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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Só há libertação quando a mente está livre da escolha

Para mim, existe somente uma verdade, — a libertação do desejo, do eu-consciência; aí não existe distinção de dualidade. Tudo mais não passa de ilusão, infinita em sua variedade, glória e distinção.
(...)
O homem que estiver vivendo com plenitude no presente, é um artista na vida. Uma apreciação sobre arte não significa necessariamente, a compreensão da vida, a qual é completa liberdade do eu-consciência, do cativeiro do desejo.
(...)
A ignorância é o resultado do desejo, do anseio.
(...)
A ignorância não deve ser confundida a mera falta de informação. A ignorância é a falta de compreensão de si próprio.
(...)
O desejo surge da ignorância. Ela não pode existir independentemente; precisa alimentar-se do condicionamento prévio, que é ignorância.

A ignorância consiste e muitas formas de medo, de crença, de desejo e de apego. Estas criam o conflito nas relações mútuas.

Quando estivermos integralmente percebidos do processo da ignorância, voluntária, espontaneamente, há o começo dessa inteligência que experimenta todas as influências condicionantes. Estamos interessados no despertar dessa inteligência, desse amor, o único que pode libertar da luta da mente e o coração. O despertar dessa inteligência, desse amor, não é o resultado de uma moralidade disciplinada, sistematizada, nem um resultado que se possa buscar, mas é um processo de percebimento constante.
(...)
O desejo, o anseio, a tendência sob qualquer das suas formas, têm de criar conflito entre si próprios e aquilo que os provoca ou seja o objeto do desejo; este conflito entre a ânsia e o objeto, pelo qual se anseia, aparece na consciência como individualidade. Portanto, é realmente este atrito que procura perpetuar-se a si mesmo. Aquilo que intensamente desejamos que continue nada mais é do que o atrito, a tensão entre as várias formas do anseio e seus agentes provocadores. Este atrito, esta tensão, é essa consciência que sustenta a individualidade.
(...)
Vocês precisam se tornar conscientes de que são prisioneiros, precisam perceber que estão continuamente procurando escapar da falta de plenitude e de que a busca de vocês pela verdade é apenas uma fuga. O que vocês denominam busca da verdade, de Deus, por meio da próprio disciplina e da consecução, é apenas uma fuga do desejo.

A causa do desejo está na própria busca da aquisição, mas vocês estão sempre fugindo dessa causa. A ação proveniente da disciplina de si mesma, do medo, ou do anseio, é a causa do desejo. Ora, quando vocês se apercebem de que tal ação é em si mesma a causa do desejo, deste estão libertos. No momento em que se tornam apercebidos do veneno, ele cessa de ser um problema para vocês.

É um problema somente enquanto não forem cientes da ação dele na vida de vocês.

A maioria das pessoas, porém, ignoram a causa do desejo e dessa ignorância surge o esforço incessante.

Quando se tornam apercebidas da causa — que é o esforço de conseguir — então, nesse percebimento, há plenitude, plenitude que não requer esforço.

Então, na ação de vocês, não há mais esforço, nem autoanálise, nem disciplina.

Da falta de plenitude surge a busca do conforto, da autoridade, e a tentativa para alcançar este objetiva priva a ação de seu significado intrínseco.  Quando, porém, vocês se tornam integralmente apercebidos, na mente e no coração de vocês, da causa da falta de plenitude, então este desejo cessa. Deste percebimento advém a ação, que é infinita, por ter significado em si mesma.

Por outras palavras, enquanto a mente e o coração estiverem presos no desejo, tem de haver vacuidade. Vocês querem coisas, ideias, pessoas só quando estão conscientes da própria vacuidade e esse querer cria a escolha. Quando houver anseio, tem de haver escolha e esta lhes precipita no conflito das experiências. Vocês tem a capacidade de escolher e assim a si mesmos se limitam pela própria escolha. Só quando a mente está livre da escolha há libertação.

Todo desejo, todo anseio é obscurescente, e a escolha de vocês provém do medo, do desejo de consolo, conforto, recompensa, ou como resultado de astucioso cálculo. Por causa da vacuidade interna de vocês, há o desejo. Desde que a escolha de vocês é sempre baseada na ideia de lucro, não pode haver verdadeiro discernimento, nem verdadeira percepção; há apenas o desejo. Quando escolhem, do modo porque o fazem, a escolha de vocês cria meramente outro conjunto de circunstancias, que resultam em novo conflito e escolha. A escolha de vocês, que provem da limitação, estabelece uma nova série de limitações, e estas criam a consciência que é o "eu".

Vocês chamam de experiência a multiplicação da escolha. Recorrem a estas experiências para que lhes livrem do cativeiro, porém, elas jamais o poderão fazer, porque vocês as julgam como um contínuo movimento de aquisição.

Permitam que ilustre isto com um exemplo que talvez transmita meu pensamento. Suponham que percam, pela morte, um ente querido. Esta morte é um fato. Ora, experimentam imediatamente um sofrimento de perda, uma ansiedade para estar novamente junto dessa pessoa. Querem a volta do seu amigo e, como não o podem ter novamente, a mente cria ou aceita uma ideia para satisfazer esse anseio emocional.

A pessoa a quem amam foi arrebatada. Então, porque sofrem, porque estão conscientes de uma intensa vacuidade, de uma solidão, querem ter novamente seu amigo. Isto é, querem por fim ao sofrimento de vocês, alivia-lo, esquecê-lo; querem amortecer a consciência dessa vacuidade, que se achava oculta, quando estavam na companhia do amigo querido. A ansiedade de vocês nasce do desejo de consolo. Mas, como não podem ter o conforto da presença do amigo, pensam em alguma ideia que possa lhes satisfazer — reencarnação, vida após a morte, unidade de toda a vida. Em tais ideias — não digo que sejam certas ou erradas — em tais ideias, repito, vocês acham consolo. Por não poderem ter a pessoa que amam, vocês se consolam mentalmente com ideias. Isto é, sem discernimento verdadeiro, aceitam qualquer ideia, qualquer principio que, no momento, lhes pareça satisfazer, para aliviar a consciência de vacuidade que causa o sofrimento. Assim, a ação de vocês é baseada na ideia de consolo, na ideia de multiplicação de experiências; a ação de vocês é determinada pela escolha, que tem suas raízes no desejo. Porém, no momento em que, com a mente e coração, com todo o ser de vocês, se tornam apercebidos da futilidade do desejo, então cessa a vacuidade. Agora estão apenas parcialmente conscientes desta vacuidade, por isso procuram obter satisfação no acompanhamento de novelas, se atordoando nas diversões criadas pelo homem em nome da civilização; e a essa busca de sensação vocês chamam de experiência.

Vocês precisam perceber, com o coração também como com a mente, que a causa da vacuidade é o desejo, que redunda em escolha e impede o verdadeiro discernimento. Quando estiverem apercebidos disto, então cessará o desejo.

Quando se sente uma vacuidade, um desejo, aceita-se algo, sem discernimento verdadeiro. E a maioria das ações de que são constituídas as nossas vidas estão baseadas no desejo. Podemos pensar que as nossas escolhas se baseiam na razão, no discernimento; podemos imaginar que pensamos nas possibilidades e calculamos as oportunidades antes de fazer uma escolha. Entretanto, porque há em nós um desejo ardente, um querer, uma ansiedade, não podemos conhecer a verdadeira percepção ou discernimento. Quando entenderem isto, quando se aperceberem com todo o ser de vocês, tanto emocional como mentalmente, quando compreenderem a futilidade do desejo, ele cessa. Então, estarão livres da sensação de vacuidade. Nessa chama de percebimento não há disciplina, não há esforço.

Mas não compreendemos isto plenamente; não nos tornamos apercebidos, porque experimentamos um prazer no desejo, porque esperamos continuadamente que o prazer no desejo suplante a dor. Esforçamo-nos para conseguir o prazer, embora saibamos que ele não está livre da dor.

Se vocês se tornarem inteiramente apercebidos de todo o significado disto, terão forjado um milagre para si mesmos; então experimentarão a libertação do desejo, e, em consequência a libertação da escolha; então já não serão essa consciência limitada, o "eu".

Krishnamurti — O medo — 1946 — ICK
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill