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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Eu sou Esse Homem

Fragmento do livro “The Transparent Mind – a Journey with Krishnamurti”, de Donald Ingram Smith, onde o autor descreve uma discussão pública entre Krishnamurti e um líder comunista no Sri Lanka, durante os encontros realizados por Krishnamurti no país em 1949 e 1950:
Pouco antes de onze e meia, onze parlamentares chegaram e tomaram seus lugares. Todos os olhares estavam dirigidos para eles.
Pouco depois Krishnamurti entrou em silêncio, tomou seu lugar sobre uma plataforma baixa e vagarosamente observou a audiência. “O que gostariam de discutir?”, ele perguntou. Todos aguardaram. Então, Dr. Perera pôs-se de pé. Disse que gostaria de discutir a estrutura da sociedade e da coesão social, e que um tal debate deveria incluir uma compreensão dos princípios básicos do comunismo. Ele falou por alguns minutos sobre a lógica do controle do estado como a autoridade suprema, e a proposição de que aqueles que executam o trabalho devem receber diretamente o lucro dele advindo.
Como ninguém mais propôs qualquer assunto ou questão para ser discutida, ficou claro que aquele era um homem importante. Não apenas ele sabia disso, mas cada cidadão ceilonês presente o havia reconhecido e percebido a importância do desafio. Krishnamurti perguntou se nós gostaríamos de discutir aquilo.
Ninguém falou, nenhum outro assunto foi proposto. Obviamente todos estavam interessados em ouvir qual seria a resposta de Krishnamurti. Ele sorriu. “Bem, vamos começar.”. O jurista, que havia continuado de pé, deu prosseguimento a seu tema político. Falou de maneira abrangente a respeito dos preceitos básicos do comunismo, sobre uso comunitário e posse de bens e propriedade, e sobre o papel do trabalho. Era uma clara exposição da filosofia e dialética comunista. Quando terminou e se sentou, eu imaginei como Krishnamurti iria lidar com a proposição de que o Estado era tudo, e o indivíduo, subserviente à todo-poderosa autoridade central.
Ele não se opôs ao que havia sido dito. Quando falou, foi como se Krishnamurti houvesse deixado seu lugar sobre a plataforma, de frente para o advogado, e cruzado para o outro lado, para enxergar a condição humana a partir do ponto de vista do comunista e através de seus olhos. Não havia qualquer senso de confronto, apenas um exame conjunto da realidade por trás da retórica. À medida que o diálogo se desenvolvia, tornou-se uma penetrante investigação sobre como a mente humana, condicionada como é, seria recondicionada para aceitar a doutrina totalitária, e se reeducar a raça resolveria os problemas que atormentam os seres humanos, não importando onde eles vivam ou sob qual sistema social estejam.
Havia mútua investigação dos caminhos através dos quais a filosofia comunista de fato operava, e dos meios utilizados para se lidar com conflitos. E, basicamente, questionava-se se remodelar, redefinir os padrões do pensamento e do comportamento humanos de fato libertaria o indivíduo ou a coletividade do ego, da competição, do conflito. Depois de aproximadamente meia hora, Dr. Perera ainda ressaltava a necessidade do controle totalitário, afirmando que todos deveriam caminhar de acordo com a política escolhida, e ser levados a aceitar.
Nesse ponto, Krishnamurti recuou. “O que acontece”, perguntou ele, “quando eu, como um indivíduo, sinto que não posso caminhar de acordo com a decisão do comando supremo? E se eu não aceitar?”.
“Nós tentaríamos convencê-lo de que a divergência individual, talvez válida antes de uma decisão ser tomada, não poderia ser tolerada depois. Todos têm de participar.”
“Você quer dizer obedecer?”
“Sim.”
“E se eu ainda assim não pudesse ou não estivesse disposto a concordar?”
“Nós teríamos de lhe mostrar o erro de suas escolhas.”
“E como vocês fariam isso?”
“Persuadindo você de que, na prática, a filosofia do estado e a lei devem ser enaltecidas a todo momento e a qualquer custo.”
“E se uma pessoa ainda assim mantém que alguma lei ou regulamento é falso, o que acontece?”
“Nós provavelmente iríamos encarcerá-la de modo que ela não fosse mais uma influência desintegradora.”
De modo extremamente simples e direto, Krishnamurti disse: “Eu sou essa pessoa.”. Consternação! Subitamente, confronto total. Uma descarga elétrica havia penetrado a sala – a atmosfera estava carregada.
O advogado falou cuidadosamente, calmamente: “Nós o poríamos numa cela e o manteríamos lá pelo tempo que fosse necessário para modificar sua mente. Você seria tratado como um prisioneiro político.”

Krishanmurti respondeu: “Poderia haver outros que sentissem e pensassem como eu. Quando eles descobrissem o que havia acontecido comigo, poderiam se tornar mais avessos à sua autoridade. Isso é o que aconteceria, e um movimento reacionário teria começado.”
Nem Dr. Perera nem seus colegas de partido queriam continuar com aquele diálogo perigosamente explícito. Alguns já demonstravam nervosismo. Krishnaji continuou: “Eu sou esse homem. Recuso-me a ser silenciado. Falarei a qualquer um que esteja disposto a ouvir. O que você faz comigo?” Não havia escapatória para a questão.
“Afasto você.”
“Me liquida?”
“Provavelmente. Não lhe seria permitido contaminar os outros.”
“Provavelmente?”
“Você seria eliminado.”
Após uma longa pausa, Krishnamurti disse: “E dessa forma, o senhor teria feito de mim um mártir!”. Não havia modo de evitar as conclusões. “E então?”
Krishnamurti esperou, e então aos poucos recuou no curso do diálogo. Falou sobre inter-relacionamento, sobre a destruição da vida por uma crença, por algum ideal de futuro, algum projeto mesquinho, sobre a destrutividade dos ideais e sobre a imposição de fórmulas sobre os seres vivos. Abordou a necessidade não de alterações no meio social, por mais necessárias que sejam, mas de transformação interior. Quando terminou, o encontro havia chegado ao fim. Não havia de fato mais nada a ser dito. Estávamos numa envolvente comunhão. Então Dr. Perera levantou-se e, vagarosamente, deliberadamente, foi traçando seu caminho através da multidão que encarava Krishnamurti. Todos se moveram um pouco para abrir passagem para ele. Ele andou até Krishnaji, que agora já havia levantado e estava observando, aguardando.
Pisando na plataforma, o jurista abriu os braços e envolveu Krishnaji. Permaneceram lá por alguns momentos, nos braços um do outro. Então, sem uma palavra, ele retornou a seus colegas e a audiência começou a se movimentar. O encontro estava terminado.
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill