A psicologia está a serviço da sociedade. O psiquiatra tenta de todo modo deixá-lo novamente ajustado à sociedade; ele está a serviço da sociedade. A política, é claro, está a serviço da sociedade. Ela lhe dá um pouco de liberdade, de modo que você possa ser um escravo. Essa liberdade é simplesmente um suborno — pode ser tomada de volta a qualquer momento. Se você pensa que você é realmente livre, logo, logo, você pode ser jogado numa prisão. A política, a psicologia, a cultura, a educação, todas estão a serviço da sociedade. Apenas a religião é basicamente rebelde. Mas a sociedade tem lhes enganado. Ela criou suas próprias religiões: Cristianismo, Hinduísmo, Budismo, Islamismo — esses são truques sociais.
(...) Têm existido escolas... que tentam criar uma sociedade que não é, absolutamente, uma sociedade. Elas criam caminhos e meios para torná-lo verdadeiramente e totalmente livre — nenhum cativeiro sobre você, nenhuma disciplina de qualquer espécie, nenhum limite. Você tem permissão de ser o infinito e o todo.
Jesus é anti-social, mas o cristianismo não é anti-social, o budismo não é anti-social. A sociedade é muito esperta: ela imediatamente absorve — até mesmo fenômenos anti-sociais ela absorve no social. Ela cria uma fachada, ela lhe dá uma moeda falsa e, então, você fica feliz, exatamente como uma criança pequena que ganha um seio falso, de plástico. Elas ficam sugando aquele objeto e sentem que estão sendo nutridas. Aquilo as acalmará, é claro, e elas adormecerão.
(...) A sociedade não pode lhes dar a liberdade. É impossível, porque a sociedade não pode prover um meio de tornar todos absolutamente livres. Então, o que fazer? Como ir além da sociedade? Eis a questão para um homem religioso. Mas parece impossível: aonde quer que você vá, a sociedade está ali. Você podem até ir para os Himalaias — então, vocês criarão uma sociedade lá. Você começará a falar com as árvores; porque é muito difícil ficar sozinho. Você começará a fazer dos pássaros e animais, amigos e, mais cedo ou mais tarde, haverá uma família. Você esperará todos os dias pelo pássaro que vem de manhã e canta.
Nesse momento, você não compreende que se tornou dependente, que o outro já entrou. Se o pássaro não vem, você sentirá uma certa ansiedade(...) A tensão entra, e isso não é de modo algum diferente de quando você ficava preocupado com a esposa ou preocupado com os filhos. Isso não é de modo algum diferente, é o mesmo padrão: o outro. Mesmo que você vá para os Himalaias, você criará uma sociedade.
Então, algo tem de ser compreendido: a sociedade não existe sem você, ela é algo dentro de você. E a menos que as raízes dentro de você desapareçam, onde quer que você vá a sociedade entrará na existência de novo e novamente.(...) Não é que a sociedade esteja lhe seguindo, ela está em você. Você sempre cria a sua sociedade ao seu redor — você é um criador. Existe algo em você como uma semente, que cria a sociedade. Isso mostra realmente que a menos que você seja transformado completamente, você jamais irá além da sociedade, você sempre criará a sua sociedade. E todas as sociedades são o mesmo; as formas podem diferir, mas o padrão básico é o mesmo.
Por que você não pode viver sem a sociedade? Aí que está o problema.(...) As raízes têm de ser trazidas à luz, de modo que você possa compreender.
OSHO
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