A mente filtra a consciência e essa é a sua função. Ela o torna consciente da realidade apenas até o ponto em que você pode suportar. Do contrário, você ficaria louco. A vida está colidindo com você de todas as direções, em milhões de maneiras e a cada segundo. A mente filtra noventa e oito por centro e permite que somente dois por cento da realidade entre em você — e isso também é numa forma muito modificada, numa forma que você possa digeri-la. Você ainda não é capaz de digerir totalmente. A mente estreita e permite só um pouco da realidade, em pedacinhos.
(...) A mente o protege da realidade; isso é uma necessidade no princípio, mas a proteção pode também tornar-se uma prisão — aí surge o problema. O guarda que o protege pode também ser o carcereiro. Ele pode protegê-lo tanto e você tornar-se tão dependente dessa proteção que você não consegue ficar independente.
Chega um momento na vida em que você começa a perceber que a mente está lhe dando apenas pequenos fragmentos da realidade, e você fica insatisfeito com isso. Uma pessoa realmente inteligente facilmente ficará descontente com a mente. Somente pessoas não-inteligentes podem permanecer nela. As inteligentes inevitavelmente um dia ou outro sentirão que a mente está permitindo apenas pequenos fragmentos: "Não sou mais criança! Sou crescido, posso ter janelas e portas maiores em meu ser e permitir mais realidade". Isso é meditação — o começo da criação de janelas maiores das que a mente permite. E quando essas se tornam grandes a ponto de todas as paredes desaparecerem, isso é samadhi; agora você está realmente amadurecido. Isso é o estado búdico, é ser um cristo. Agora você não precisa de proteção alguma.
É semelhante a quando você planta uma pequena árvore; você precisa protegê-la. Chega um dia em que ela se torna forte o suficiente e você retira toda proteção — ela pode proteger a si mesma. Com a mente o problema é que não há alguém que possa removê-la. A sociedade, os pais, o colégio e a universidade a criaram, e não há quem ajude a "descria-la". Essa é a função de um Mestre, e o mundo se tornou muito pobre, pois Mestres não existem agora como costumavam existir.
Agora é difícil encontrar um Mestre. Você pode encontrar muitos professores; eles são inúmeros, mas é muito difícil encontrar um Mestre.
E qual a diferença entre o professor e o Mestre? O primeiro cria a mente, o segundo a "descria". O professor ensina, dá conhecimento a você; ele e a escola são a serpente: auxilia-o a comer da Árvore do Conhecimento. Ele é de grande ajuda, pois o tira do Jardim do Éden, ensinando-o a duvidar e a desobedecer a fim de que você possa ficar fora de todos os tipos de cativeiro. Mas então, finalmente, a própria mente se torna o cativeiro e não há alguém para ensiná-lo e auxiliá-lo a sair dela. A universidade o torna um Adão perfeito, e aí tudo pára. E pensamos que a educação terminou, mas essa é somente a metade da educação e da jornada. A metade real ainda está por vir.
É necessário alguém, algum lugar, algum ambiente onde a pessoa possa ir e dissolver tudo que aprendeu, onde possa desaprender... Com um Mestre você começa a desaprender, a dissolver a mente, a perder tudo que aprendeu; você começa a dissolver o Adão e a tornar-se um Cristo.
OSHO