O eu-consciência cria a dualidade
e, assim, vocês têm a consciência individual e cósmica, sendo ambas concepções
falsas, que surgem dentro da limitação da individualidade. Daí manifesta-se uma
constante luta entre as duas partes do mesmo centro.
A parte pessoal pergunta à parte
universal por que ela cria desgraça, injustiça e sofrimento?
Daí provém uma especulação
infindável quanto ao de onde, como e para onde, que jamais pode ser respondida
por partir de um falso raciocínio. Somente quando o centro se dissolve, há paz
e a beatitude do entendimento. A ignorância existe enquanto há individualidade
e da ignorância nasce o caos. Libertem-se do eu-consciência e saberão.
(...)
Como poderá a mente
desembaraçar-se dos seus temores, das reações ignorantes, dos seus múltiplos
enganos? Todas as influências que forçam a mente a libertar-se dessas
limitações só irão criar outras evasões e ilusões.
Quando a mente confia nas
circunstâncias exteriores para produzir essas mudanças fundamentais, não está
atuando como um todo, está se dividindo, separando-se em passado e presente, em
exterior e interior. Quando existe semelhante divisão, a mente e o coração
criam necessariamente para si outras ilusões e tristezas. Por favor,
esforcem-se para compreender tudo isto cuidadosamente.
Krishnamurti — O medo — 1946 —
ICK