aqui e escutar muitas palavras. Mas, se juntos pudermos fazer uma longa viagem, uma viagem muito longa, não em termos de tempo, não em termos de crença ou conclusões ou teorias, mas como temos examinado com muito cuidado o caminho de nossas vidas: medo, incerteza, insegurança e todas as invenções que o homem tem feito, incluindo os extraordinários computadores e tudo mais, se você faz uma viagem neste — onde estamos ao final de dois milhões de anos? Para onde vamos? Não é uma teoria, não o que disse um livro miserável, por mais sagrado que seja. Para onde vamos todos? E onde tudo começou? Ambos estão relacionados entre si: para onde vamos, onde começamos. O começo pode ser o final. Você entende? Não sei se você entende o que estou falando. Não estar de acordo, mas descobrir. Pode ser que não haja começo nem fim e vamos investigar isso juntos. Está tudo bem? Você está de acordo com tudo isso? Não importa se você aprova ou não, lá vou eu.

Desde o princípio dos tempos, o homem sempre tem pensado em termos de religião. Certo? Os antigos egípcios tinham sua Isis, Osíris e todos os deuses e os antigos hebreus e assim sucessivamente até os dias de hoje. O que é religião? Você entende a pergunta? O que é religião? Porque estamos tão inclinados, ou não, dizendo: “Não acredito em nada”? Mas o homem sempre tem buscado algo mais que este mundo. Eles adoram as estrelas, o sol, a lua e suas próprias criações; tem sido um esforço tremendo, esforço, energia, gasto em templos antigos, mesquitas e as igrejas, certamente. Tem gasto uma tremenda energia nisto. Alguns deles extraordinariamente formosos, outros horríveis, em volta da esquina você os pode encontrar. E nos perguntamos: qual é o espírito do homem que busca algo mais além do mundo, da agonia atual, do trabalho, do trabalho, ir à fábrica, ao escritório e escalar a escada do sucesso, ganhar dinheiro, procurando impressionar as pessoas, tratando de mandar de cima para baixo. Certo? Você está de acordo com isso? Isso é um fato, esteja de acordo ou não. Todos buscam o poder de alguma forma. Querem estar no centro das coisas,em Déli, ou aqui, ou em outros lugares. Eles querem estar ali. Mas, nos perguntamos: o que é a religião? O que é isso em que o homem gasta enormes tesouros ou tem dado tesouros a um templo, etc., o que o faz fazer tudo isto? Estamos falando juntos? Sim? Alguém fale um pouco. Deus, você necessita de um montão de cutucões, não é verdade?

O que o fez fazer tudo isto? Qual foi a energia que ele deu a tudo isto? Foi o medo? Foi uma busca por uma recompensa do céu ou do inferno, como queira chamá-lo? Buscando por uma recompensa. Essa era a origem? Porque o homem, como você, quer uma recompensa, quer algo para trocar. Reza três ou cinco vezes ao dia e espera por uma mudança, algo que alguma entidade lhe dará, de uma geladeira a um automóvel, a uma esposa melhor, ou melhor esposo, ou espera pela graça, algo que possa esperar, se apegar. Certo? Esta tem sido a história de todas as religiões organizadas, não? Você conhece o templo próximo daqui chamado Tirupatí.  Estou seguro de que você vai ali, não importa. Fazem, creio eu, um milhão de dólares a cada três dias. Certo? Não? Então, Deus e dinheiro estão sempre juntos. Assim é como se construiu a Igreja Católica, tremendo tesouros ali, extraordinárias joias valiosas e tudo isso. Então, você também os tem aqui nos vários templos e todo o puja e a adoração e toda essa trivialidade. Tudo isso é realmente sem sentido. Então, estamos tratando de averiguar, de investigar muito, muito profundamente, o que é a religião, — obviamente não todas estas coisas para fazer dinheiro. Certo? Você acompanha o que estou dizendo, inclusive por uma hora? Mas logo você pode regressar aos seus templos, às suas orações, à sua... — como se chama em sânscrito, me esqueci por um momento, não importa.

Então, perguntamos: o que é isso que não tem nome, que é a inteligência suprema, que não tem relação com todas as nossas orações, com todos os nossos templos, mesquitas, igrejas? Certamente, tudo isso é feito pelo homem. Certo? Todos os deuses, todos os templos, mesquitas, etc., inclusive isso, isso é feito pelo homem. Não? Temos construído as igrejas, não você que está no trabalho ou em outro lugar, mas os construtores dos monumentos antigos, templos antigos, tudo isso, todos os rituais, todos os vestidos estranhos que colocam, vestidos medievais, para impressionar as pessoas. Mas se você elimina tudo isso, qualquer homem inteligente deve ignorar tudo isso, as orações, o culto, o puja, dar guirlandas à algum ídolo, não? E o sacerdote murmurando algumas palavras sânscritas, provavelmente ele mesmo não as entende, e provavelmente seja sua tradição, e desse modo ganham muito dinheiro, e assim sucessivamente. Se você pode deixar tudo isso de lado, não ser cínico, não se converter-se simplesmente em cético, mas um cérebro realmente inquisitivo, certo? Cérebro inquisitivo. Você tem um cérebro assim? Investigando o cérebro, um cérebro que está ativo, um cérebro que investiga tudo, não só lá fora, que é o que estão fazendo os cientistas ao seu modo, o mundo, o mundo exterior, mas, você tem um cérebro que está perguntando em seus próprios pensamentos, em sua própria consciência, em suas próprias dores, sofrimentos, tudo o mais. Temos um cérebro assim?

Aqui, devemos separar o cérebro da mente. Não se importa? O cérebro é o centro de todos nossos nervos, de todo nosso conhecimento, todas as nossas teorias, opiniões, preconceitos, escolas, universidades, todo esse conhecimento se reúne no crânio. Certo? Está aí. Todos os pensamentos, todos os medos, etc. É o cérebro diferente da mente? Não me olhe, estou lhe fazendo uma pergunta. Se você presta atenção, seriamente, ao que lhe pergunta o orador: Há alguma diferença entre o cérebro? Seu cérebro, o que há dentro do crânio, e todo conhecimento que você tem reunido, não só você, senão seus antepassados, etc., etc., por dois milhões de anos. Tudo está encerrado ali. Então, esse cérebro sempre será limitado. Certo? Não esteja de acordo, senhor, isto é muito serio. E é a mente diferente disto, desde a minha consciência, desde a minha atividade diária, dos meus medos, ansiedades, incertezas, tristeza, dor e todas as teorias que o homem tenha reunido sobre tudo, está ali. Certo? E o cérebro — refiro-me à mente — não tem nenhuma relação com o cérebro, mas pode se comunicar com o cérebro, mas o cérebro não pode se comunicar com isso. Estou lhe deixando algo claro? Você entende a minha pergunta? Não esteja de acordo, por favor, isso é a última coisa que se possa fazer, estar de acordo comigo.

