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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Observações sobre o conhecimento e a experiência


Pergunta: No processo do pensar, temos de "retirar" de nosso depósito de conhecimento e experiência. Não estais fazendo a mesma coisa? Por que então condenais o conhecimento e a experiência?

Krishnamurti: Eis, senhores, uma pergunta muito interessante, porque, se a examinarmos com muito cuidado, ela será grandemente reveladora.

As palavras são necessárias para as comunicações. Se eu falasse chinês, por exemplo, não poderíeis compreender-me. Portanto, as palavras que têm um significado comum para vós e para mim constituem um meio de comunicação. Estas palavras estão armazenadas na mente, na memória. Isso é um fato.

Outro fato é que a maioria de nós  tem experiências as mais variadas, guardadas na memória, e desse "fundo" de memória procedem as reações. Se não soubésseis onde morais, é evidente que estaríeis sofrendo algum desarranjo grave. O conhecimento é uma série de experiências, não só individuais mas também coletivas. O conhecimento científico, o conhecimento baseado em vossas próprias experiências, as experiências resultantes de vosso condicionamento próprio — tudo isso foi depositado na mente, como memória. Isto constitui o "fundo", não é verdade? E a maioria de nós funciona de acordo com esse fundo. Isto é, se fui educado como hinduísta, se esta é a minha tradição, meu "fundo" (background), e me encontro com um muçulmano, minha reação é imediata: antipatizo com ele, embora possa mostrar-me tolerante, porque sou civilizado. Assim, quando me encontro com uma nova pessoa, eu reajo de acordo com meu condicionamento, e ela reage conforme o seu. Tal é o nosso estado, não?

Ora, o interrogante indaga: "porque condenais o conhecimento e a experiência?" Eu não estou condenando nada. Preciso ter conhecimento, para voltar para casa, para construir uma ponte, ou para comunicar-vos certas coisas. Preciso ter conhecimento, para não me deixar queimar. Se eu me deixasse queimar continuamente, seria um estúpido, um neurótico. O que eu digo é que a experiência baseada no conhecimento, no nosso "fundo", é meramente o prolongamento desse fundo e, por conseguinte, não é experiência nova. Isso, por certo, é simples. Se estou traduzindo todos os desafios nos termos dos meus condicionamentos, não há experiência nova. Só posso reagir ao desafio de maneira nova quando minha mente compreendeu o "fundo" e dele se libertou. Para que a mente possa descobrir qualquer coisa nova, não pode depender do conhecimento, o qual se baseia no condicionamento, na memória, na experiência, etc. E, assim, que aconteceu? O interrogante deseja saber se não estou fazendo a mesma coisa quando falo. Eu dependo de palavras para fazer comunicações, naturalmente. Mas existe algo mais que a pergunta implica, e que é: "Não estais falando com base no conhecimento de alguma experiência passada que tivestes?" Vou explicar o que quero dizer.

Digamos que ontem me senti feliz. Assisti a um belo crepúsculo, com os morros escuros se desenhando contra o Sol poente, com uma árvore solitária cheia de passarinhos; foi uma coisa extraordinariamente bela para contemplar, para sentir. Agora, ao falar-vos desse entardecer, estou vivendo a lembrança dele, ou estou livre dessa lembrança e apenas descrevendo a experiência, sem seu conteúdo emocional? Entendeis o que estou dizendo? Não?

Senhores, isto é muito interessante e vós descobrireis alguma coisa se observardes vossa mente e não vos limitardes a ouvir as minhas palavras. Vossa vida baseia-se nas pretéritas experiências e tais experiências moldam vosso presente pensar. Ora, é possível ficarmos num estado de experiência e não num estado de "ter tido uma experiência?" Percebeis a diferença? São dois estados inteiramente diversos: o estado de experimentar e o estado de "ter tido a experiência". O experimentar é um processo vivo, enquanto o outro não é, pois é lembrança de uma experiência acabada. De qual desses estados eu falo? É o que deseja saber o interrogante. Eu estou pensando para vós, não é verdade?

Ora, que acontece realmente com a maioria de nós? Não vos preocupeis comigo, por ora. Qual é o fato que se passa convosco? Vós estais pensando e vosso pensamento está baseado na experiência passada, que é o que chamamos conhecimento. Vossa mente, pois, está vivendo no passado; está vivendo na experiência que tivestes, ou da experiência que esperais ter, baseado em vosso condicionamento, em vosso conhecimento. Estais alguma vez cônscio do outro estado, o "estado de experimentar"? Ou só vos achais cônscios da experiência depois de terminada? Estais seguindo?

Vede, senhores, se sois felizes, tendes consciência dessa felicidade? Quando algo vos deleita, estais cônscios de "estar deleitado"? No momento em que sabeis que sois feliz, foi-se a felicidade. Ao estardes cônscios de ser virtuoso, acabou-se a virtude, é óbvio. Por conseguinte, o cultivo da virtude é uma atividade egocêntrica e não é virtude nenhuma.

O interrogante deseja saber se eu falo baseado numa experiência passada de que me lembro e que vos comunico por meio de palavras, ou se o experimentar e o comunicar ocorrem simultaneamente. Está claro?

Expressando-me diferentemente, a palavra "amor" pode ser comunicada. Vós e eu conhecemos esta palavra. Agora, se alguma vez provastes o amor, podeis falar dessa experiência (baseado) no passado; mas se estais "vivendo", se estais "experimentando" o amor, vós podeis comunicar isso, e esse é um estado inteiramente diferente do outro, que consiste em experimentar e depois comunicar. Se compreendeis isso, se realmente percebeis a falsidade de um estado e a verdade do outro, então vossa mente se encontra num estado de contínuo experimentar, que não consiste em experimentar uma coisa e depois comunica-la. A realidade é uma coisa viva, que não pode ser reconhecida por meio da experiência e depois comunicada por meio de palavras. Se estais sentindo uma coisa intensamente, vivendo-a, a comunicação é significativa, mas nenhum significado tem quando tivestes uma experiência e repetis a experiência de memória.

Senhores, quando repetis a palavra Atman, quando citais o Guita, o Upanishads e outros livros sagrados, a mente é tão-só uma máquina repetidora; mas se a mente percebe a futilidade de tudo isso e é livre — não livre de alguma coisa, porém livre — ela se acha então num incessante estado de experimentar. Compreendeis? Sempre há o estado de experimentar, por conseguinte, a mente permanece fresca, nova, "inocente"; e essa mente pode alcançar o Imensurável.

Krishnamurti — O Homem Livre — Cultrix 
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill