Por que você quer se esquecer de si mesmo? Por que você anda tão aborrecido consigo mesmo? Por que você não pode viver consigo mesmo? Por que você não pode ficar alerta e à vontade? Qual é o problema? O problema é que sempre que você está alerta sozinho, você se sente vazio — você sente como se não fosse ninguém. Você sente um nada internamente e esse nada se torna um abismo. Você se assusta e começa a fugir dele.
Bem lá no fundo de você, você é um abismo, e é por isso que você continua fugindo. Buda chamou esse abismo de não-eu, anatta. Não há ninguém do lado de dentro. Quando você olha, é uma vasta expansão, mas não há ninguém lá — simplesmente o céu interior, um abismo infinito, sem fim, sem começo. No momento em que você olha, tem uma tontura, começa a correr, você foge imediatamente. Mas para onde você pode fugir? Aonde quer que você vá, esse vazio estará com você, porque ele é você. É o seu Tao, a sua natureza. A pessoa tem de chegar a um acordo com isso.
Meditação nada mais é do que chegar a um acordo com seu vazio interior; reconhecê-lo, não escapar; viver através dele, não fugir; ser através dele, não fugir. Então, subitamente, o vazio torna-se a plenitude da vida. Quando você não foge dele, ele torna-se a coisa mais linda, a mais pura, porque somente o vazio pode ser puro. Se alguma coisa está presente, a sujeira entrou; se há alguma coisa ali, então, a morte entrou; se há alguma coisa ali, então a limitação entrou. Se há alguma coisa ali, então, Deus não pode estar lá. Deus significa o grande abismo, e supremo abismo. Ele está ali, mas você nunca é treinado para olhar para dentro dele.
É exatamente como quando você vai às montanhas e olhe para dentro do vale: você fica tonto. Então, você não quer olhar porque um medo o invade — você pode cair. Mas nenhuma montanha é tão alta e nenhum vale é tão profundo como o vale que existe dentro de você. E quando quer que você olhe dentro de si, você sente uma tontura, uma náusea — você imediatamente foge, fecha os olhos e começa a correr. Você tem corrido por milhões de vidas, mas não chegou a lugar nenhum, porque não pode.
A pessoa tem de chegar a termos com o vazio interior. E uma vez que você chega a termos com ele, subitamente, o vazio muda sua natureza — torna-se o todo. Então, ele não é o vazio, não é negativo: ele é a coisa mais positiva da existência. Mas a aceitação é a porta.
OSHO
OSHO