O orador diz que o cérebro é o guardião de toda nossa consciência, de nossos pensamentos, de nossos medos, e assim sucessivamente, e mais e mais; todos os deuses, todas as teorias sobre os deuses e todas as descrenças, tudo está ali. Ninguém pode discutir isso a menos que seja um pouco estranho. Sabe a palavra “estranho”? É um pouco tantã. Está tudo aí. Mas esse cérebro que está condicionado pelo conhecimento, pela experiência, pela tradição, etc., não pode ter nenhuma comunicação com essa coisa, com essa mente que está totalmente fora da atividade do cérebro. Não sei se você aceitará isto. Não se inquiete, só pense nisso, veja-o. Mas essa mente pode se comunicar com o cérebro, mas o cérebro não pode se comunicar com isso. Porque o cérebro pode imaginar infinitas coisas, o cérebro pode imaginar o anônimo; o cérebro pode fazer qualquer coisa. Entende? E isso é demasiado imenso porque não lhe pertence, não é a sua mente, você... etc., etc.

Então, vamos investigar, juntos, tenham sempre em conta, juntos, não só a natureza da religião mas também investigar o computador. Sabe o que é o computador? Não é assim? Sim. É uma máquina. Pode se programar a si mesmo. Pode gerar seu próprio computador. O computador pai tem seu próprio computador filho, que é melhor que o pai. Compreende tudo isto? Você não tem que aceitar isto. É público, não é algo secreto, assim que tenham cuidado. Esse computador pode fazer qualquer coisa que o homem possa fazer. Pode inventar todos os seus deuses, todas suas teorias, seus rituais, ainda melhor do que você algum dia será. Então, o computador vem no mundo, não só nas fábricas, mas também vai fazer com que seus cérebros sejam algo diferente. Qual é? Você tem ouvido falar de engenharia genética? Oh, Deus! Você não escuta todas estas coisas? Eles tentam goste você ou não, para modificar completamente o seu comportamento. Isso é engenharia genética. Estão tratando de mudar a sua forma de pensar. Você entende o que quero dizer? Oh, não me olhe, senhor! Ele está rindo. Poderia se sentar em outro lado? Poderia? Porque você está me olhando o tempo todo. Sente-se ali, senhor, não é verdade?

I: São só os meus olhos.

K: Eu sei, eu sei. Isso é o suficientemente bom. Se sentaria ali, senhor? Ótimo. Obrigado.

Então, a engenharia genética e o computador. Certo? Quando os dois se encontram juntos, vão se perguntar em poucos anos, o que você é? Entende o que estou perguntando, senhor? O que você é coo ser humano? O que é você? Seus cérebros serão alterados. Sua forma de comportamento vai se modificar. Certo? Podem eliminar completamente o medo, eliminar a dor, eliminar a todos os seus deuses. O farão, senhor, não engane a si mesmo. Porque tudo termina em guerra ou na morte. Certo? Então, na realidade, isto é o que está ocorrendo no mundo. Engenharia genética por um lado, e o computador no outro e, quando se encontram, já que inevitavelmente irão se encontrar, o que é você como uma máquina humana?  Na realidade, seu cérebro agora é uma máquina. Você nasce na Índia e diz: “Sou indiano”. Você está preso nisso. Ou nasce na Rússia, o mesmo, e assim sucessivamente. Você é uma máquina, por favor, não se sinta insultado. Não estou lhe insultando, você é uma máquina, que repete, repete ou diz que é diferente, você já sabe, máquina, como um computador. Certo? Não imagine que há algo divino em você — isso seria encantador — algo santo, que é eterno. O computador lhe dirá isso também. Então, o que é que está se passando com o ser humano? O que será de você?  

E também temos de perguntar — este é um tema muito sério, não esteja de acordo ou em desacordo, só escute, você não pode provavelmente participar nisso, o que é a criação? Entende minha pergunta? Ao menos entende a minha pergunta — criação? Não é a criação de um bebê, isso é muito simples, ou a criação de algo novo ou outro. A invenção é totalmente diferente da criação. A invenção se baseia no conhecimento. Certo? Posso melhorar, os engenheiros podem melhorar o jato. A melhoria se baseia no conhecimento e a invenção também se baseia no conhecimento. Então, devemos separar a invenção da criação. Você poderia? Não, não, senhor, não esteja de acordo. Isto requer sua energia total, sua capacidade para penetrar, não só dizer sim, sim. A diferença entre criação e invenção, entende a diferença? A invenção se baseia essencialmente no conhecimento. Certo? Eu melhoro o relógio; tenho um novo aparelho, porque os velhos aparelhos que tenho usado, tenho encontrado algo novo e invento algo mais. Então, todas as invenções se baseiam no conhecimento. Certo? Na experiência. As invenções são inevitavelmente limitadas, porque se baseiam no conhecimento. Oh, santo Deus! Que alguém acorde! Então, o conhecimento é sempre limitado, as invenções sempre devem ser limitadas. No futuro podem não ter jatos, mas algo mais e isso irá de Déli à Los Angeles em duas horas. Essa é uma invenção baseada no prévio conhecimento, que foi melhorado passo a passo, mas isso não é criação. Certo? Canso-me de ver essas caras que não dizem nada!

Então, o que é a criação? Então, o que é a vida? Você entende? A vida na árvore, a vida na pequena erva, vida no cientista — a vida, não o que eles inventam, o que fazem, mas o começo da vida. Não sei se você entende. A vida, o que vive. Você pode matá-lo mas segue ali no outro. Então, estamos perguntando, não concorde nem descorde, não assente com a cabeça, mas veja o que estamos perguntando, qual é a origem da vida. Estão de acordo? Estão de acordo comigo? Sinto, vou me deter. Então, vamos investigar o absoluto, algo que realmente é maravilhoso. Não é uma recompensa; não pode levá-lo para casa e dizer: “O usarei”.

O que é a meditação para você? Poderia me dizer de modo amável, o que é a meditação para você? Alguns de vocês meditam, não é verdade? Não? Oh, Deus! O que? Alguns de vocês o fazem, não é verdade? O que é meditação? A palavra, é uma linguagem comum no dicionário, significa “refletir, pensar” e “concentrar-se”, para aprender a concentrar-se em algo, não deixar que seu cérebro divague por todo lado. Certo? É isso o que você chama meditação? É bem simples, senhor, se é honesto. O que é isso? Dando todos os dias um certo período e você vai à um local em silêncio, senta-se durante dez minutos, um quarto de hora, medita. Certo? Está de acordo com isto, senhor? Não? Então, o que é a meditação para você? Concentração? Pensar em algo muito nobre? Você não pode responder todas estas perguntas. Então, vamos perguntar primeiro o que é a meditação. Qualquer esforço consciente para meditar é parte de sua disciplina no negócio. Porque você diz: “Se medito, terei uma mente tranquila, ou entrarei em outro estado”. E assim sucessivamente e assim sucessivamente. A palavra “meditação” também significa “medir”, não é verdade, senhor? Medir, o que significa comparar. Oh, Senhor! Então, sua meditação se torna mecânica, não? Porque você está exercitando energia, concentrar-se numa imagem, numa imagem ou numa ideia, e essa concentração se divide. Certo? Vocês entendem o que quero dizer? A concentração é sempre divisão. Não? Quero concentrar-me nisso, mas o pensamento se desvia. Logo, digo: “Não devo divagar, voltarei”. Repete isso todo o dia, ou meia hora. E logo você salta e diz: “Bem, já meditei”. E esta meditação é defendida por todos os gurus, por tudo o que você sabe, discípulos laicos, etc., etc. E a ideia cristã é, “Acredito em Deus e me sacrifico por Deus”. Entende o que estou dizendo? E, portanto, oro para me salvar, para salvar minha alma, salvar a mim, etc., etc. Tudo isto é meditação? Diga-me, não sei nada sobre a meditação, ao menos, não este tipo. Você me diria? Isto é meditação? Diga-me, senhor, não se assuste. Não sou seu guru, nem seu chefe, nem... Diga-me se isto é meditação. É como uma conquista. Certo? É uma conquista. Medito durante meia hora, e sinto-me brilhante. Ou há um tipo de meditação totalmente diferente? Certo, senhor? Totalmente diferente. Eu lhe pergunto, mas como você não responderá, devo responder.

Na palavra “meditação”, que é medida, como já disse, que é a comparação da conquista, isso não é meditação. Eu digo para que não aceite nada do que diz o orador, a qualquer preço. O orador diz que não é meditação, absolutamente. Isso é só um processo de conquista. Certo? Você tem estado um dia sem poder se concentrar e toma um mês e diz: “Sim, o tenho”. É como um empregado que se converte em gerente. Certo? Então, há um tipo diferente de meditação, que não é esforço, que não é medida, que não é rotina, que não é mecânico? Por favor, prestem atenção ao que estou dizendo. Há uma meditação na qual não há sentido de comparação, ou que não há recompensa nem castigo? Compreende tudo isto? Então, há alguma meditação que não esteja baseada no pensamento, que é medida, tempo e tudo isso? Entende a minha pergunta? Como pode se explicar uma meditação que não tem medida, isso não tem conquista, isso não diz, serei isso, eu sou isso, mas me converterei nisso. “Esse” é Deus ou super anjo. Então, isso requer — se posso assinalar, não para que você o aceite ou negue, simplesmente assinalando: há uma meditação que não tem nada que ver com a vontade, com nossa energia que diz, devo meditar, que não tem nada que ver com o esforço em absoluto? O orador diz que sim. Você não tem que aceitá-lo. Ele pode estar louco. Ele pode estar dizendo besteiras. Mas, ele vê logicamente que a meditação ordinária é auto-hipnose, enganando-se, e quando você deseja se enganar, detém todo esse processo mecânico. Há algum tipo diferente de meditação? E aí, afortunadamente, o orador diz que sim. Isso não é para lhe ser dito. “Sim, estou de acordo, meditarei”. Não pode conquistá-lo através do esforço, dando toda sua energia a algo. Você não pode, não há, entende? É algo que tem que ser absolutamente silencioso. Não fala silêncio agora. Não se sente em meditação. Por favor, não o faça, senhor. Não pode fazê-lo. Primeiro de tudo, comece humildemente, muito, muito humildemente e, portanto, muito suavemente. E, portanto, não empurrar, conduzir, dizer, “Devo fazer isto”. Requer uma grande sensação não só de solidão, mas uma sensação de... não devo descrevê-lo. Não devo descrevê-lo. Porque então, se apagará nas descrições. Se o descrevo, a descrição não é o real. Certo? A descrição da lua, ou a descrição pintada do Himalaia, não é o Himalaia, certo? Portanto, deixaremos de descrever. É para que você jogue com ele ou não jogue com ele, seguir seu próprio caminho e suas próprias conquistas peculiares, através da meditação e demais, recompensa e tudo o mais. Então, uma meditação que não é absolutamente nenhum esforço, sem conquista, sem pensar, então, o cérebro está em silêncio. Você entende? Não um silêncio feito pela vontade, pela intenção, pela conclusão, e todas essas besteiras; está tranquilo! E estando em silêncio, tem espaço infinito. Você está esperando que eu explore e traga o que explorei? Deus, que tipo de pessoas são vocês? Então, seu cérebro está sempre quieto? Estou lhe perguntando. Seu cérebro: pensar, temer, seu trabalho do escritório, seu pensamento de sua família, o que façam seus filhos, suas filhas — pensando, que é tempo e pensamento. Seu cérebro está sempre quieto? Você poderia, amavelmente, me dizer?

I: (inaudível).

K: O que, senhor? Não fique nervoso, senhor. Diga o que quer dizer e se não pode dizê-lo, esqueça-o.

Seu cérebro está quieto? Não aquietado por drogas e por todo tipo de incentivos, whisky ou várias formas de se drogar. Você se droga quando crê. Você se droga e diz: “Sim, isto está perfeitamente certo, o Buda disse que, portanto, deve estar correto”. Você está se drogando o tempo todo, portanto, você não tem energia, desse tipo que se exige na penetração de algo imenso.

Então, voltamos agora para descobrir o que é a criação. Você entende? O que é a criação? Porque não tem nada a ver com a invenção. Isso se foi. Então, qual é a criação, a origem, o começo? O que é a vida? Digam-me, senhores, o que pensam disso. Digam-me. O que é a vida? Não ir ao trabalho e tudo o mais, sexo e meninos, ou não filhos, sem sexo, etc., etc., etc. O que é a vida? O que é a vida desse filamento da erva em crescimento? Você entende? O que é a vida em nós? Não todas as coisas que pensamos: poder, posição, prestígio, fama ou nenhuma fama, senão vergonha. Então, isso não é vida, isso é parte de nosso mal manejo da vida. Mas,o que é a vida? Entende minha pergunta? Você entende, senhor? Por que está me escutando? O que lhe faz escutar o homem? Qual o motivo por detrás da sua escuta? O que você deseja? Qual é o seu desejo? Por detrás do desejo há um motivo. Certo? Então, o que é o desejo? Primeiro, detenhamo-lo rapidamente. O desejo é parte da sensação, não é assim? Vejo este belo relógio ou feio relógio; é uma sensação; o ver produz uma sensação. Oh, isto é normal, senhor, não... Dessa sensação, o pensamento vem e cria uma imagem dele. Quer dizer, vejo este relógio, bastante agradável, e gostaria de tê-lo. A sensação de ver, logo penso vir e fazer uma imagem dessa sensação, nesse momento, o desejo nasce. É muito simples, certo?

Então, há um cérebro, seu cérebro, que não está preso, nublado pelo meio ambiente, pela tradição, pela sociedade e tudo o mais? Então, qual é a origem da vida? Está esperando que eu lhe responda? Está esperando que o orador responda essa pergunta? E você? Poderia dizer-me amavelmente, sim ou não? Esperarei. Se me disser, então, continuarei. Este é um tema demasiado sério para que jogues, porque estamos tratando de ingressar, investigar algo que não tem nome, não tem fim. Posso matar esse pássaro, há outro pássaro. Não posso matar a todos os pássaros; há muitos deles no mundo. Então, estamos investigando o que faz um pássaro, o que é a criação por detrás de tudo isto? Certo? Está esperando que eu o descreva, entre nisso? Sim, senhor? Você quer que eu entre nisso? Por que?

P: Para entender.

K: O que você entende?

P: (Inaudível)

K: Através de seu cérebro?

P: (Inaudível)

K: Por que você pergunta isso? Por que perguntei? Já vê, e novo, você está... sinto, senhor. Nenhuma discrição cabe, pode descrever a origem. A origem é anônima, a origem é absolutamente tranquila, não está zombando sobre fazer ruído. A criação é algo que é santíssimo, isso é o mais sagrado na vida e se você arruinou a sua vida, transforme-a! Transforme-a hoje, não amanhã. Se não está seguro, descubra o porquê e esteja seguro. Se sua forma de pensar não é correta, pense logicamente, logicamente. A menos que tudo esteja preparado, tudo isto esteja resolvido, você não pode entrar neste mundo, no mundo da criação. Terminei. Esta é a última palestra. Você quer se sentar tranquilamente por um momento? Muito bem, senhores, sentem-se em silêncio por um tempo...

Podemos nos levantar e irmos embora?  

Krishnamurti, terceira palestra em Madras (Chennai),
04 de janeiro de 1986
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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A meditação é o caminho da cura psíquica

Quando você está com raiva de alguém e você joga sua raiva em uma pessoa, você está criando uma reação em cadeia. Agora ela também ficará com raiva. Isso pode continuar a vida toda e você continuará a ser inimigo dela. Como você pode acabar com isto? Há apenas uma possibilidade. Você pode acabar com isto somente através da meditação, porque na meditação você não está com raiva de alguém: você está furioso simplesmente.

Esta diferença é fundamental. Você não está com raiva de alguém, você é raiva simplesmente e, na meditação, a raiva é liberada para o cosmos. Você não está com raiva de ninguém. Se a raiva vem, você é raiva simplesmente e então, através da meditação, a raiva é jogada fora. Na meditação, as emoções não são abordadas. Elas não tem solução. Elas se mudam para o cosmos, e o cosmos purifica tudo.

É como um rio sujo que cai no oceano: o mar vai purificá-lo. Sempre que a sua raiva, seu ódio, sua sexualidade se muda para o cosmos, para o oceano – ele purifica. Se um rio sujo cai em outro rio, o outro rio também fica sujo. Quando você está com raiva de alguém, você está jogando sua sujeira para o outro. Então ele também vai lançar sua sujeira para você e isso se tornará um processo de sujar mútuo.

Na meditação você está jogando para ser purificado pelo cosmos. Toda a energia que você joga é purificada no cosmos. O cosmos é tão vasto e tão grande que você não pode torná-lo sujo. Na meditação, não estamos relacionados com pessoas. Na meditação, estamos relacionados diretamente com o cosmos.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Por que você não consegue ser um não-fazedor?

A mente é uma fazedora. Observe sua própria mente e você compreenderá. O que estou dizendo não é uma declaração filosófica, é simplesmente um fato. Não estou propondo nenhuma teoria para você acreditar ou desacreditar, mas alguma coisa que você pode observar em seu próprio ser. E você verá isto, sempre que estiver só, você imediatamente começa a procurar: alguma coisa tem que ser feita, você tem que ir a algum lugar, você tem que ver alguém. Você não consegue estar só. Você não consegue ser um não-fazedor.

Fazer é o processo pelo qual a mente é criada; ela é um fazer condensado. Conseqüentemente, meditação significa um estado de não-fazer. Se você puder sentar silenciosamente, nada fazendo, de repente você estará de volta para casa. De repente você verá a sua face original, a fonte. E esta fonte é satchitanand: verdade, consciência e felicidade, chame isto Deus, ou nirvana, ou o que você quiser.

Do ser ao fazer, e do fazer ao ter, é como a consciência de Adão chega ao mundo. Mover-se de volta, do ter ao fazer, e do fazer ao ser, é o que significa consciência de Cristo. Mas os Sufis têm uma mensagem tremendamente significante para o mundo. Eles dizem que o homem perfeito é aquele que é capaz de se mover do ser ao fazer, ao ter, ao fazer e ao ser, e assim por diante. Quando o círculo está perfeito, então o homem é perfeito.

A pessoa deve ser capaz de fazer. Não estou dizendo que você deve tornar-se incapaz de fazer; isso não tem valor algum, isso simplesmente é impotência. Você deve ser capaz de fazer, mas não deve ficar absorvido nisto. Você não deve ficar envolvido no fazer, não deve ficar possuído por isto; você deve permanecer o senhor da situação.

E não estou dizendo que tudo o que você tem terá que ser abandonado, não estou lhe dizendo para renunciar a tudo o que você possui. Use, mas não seja usado pelo que possui, isso é tudo. Assim nasce o homem perfeito."

( Osho )

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O que é meditação e por que se deveria meditar?

Há muitas pessoas aqui e espero que alguns de vocês entendam o que está sendo dito. Você sabe que estivemos discutindo juntos durante a última semana, nossos problemas humanos; não só discutimos juntos como dois amigos, mas o que cada um de nós descobriu por si mesmo, em nossa conversa e em nossa exploração e investigação. Deve ter ficado bastante óbvio para a maioria de nós, se somos realmente sérios e não tratamos estes encontros como um tipo de festival — um pouco mais sério que o festival pop ou outros tipos de festivais. 

Esta manhã, será bom falarmos juntos, como falamos sobre o medo, prazer, sofrimento, dor e morte, acho que deveríamos falar esta manhã do problema muito complexo e sutil do que é meditação. É um assunto bastante sério e talvez alguns de vocês irão gentilmente dar suficiente atenção ao que vai ser dito, se se importam. 

Esta palavra está agora se tornando tão comum, até os governos estão começando a usá-la; mesmo as pessoas que querem dinheiro estão tentando meditar mais para ganhar mais dinheiro; elas estão tentando meditar a fim de ficarem calmas e assim conseguirem fazer melhores negócios; e os médicos estão praticando meditação, porque vai ajudá-los a operar adequadamente e assim por diante. E existem diferentes tipos de meditações: zen, tibetana e aquelas que você mesmo inventa; e com tudo isto em mente, o tipo de meditação indiana, a tibetana, a zen, a meditação do Grupo de Encontro e a aspiração de ter uma mente silenciosa, calma, imóvel. Tendo tudo isto em mente, vamos descobrir, se pudermos esta manhã, por que se deveria meditar e qual é o significado da meditação. 

Esta palavra recentemente popularizou-se a partir da Índia; e as pessoas vão à Índia e ao Japão e à outros lugares a fim de aprender a meditar, a fim de praticar meditação, a fim de obter algum tipo de resultado através da meditação: iluminação, melhor compreensão de si mesmo, ter paz na mente — o que quer que isso signifique —, e geralmente elas têm um pouco de paz, mas não uma mente pacífica. E os gurus inventaram seus próprios tipos de meditação e assim por diante. Certo? Estou certo de que vocês estão cientes de tudo isto. E naturalmente há a moda passageira chamada meditação transcendental. É realmente uma forma de "siesta" pela manhã, "siesta" depois do almoço, "siesta" depois ou antes do jantar, de modo que sua mente, por assim dizer, se torne quieta e você pode fazer mais bagunça depois. 

Então, considere tudo isto, os vários tipos e práticas e sistemas e questione-os. É bom ter dúvida, é bom ser cético até certo ponto. É como um cachorro na coleira, você deve deixar o cachorro sair às vezes, correr livremente; assim, dúvida, ceticismo deve ser mantida na coleira o tempo todo, mas às vezes deve-se permitir que corra livre. E a maioria de nós aceita a autoridade daqueles que dizem "Sabemos como meditar, contaremos tudo à você". 

Então, por favor, estamos juntos examinando o problema todo ou toda a questão do que é meditação, não como meditar, porque então, se você pergunta "como eu vou meditar?", então encontrará um sistema para meditar; o "como" implica um método. Mas, ao contrário, se você está investigando a questão do que é meditação e por que se deveria meditar, então, nunca perguntaremos como meditar. O próprio questionar, o próprio perguntar é o começo da investigação, que é o começo da meditação. 

Como dissemos, este é um problema muito complexo e temos que seguir com muita calma e hesitantemente, mas sutilmente nesta questão. Como dissemos durante a última semana, estamos investigando, estamos examinando de modo que você não esteja ouvindo ao orador, você esteja fazendo a pergunta a você mesmo e descobrindo a resposta certa, sem aceitar qualquer tipo de autoridade, especialmente a autoridade do orador sentado nesta infeliz plataforma; isso não dá a ele qualquer tipo de autoridade, porque ele está sentado sobre uma plataforma e fala. Não existe autoridade nos chamados assuntos espirituais, se posso usar essa palavra "espiritual" no assunto do espírito, no assunto de investigar em alguma coisa que requer muito e muito, muito cuidadoso exame. Então, estamos fazendo isto juntos, não meditando juntos, mas investigando o que é meditação e daí descobrir por si mesmo, conforme vamos adiante, todo o movimento da meditação. Isto está certo?

primeiro acho que a pessoa deve ter o cuidado ao observar que a meditação não é uma coisa que você faz. Meditação é uma coisa inteiramente, um movimento na totalidade da questão de nosso viver. Esta é a primeira coisa: como vivemos, como nos comportamos, se temos medos, angústias, sofrimentos, ou se estamos eternamente no encalço do prazer, se construímos imagens de nós mesmos e dos outros. Isso é parte de nossa vida e na compreensão dessa vida e de todos aqueles vários assuntos envolvidos na vida, e estando livres deles, de fato estando livres, então podemos prosseguir na investigação do que é meditação. É por isso que, nos últimos dez dias ou na última semana, dissemos que precisamos pôr em ordem nossa casa, nossa casa como nós mesmos — completa ordem. Então, quando essa ordem for estabelecida, não de acordo com um padrão, mas quando há compreensão, compreensão completa do que é ordem, o que é confusão, por que estamos em contradição em nós mesmos, por que existe constante luta entre os opostos e assim por diante, o que estivemos conversando nos últimos dez dias ou na última semana. Tendo posto isso em ordem, nossa vida em ordem, e o próprio colocar as coisas em seu lugar apropriado é o começo da meditação. Certo? Se não fizermos isso, de fato, não teoricamente, mas na vida diária, em cada momento de nossa vida, então, se você não fez isso, então a meditação se torna meramente outra forma de ilusão, outra forma de prece, outra forma de querer alguma coisa — dinheiro, posição, geladeira e assim por diante. Assim, estamos perguntando agora: qual é o movimento da meditação?

(...)
Jiddu Krishnamurti em Brockwood Park, 1978

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Meditação é trabalho árduo: exige a mais alta forma de disciplina

Uma mente meditativa é silenciosa. Não o silêncio que o pensamento pode conceber; não o silêncio de um anoitecer tranqüilo; mas o silêncio em que o pensamento — com todas as suas imagens, palavras e percepções - cessou completamente. Essa mente meditativa é a mente religiosa - de uma religião que não afetada pela igreja, templos ou cânticos.

A mente religiosa é a explosão do amor, amor esse que não conhece separação. Para ele, longe é perto. Não o um e o múltiplo; mas, ao invés disso, aquele estado de amor em que toda divisão cessou. Como a beleza, não pode ser medido por palavras. É só a partir desse silêncio que a mente meditativa age.

* * *

A meditação é uma das maiores artes da vida — talvez a maior — e, possivelmente, não podemos aprendê-la de ninguém. Essa é a sua beleza. Não tem técnica e, portanto, não tem autoridade. Quando você aprende a seu próprio respeito, observando-se, observando como anda, como come, o que diz, a intriga, o ódio, o ciúme — se está atento a tudo isso em você, sem qualquer escolha — então, isto é parte da meditação. Portanto, a meditação pode ter lugar quando se está sentado num ônibus, caminhando num Bosque repleto de luz e sombra, ouvindo o canto dos pássaros ou contemplando o rosto de sua mulher ou de seu filho.

* * *

É curioso quão importante a meditação se torna; não tem princípio nem fim. É como uma gota de chuva: naquela gota estão contidos todos os riachos, grandes rios, mares e quedas d'água; aquela gota nutre a terra e o homem; sem ela, a terra seria um deserto. Sem a meditação, o coração se torna um deserto, uma terra devastada.

* * *

Meditação é descobrir se o cérebro, com todas as suas atividades e experiências, pode ficar absolutamente quieto. Não forçado, pois, no momento em que você o força, há dualidade. A entidade que diz, "Gostaria de experiências maravilhosas; por isso, preciso forçar o meu cérebro a se aquietar", jamais o fará. Mas, se você começa a investigar, observar e prestar atenção a todos os movimentos do pensamento, seus condicionamentos, desígnios, medos e prazeres, a observar como o cérebro funciona, então verá que o cérebro se torna extraordinariamente quieto; essa quietude não é sono, mas tremenda atividade que é, por si mesma, tranquila. Um grande dínamo, que funciona perfeitamente, dificilmente faz barulho; só quando há atrito, há ruído.

* * *

Silêncio e amplidão andam juntos. Imensidão do silêncio é imensidão da mente em que já não existe um centro.

* * *

Meditação é trabalho árduo. Exige a mais alta forma de disciplina — que não é conformação, imitação ou obediência — mas disciplina que vem da constante atenção, não só para as coisas externas à sua volta, mas também as internas. Portanto, a meditação não é uma atividade de isolamento, mas ação na vida diária que exige cooperação, sensibilidade e inteligência. Sem lançar as bases de uma vida correta, a meditação se torna uma fuga e, portanto, sem valor. Uma vida correta não é seguir a moralidade social, mas libertar-se da inveja, da cobiça e da busca de poder — todas gerando inimizade. A libertação dessas coisas não vem pelo exercício da vontade, mas tomando consciência delas pelo autoconhecimento. Sem o conhecimento das atividades do eu, a meditação se torna estimulação dos sentidos e, portanto, de muito pouco significado.

* * *

Estar procurando experiências mais amplas, profundas e transcendentais é uma forma de fuga da verdadeira realidade, "o que é" e que é nós mesmos, a nossa mente condicionada. Por que uma mente atenta, inteligente e livre deveria ter qualquer "experiência"? Luz é luz; não procura mais luz.

* * *

A meditação é uma das coisas mais extraordinárias e, se não souber de que se trata, você será como um cego num mundo de cores brilhantes, sombras e luzes cambiantes. Não é uma questão intelectual, pois quando o coração penetra a mente, esta passa a ter uma qualidade diferente; ela é, então, realmente ilimitada, não só em sua capacidade de pensar e agir com eficiência, mas também no sentido de viver num amplo espaço em que você faz parte de tudo. Meditação é o movimento do amor. Não o amor do um ou do múltiplo. É como água que qualquer um pode beber de um cântaro; seja o cântaro de ouro ou de barro, a água é inexaurível. E coisa peculiar acontece que nem a droga nem a auto-hipnose podem produzir: é como se a mente entrasse dentro de si mesma, começando na superfície e penetrando cada vez mais fundo, até que profundidade e altura tenham perdido o seu significado e toda forma de medida tenha cessado. Nesse estado há completa paz — não satisfação que vem da gratificação — mas uma paz que tem ordem, beleza e intensidade. Toda ela pode ser destruída, como uma flor pode ser destruída; e, contudo, por causa de sua própria vulnerabilidade, torna-se indestrutível. Essa meditação não se aprende com outrem. Deve-se começar sem nada saber a seu respeito e prosseguir com simplicidade. O solo em que a mente meditativa pode surgir é a vida diária, a disputa, a dor e a alegria fugaz. Deve surgir lá, trazendo ordem e daí prosseguir sem parar. Mas se você está preocupado só em produzir ordem, então essa mesma ordem produzirá sua própria limitação e a mente tornar-se-á sua prisioneira. Em todo esse movimento, você deve começar de algum modo pelo outro extremo, da outra margem, e não ficar preocupado com essa margem ou em como cruzar o rio. Caia n'água sem saber nadar. A beleza da meditação está em você não saber onde se encontra, para onde se dirige e qual é o fim.

* * *

Meditação não é algo diferente da vida diária, não é recolher-se a um canto e meditar por dez minutos e depois encerrá-la e tornar-se um carniceiro — metafórica ou realmente. Meditação é uma das coisas mais sérias. Pode ser praticada durante todo o dia, no escritório, com a família, quando se diz a alguém, "Eu te amo", ou quando se está pensando nos filhos. Mas eis que eles são educados por você para serem soldados, para matar, para serem patriotas, para adorar a bandeira, educando-os para cair nas armadilhas do mundo moderno.

Observar e perceber sua participação em tudo isso, faz parte da meditação. E quando assim meditar, você descobrirá uma beleza extraordinária; agirá corretamente a cada momento; e se não agir corretamente num dado momento, não faz mal: você retomará o reto agir, sem perder tempo com arrependimentos.

Meditação é parte da vida, não algo diferente dela.

* * *

Se você se lança à meditação, não haverá meditação. Se você se dispõe a ser bom, a bondade jamais florescerá. Se você cultivar a humildade, ela deixará de existir. Meditação é a brisa que entra quando a janela está aberta; mas se você a mantiver aberta, convidando-a deliberadamente a entrar, ela jamais aparecerá.

Krishnamurti em, Meditação

domingo, 21 de dezembro de 2014

O Que é Meditação?


Editada de 1998 a 2003 pela Editora Três, a Planeta Meditação era uma revista mensal de cem páginas que tratava de temas eternos e atuais ligados à espiritualidade humana, em que a jornalista Mirna Grzich entrevistou grandes representantes dos caminhos espirituais, escritores, músicos e pesquisadores.

sábado, 20 de dezembro de 2014

A arte de meditar: soltar o macaco louco da mente


sábado, 13 de dezembro de 2014

A meditação não é para a iluminação: é para pessoas confusas

Se você está confuso, então deverá continuar com as meditações. A confusão é a doença e a meditação é o remédio. Ambas palavras, meditação e medicina, vêm da mesma raiz. Se você está confuso deve continuar a meditar. Quando você perceber o principal sem nenhuma confusão, então não haverá necessidade. Mas a meditação o preparará, o forçará a perceber que não há necessidade de fazer coisa alguma, e somente a meditação pode fazer isso. 

Apenas me escute... Eu lhe disse que ser natural é ser iluminado. Agora você pensa: "Isso é fantástico! Posso me sentar em silêncio e não fazer nada."Mas você pode realmente se sentar em silêncio e não fazer nada? Se você realmente pudesse se sentar em silêncio e não fazer nada, então essa questão não surgiria. Você teria sentado e sabido e teria se curvado diante de mim e me agradecido. Não haveria questão alguma; você teria vindo a mim dançando, não com uma questão e com uma mente confusa. 

Se você puder se sentar em silêncio sem nada fazer, o que mais é necessário? É isso o que Buda estava fazendo sob a Árvore Bodhi — sentado em silêncio, sem nada fazer... e então aconteceu. É como aconteceu comigo! É assim que sempre acontece!

Entretanto não fazer não é tão fácil. Devido a você ter ficado tão acostumado a fazer uma coisa ou outra, mesmo sentar-se será um fazer para você. Você terá de se forçar numa postura de ioga e se sentará com tensão, quieto, sob controle, se segurando, tentando sentar em silêncio e não fazer nada... e fervendo por dentro para fazer mil e uma coisas, e milhares de pensamentos bradarão à volta e o distrairão. 

Você pode simplesmente se sentar e não fazer coisa alguma? Isso é o supremo; nirvana é isso, samadhi é isso. 

Pode acontecer; também pode acontecer apenas ao me escutar, mas então grande inteligência é necessária. Então você percebeu o principal, que ser natural é tudo. Onde está a confusão? Você percebeu ou não. Se você percebeu, toda a confusão desapareceu... e você se sentará, andará, comerá e falará silenciosamente. Você se tornará um não-agente, se tornará um ser natural. 

Contudo, se você não percebeu, então precisará de mais algumas coisas malucas; você precisará passar por elas. Essas meditações o forçarão a perceber o principal. Ou você percebe apenas ao escutar e se sentar ao meu lado, ou você terá de perceber o caminho difícil. 

(...) Assim, se você se sente confuso, então continue meditando. A meditação não é para a iluminação; ela é para pessoas confusas. A meditação não o leva à iluminação; ela simplesmente o deixa farto de sua confusão. Perceba o essencial: meditação não é um caminho para a iluminação, mas apenas um caminho para se livrar da confusão. E quando não houver confusão a iluminação vem espontaneamente. 

O trabalho da meditação é negativo. Ela tira coisas de você e não lhe dá coisa alguma; ela simplesmente fica tirando coisas de você. A raiva, a cobiça e o desejo desaparecem e você começa a perder tudo o que tinha. Você fica a cada dia mais pobre. 

É isso o que Jesus quer dizer quando fala: "Bem-aventurados são os pobres de espírito". 

A raiva, a cobiça e a ambição não estão presentes. Lentamente, pedaços de seu ser são cortados de você. E de repente, num dia, nada está presente — ou somente nada está presente. Nesse exato momento, a luz penetra. Todas aquelas coisas — cobiça, raiva, paixão, ânsia, ódio, ambição, ego — estavam atrapalhando o caminho, não permitindo que a luz penetrasse em você. Elas estavam funcionando como uma rocha entre você e Deus. Tudo isso foi removido... de repente, Deus entra em você e você entra em Deus.

Se você me compreende, não há necessidade de nenhuma meditação. Porém, se não me compreende... para me compreender a meditação será necessária. Então prossiga fazendo-a. 

(...) Meditações são catárticas. Elas jogam fora todo o lixo contido dentro de você. Elas simplesmente o limpam, abrem as portas, os olhos — o sol está presente. Uma vez que você esteja disponível, ele começa a penetrá-lo. 

Então você nunca dirá: "Tornei-me natural." Você dirá: "Eu era natural. O problema não era como me tornar natural, mas como não continuar a me tornar não-natural."

O S H O

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

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Você consegue permitir que a sua mente fique em silêncio?

Você consegue permitir que a sua mente fique em silêncio?

Para alguns isso pode ser extremamente difícil, porque a mente parece ser como um macaco louco, pulando de um lado pro outro e gritando o tempo inteiro... Mas isso é porque você aprendeu a achar que não pode para-la.

Uma enorme quantidade de pessoas dedicam suas vidas à manter suas mentes ocupadas, e se sentem extremamente desconfortáveis com o silêncio, quando se estão sozinhas, ninguém dizendo nada, não tendo nada pra fazer... Isso é resultado da falta de presença no momento, resultado de uma preocupação produzida pela mente: "Eu fui deixado sozinho comigo mesmo, e eu quero fugir de mim mesmo", é por isso que algumas pessoas passam horas na frente da TV, ou adoram ir ao cinema ver filmes, ou ler livros de estórias, é por isso que vamos em festas atrás de companhias, vamos beber, ou qualquer coisa que fazemos em busca de distrações, é porque não queremos estar conosco, por algum motivo nos sentimos estranhos.

Mas porque você quer fugir de si mesmo? O que tem de tão ruim sobre si mesmo?

Isso é porque nossa cultura nos condiciona a sermos viciados em pensamentos, é como uma droga, mesmo que você não veja dessa maneira. Pensamentos compulsivos, um atrás do outro, se tornam um habito inconsciente, e com isso há a dificuldade em para-los, ou sequer percebê-los.

E como mudamos isso? Bom, não existe manual, mas o que eu posso sugerir com ênfase é: NÃO TENTE! Porque se você tentar irá ser como uma pessoa que tenta acalmar um lago agitado batendo na água com uma barra de ferro, e tudo que isso fará é agita-lo mais. Então, da mesma maneira como um lago agitado se acalma quando deixado sozinho, sem influencia do vento ou de pessoas na água, você precisa aprender a deixar sua mente sozinha, ela irá se acalmará por si só, pois este é seu estado natural, vazio. Ela só está em movimento porque você usa sua energia psíquica pra movimenta-la, consciente ou inconscientemente.

Não tente impor sua vontade, apenas observe, absorva e tenha paciência.

"A verdadeira meditação é abandonar a tentativa de manipular a experiência."

Adyashanti

sábado, 8 de novembro de 2014

Sobre o medo no início do paradigma holotrópico

Quando alguém penetra profundamente na meditação, o medo o agarra. Algumas vezes alguém encontra a morte, sente que vai morrer. Então a pessoa recua, volta imediatamente à superfície. Isso pode acontecer. Antes que você renasça, você terá que passar pela morte. Mas não tenha medo. Se chegar um momento em sua meditação em que você sinta que é o seu último momento, e que você não será capaz de voltar ao mundo, ao corpo novamente, sinta gratidão, uma profunda gratidão, e dê boas vindas a esse momento. É uma ocasião muito rara que surge quando sua meditação foi bem fundo. É bom sinal; dê-lhe boas vindas. Não tenha medo porque, se tiver, poderá perdê-la; e, uma vez perdida, pode passar muito tempo até surgir de novo uma ocasião como essa... Quando o medo se apodera de você, você se torna profundamente, inconscientemente medroso, e nunca mais voltará ao ponto em que a morte pode ser encontrada de novo.

Lembre-se disso. Muita gente perdeu vários momentos raros. Saiba que a morte estará lá. Não a sua morte, mas a morte do ego. Mas porque você está identificado com o ego, você sente que "Eu vou morrer". Você não vai morrer! Você é imortal. Você é eterno. Não há possibilidade; a morte é a única impossibilidade. Você não pode morrer; portanto, não tenha medo.

Se você sentir medo, pode lembrar de mim; e mesmo nesse momento de morte, eu estarei lá. Você pode ter certeza de que estarei lá e de que você não vai morrer; alguém estará lá para ajudá-lo.

(...) A meditação é caótica porque a catarse é necessária. Será difícil para você; você se sentirá sem jeito, embaraçado. De volta à família e à sua vizinhança, você pode sentir: "Como poderei fazer isso? Como poderei gritar e ficar louco? O que irão pensar de mim?"

Não se importe muito com o que os outros pensam. Se você se importar muito com as outras pessoas e com o que elas irão pensar, nunca poderá transformar a si mesmo. Então você será apenas um escravo das opiniões alheias. Eles podem permitir apenas que você seja como eles, nunca diferentes deles.

Se você quiser transformar a si mesmo, lembre-se, você estará indo além da multidão, além da sociedade. Não há outra maneira. Se você estiver interessado em transformar a si mesmo, estará indo além mente da multidão, além da mente coletiva. Mas isso é um problema apenas no começo.

(...) Não fique muito preocupado com os outros. Você pode se tornar um indivíduo apenas se você for além da opinião alheia, se você seguir o seu próprio caminho, sem ficar aborrecido com que os outros pensam. Só assim você se tornará um indivíduo.

A palavra "indivíduo" é bela. Significa "indivisível". Se você seguir a multidão, será sempre fragmentado, dividido. Você não pode se tornar uma unidade porque a multidão é muito grande.

Osho em, A Nova Alquimia

terça-feira, 4 de novembro de 2014

O por que da necessidade de uma base emocional

As portas do seu hospício precisam ser abertas!
Você pode entrar em meditação apenas ficando sentado, mas, então você tem de ficar apenas sentado. Não faça nada mais. Se você pode ficar sentado, isso se torna meditação. Fica completamente naquele ato de estar sentado; o não-movimento deve ser teu único movimento. Na verdade, a palavra "Zen" vem da palavra "Zazen", que quer dizer "apenas sentado... sem nada fazer." Se você pode ficar apenas sentado — nada fazendo com o seu corpo, nada fazendo com a sua mente — isso se torna meditação. Mas é difícil.

(...) Cada fibra do seu corpo começa a se mover por dentro; cada veia, cada músculo começa a se mover. Você começará a sentir um tremor sutil, ficará consciente de muitos pontos do seu corpo, dos quais nunca esteve consciente antes. E quanto mais você tenta ficar apenas sentado, mais movimentos interiores sentirá

(...) Se você começa por se sentar, sentirá muita perturbação interior. Quando mais você tenta se sentar, mais perturbações sentirá. Ficará consciente apenas de sua mente insana, e nada mais. Isso cria depressão, você se sentirá frustrado, não se sentirá feliz. Ao contrário, começará a sentir que está insano. E, ás vezes, poderá, mesmo, ficar insano!

Se fizer um esforço sincero para "ficar apenas sentado", você pode, realmente, tornar-se insano. Só porque as pessoas não tentam, na verdade, sinceramente, é que não se tornam insanas com maior frequência. Com a postura sentada você começará a ter conhecimento de quanta loucura há dentro de si, e, se for sincero e continuar, pode, realmente, tornar-se insano. Isso já aconteceu, e muitas vezes. Portanto, não sugiro nada, nunca, que possa criar frustração, depressão, tristeza... nada que permita você se tornar ciente de sua insanidade. Você pode não estar preparado para ter conhecimento de toda a insanidade que existe dentro de si. Só deve lhe ser permitido chegar ao conhecimento de certas coisas paulatinamente. O conhecimento nem sempre é bom. Ele deve se desdobrar lentamente, na medida em que cresce sua capacidade de absorvê-lo.

(...)Você acumulou cólera, sexo, violência, ganância — tudo! Agora, esse acúmulo é insanidade dentro de você. Ali está, dentro de você. Se começar com qualquer meditação supressiva (como estar apenas sentado, por exemplo), estará suprimindo tudo isso, não estará permitindo sua liberação. Por isso eu começo com uma catarse. Primeiro, deixa que as supressões sejam atiradas ao ar. E quando você puder atirar sua cólera ao ar, você amadureceu.

(...)Você pode sentar-se e forçar um ritmo particular, sobre seu corpo, pode criar uma ilusória postura búdica, mas estará apenas morto! Ficará estagnado, estúpido. Isso aconteceu com tantos monges, com tantos sadhus. Ficaram estúpidos! Seus olhos não tinham a luz da inteligência, seus rostos tornaram-se idiotizados, sem luz interior, sem flama interior. Porque eles têm tanto medo do movimento interior, suprimiram tudo — inclusive a inteligência. Inteligência é movimento, um dos movimentos mais sutis, da forma que se todo movimento interior for suprimido, a inteligência será afetada.

Conhecimento não é coisa estática. Conhecimento também é movimento: um fluxo dinâmico. Assim, se você começar pelo exterior, se você se forçar a ficar sentado como uma estátua, estará matando muita coisa. Primeiro preocupe-se com a catarse (com a limpeza da sua mente, com o atirar tudo fora) de forma que você fique vazio e livre — deixando apenas uma passagem para que entre algo vindo do além. Então, o estar sentado torna-se de auxílio, o silêncio torna-se de auxílio, mas não antes.

Para mim, o silêncio, em si mesmo, não é algo que valha a pena. Você pode criar um silêncio que seja um silêncio morto. O silêncio dever ser vivo, dinâmico. Se você "criar" silêncio, ficará mais estúpido, mais estagnado, mais morto. Mas isso é, de certa forma, mais fácil, e muitas pessoas estão agora fazendo isso. Toda a cultura é tão supressiva que é mais fácil suprimir-se a si mesmo ainda mais. Então você não tem que arriscar coisa alguma, não tem que dar um salto...

As portas do seu hospício precisam ser abertas! Não tema o que os outros possam dizer. Uma pessoa, que está preocupada com o que os outros pensam, jamais pode recolher-se ao interior. Estará ocupada com a preocupação quanto ao que os outros estarão dizendo, quanto ao que estarão pensando.

Se apenas você se sentar silenciosamente, fechando os olhos, tudo estará bem. Sua esposa — ou seu marido — dirão que você se tornou uma pessoa muito boa. Todos desejam que você esteja morto. Mesmo as mães desejam que seus filhos estejam mortos: obedientes, silenciosos. Toda a sociedade deseja que você esteja morto. Os chamados homens bons não passam, realmente, de homens mortos; portanto, não se preocupe com o que os outros pensam, não se preocupe com a imagem que os outros possam ter de você.

Começa com a catarse e então algo bom poderá florescer dentro de você. E isso terá uma qualidade diferente, uma beleza diferente, completamente diferente. SERÁ AUTÊNTICA.

Quando o silêncio vem a você, quando desce sobre você, NÃO É UMA COISA FALSA. Você não o esteve cultivando. Ele vem a você, acontece-lhe. Você começa a sentir que ele cresce dentro de você, tal como a mãe sente o crescimento do filho.

Um profundo silêncio está crescendo dentro de você; você se torna grávido dele. Só então existe transformação; de outra maneira, não passará de auto-decepção. E uma pessoa pode iludir a si própria durante vidas e vidas. A capacidade de fazer tal coisa é infinita.

Osho em, Meditação: a arte do êxtase
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill