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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Percepções de Nisargadatta Maharaj

Você não é o corpo. Você é a imensidão e o infinito da Consciência.

Há o corpo. Dentro do corpo parece haver um observador, e do lado de fora um mundo sob observação. O observador e sua observação, assim como o mundo observado, aparecem e desaparecem juntos. Além disso tudo, está o vazio. O vazio é um [o mesmo] para todos.

O corpo é feito de alimentos, assim como a mente é feita de pensamentos. Veja-os como são. A não-identificação, quando natural e espontânea, é libertação.

Como corpo, você está no espaço. Como mente, está no tempo. Mas, você é um mero corpo com uma mente dentro? Alguma vez você já investigou [isso]?

Você observa o coração sentindo, a mente pensando e o corpo agindo; o próprio ato da percepção mostra que você não é o que percebe.

Mesmo o experimentador é secundário. Primário é a infinita expansão da Consciência, a eterna possibilidade, o potencial imensurável de tudo que era, é e será.

O homem sábio não considera nada como sendo seu. Quando, em algum tempo e lugar, algum milagre é atribuído a alguma pessoa, ele não estabelece nenhum elo causal entre eventos e pessoas, nem permite que quaisquer conclusões sejam tiradas. Tudo aconteceu como aconteceu porque tinha de acontecer; tudo acontece como acontece, porque o universo é como é.

Observe-se bem de perto, e você verá que qualquer que seja o conteúdo da Consciência, o ato de testemunhá-lo não depende dele [do conteúdo]. A Ciência existe por si mesma e não muda com o evento [observado]. O evento pode ser agradável ou desagradável, desprezível ou importante; a Ciência é a mesma. Observe a natureza peculiar da pura Ciência, sua natural auto-identidade, sem o menor traço de auto-consciência; vá até a sua raiz, e você logo compreenderá que a Ciência é a sua verdadeira natureza, e que nada do que você possa estar Ciente, você pode chamar de seu. Quando o conteúdo é visto sem gostos e não-gostos, a Consciência [do que é visto] é Ciência. Mas ainda há uma diferença entre Ciência, como refletida na Consciência e [a] pura Ciência além da Consciência. A Ciência refletida, o sentimento 'Eu estou Ciente', é a testemunha, enquanto a pura Ciência é a essência da realidade. O reflexo do sol em uma gota d'água é um reflexo do sol, sem dúvida, mas não o sol em si mesmo. Entre a Ciência, refletida na Consciência como testemunha, e a Ciência, há um espaço, o qual a mente não pode cruzar.

A testemunha é aquela que diz 'Eu sei.' A pessoa diz: 'Eu faço.' Agora, dizer 'Eu sei' não é uma inverdade, é apenas limitado. Mas dizer 'Eu faço' é, no geral, falso, porque não há ninguém que faça; tudo acontece por si mesmo, incluindo a ideia de ser alguém que faz. O Universo é cheio de ação, mas não há ator. Há um número incontável de pessoas pequenas, grandes e muito grandes, as quais, através da identificação, imaginam a si mesmas agindo. Mas isso não muda o fato de que o mundo da ação é um todo único, no qual tudo é dependente, e afeta a tudo. As estrelas nos afetam profundamente e nós afetamos a elas. Retroceda da ação para a Consciência. Deixe a ação para o corpo e a mente; é o domínio deles. Permaneça como testemunha pura, até que mesmo o testemunhar dissolva-se no Supremo.

Você não precisa parar de pensar. Apenas deixe de estar interessado. É o desinteresse que liberta. Não se apegue, isso é tudo.

Você já experimentou tantas coisas - todas deram em nada. Apenas o sentimento 'Eu sou'persistiu, imutável. Fique com o imutável entre o mutável, até que você seja capaz de ir além.

Você é [solitário] como pessoa. No seu ser real, você é o todo.

O que contradiz a si mesmo não tem existência. Ou tem uma existência momentânea , o que dá no mesmo. Porque o que tem um começo e um fim, não tem um meio. É vazio. Tem apenas nome e forma dados pela mente, mas não tem substância, nem essência.

Nem ignorância nem ilusão jamais aconteceram a você. Encontre o Self ao qual você atribui ignorância e ilusão, e sua pergunta será respondida. Você fala como se conhecesse o Self, e o vê sob o poder da ignorância e ilusão. Mas, na verdade, você não conhece o Self, e nem está Ciente da ignorância. De todas as maneiras, torne-se Ciente, isto o levará ao Self, e você compreenderá que nele não há nem ignorância e nem ilusão. É como dizer: se há sol, como pode haver escuridão? Assim como embaixo de uma pedra pode haver escuridão, não importa quão forte esteja o sol, assim na sombra da ideia 'eu-sou-o-corpo' deve haver ignorância e ilusão. Não pergunte 'porque' e 'como'. Está na natureza da imaginação criativa identificar-se com suas criações. Você pode parar com isso [com a imaginação criativa] a qualquer momento, desligando a atenção. Ou pela investigação.

Experiência, não importa quão sublime, não é a coisa real. Por sua própria natureza, ela vem e vai. A Auto-realização não é uma aquisição. Está mais para a compreensão. Uma vez que se chega lá, [ela, a compreensão] não pode ser perdida. Por outro lado, a Consciência é mutável, fluindo, subjacente, de momento a momento. Não se fixe na Consciência e nos seus conteúdos. A Consciência [te] segura, [te] pára. Tentar perpetuar um lampejo de insight ou um surto de felicidade destrói o que se quer preservar. O que vem deve ir. O permanente está além de todas as indas e vindas. Vá até a raiz de toda a experiência, ao sentimento de ser. Além do ser e do não-ser jaz a imensidão do real. Tente e tente de novo.

A descoberta da verdade está no discernimento do falso. Você pode conhecer o que não é. O que é - você pode apenas ser. O conhecimento é relativo ao conhecido. De uma certa maneira, é o contrário da ignorância. Onde não há ignorância, onde está a necessidade do conhecimento? Por si mesmas, nem a ignorância nem o conhecimento tem existência própria. Eles são apenas estados da mente a qual é apenas uma aparência de movimento na Consciência.

Como todas as ondas estão no oceano, assim também todas as coisas - físicas e mentais [estão] na Ciência. Por essa razão, a Ciência é o mais importante, não o seu conteúdo.

Análises demais não o levarão a lugar nenhum. Existe dentro de você o núcleo do Ser [existir] o qual está além das análises, além da mente. Você só o pode conhecer em ação. A função legítima da mente é lhe dizer o que você não é. Mas se você quer conhecimento positivo, você deve ir além da mente.

Quando todas as distinções e reações não existem mais, o que sobra é a realidade, simples e sólida.

Minha intenção para acordá-lo é o elo [entre nossos sonhos respectivos]. Meu coração quer que você acorde. Eu vejo você sofrer no seu sonho, e sei que você tem de acordar para acabar com suas tristezas profundas. Quando você vir o seu sonho como um sonho, você acordará. Mas, no seu sonho em si mesmo, não estou interessado. Já é suficiente para mim saber que você tem de acordar. Você não precisa levar o seu sonho a uma conclusão definitiva, nem fazê-lo nobre ou feliz, ou belo; tudo o que você precisa é compreender que está sonhando. Pare de imaginar, pare de acreditar. Veja as contradições, as incongruências, as falsidades e a tristeza do estado humano, a necessidade de ir além. No sonho, você ama a alguns, e a outros não. Ao despertar você descobrirá que [você] é o amor em si mesmo, abarcando tudo. O amor pessoal, não importa quão sublime ou intenso, invariavelmente ata; amor em liberdade é o amor de tudo.

O mal é a sobra da desatenção. Sob a luz da auto-consciência [ele] irá secar e cair.

[O Absoluto] é único, simples, indivisível e imperceptível, exceto nas suas manifestações. Não desconhecível, mas imperceptível, não-objetivável, inseparável. Nem material nem mental, nem objetivo nem subjetivo, é a raiz da matéria e a fonte da Consciência. Além do mero viver e morrer, é a Vida toda-inclusiva, toda-exclusiva, na qual nascimento é morte e morte é nascimento.

Nada o impede de se tornar um sábio aqui e agora, exceto o medo. Você tem medo de ser impessoal, do Ser impessoal. É tudo muito simples. Dê as costas aos seus desejos e medos, dos pensamentos que eles criam, e você estará imediatamente no seu estado natural.

A transitoriedade é a melhor prova da irrealidade.

A liberdade vem pela renúncia. Toda posse prende. Se você não tem a sabedoria e a força para abrir mão, apenas olhe para as suas posses. Apenas o seu olhar irá reduzi-las a cinzas. Se você puder ficar 'fora' da sua mente, logo descobrirá que a renúncia total a suas posses e desejos é a coisa mais obviamente razoável a ser feita. Você cria o mundo e depois se preocupa com ele. Tornar-se egoísta o enfraquece. Se você pensa que tem a força e a coragem para desejar, é porque você é jovem e inexperiente. Invariavelmente, o objeto do desejo destrói os meios de se conquistá-lo, e então enfraquece. Tudo acontece para o melhor, porque lhe ensina a evitar o desejo como [se fosse] veneno. Não há necessidade de qualquer ato de renúncia. Apenas vire sua mente [para o outro lado], isso é tudo. O desejo é apenas a fixação da mente em uma idéia. Saia desse sulco por negar-lhe atenção. Qualquer que seja o desejo ou medo, não se fixe nele. Aqui ou ali você vai esquecê-lo, não importa. Continue suas tentativas, até que a remoção de cada desejo e medo, de cada reação, se torne automática.

As palavras podem levá-lo até seu próprio limite; para ir além, você deve abandoná-las. Permaneça apenas como a testemunha silenciosa.

Você não precisa saber o que você é. Já é suficiente saber o que você não é. O que você é você nunca vai saber, pois cada descoberta revela novas dimensões a conquistar. O desconhecido não tem limites.

Todo pensamento está na dualidade. Na identidade, nenhum pensamento sobrevive.

O mundo não tem existência separada de você. A cada momento, [ele] é apenas um reflexo de você mesmo. Você o cria, você o destrói. O seu universo pessoal não existe por si mesmo. Ele é apenas uma visão limitada e distorcida do real.

[A pessoa e a testemunha] - ambos são modos de Consciência. Em um, você deseja e teme; em outro, você não é afetado pelo prazer e pela dor, você não é abalado pelos eventos. Você os deixa ir e vir.

O conhecimento geral desenvolve a mente, sem dúvida. Mas se você está indo gastar sua vida acumulando conhecimento, você construirá um muro a sua volta. Para ir além da mente, uma mente bem dotada não é necessária.


Nisargadatta Maharaj 

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill