O homem nasce como parte do mundo, como um membro da sociedade, de uma família, como parte de outros. Ele é educado não como um ser solitário, é educado como um ser social. Todo treinamento, toda a educação, toda cultura consistem em como fazer de uma criança uma parte integrante da sociedade, como fazê-la se ajustar aos outros. É isso o que os psicólogos chamam de ajustamento. E sempre que alguém é um solitário, parece mal-ajustado.
A sociedade existe como uma rede, um padrão de muitas pessoas, uma multidão.
No seio dela você pode ter um pouco de liberdade — a um preço muito alto. Se você segue a sociedade, se você se torna uma pessoa obediente, eles lhe arrendam um mundinho de liberdade . Se você se torna um escravo, a liberdade lhe é dada. Mas se trata de uma liberdade dada, ela pode ser tomada a qualquer momento. E isso é a um custo muito alto: é um ajustamento com os outros; assim, os limites estão fadados a estarem presentes.
Na sociedade, numa existência social, ninguém pode ser absolutamente livre. A própria existência do outro criará problemas. Sartre diz "o outro é o inferno", e ele está certo em larga medida, porque o outro cria tensões em você: você fica preocupado devido ao outro. Haverá sempre uma colisão, porque o outro está em busca de absoluta liberdade e você também está em busca de absoluta liberdade — todos estão em busca de absoluta liberdade — e a absoluta liberdade só pode existir para um.
Mesmo seus supostos líderes não são absolutamente livres, não podem ser. Eles podem ter uma aparência de liberdade, mas isso é falso: eles têm de ser protegidos, eles dependem de outros — a liberdade deles é apenas uma fachada. Mas, ainda assim, devido a essa ânsia de ser absolutamente livre, a pessoa quer se tornar um rei, um imperador. O imperador dá a falsa sensação de que é livre. A pessoa quer se tornar muito rica, porque a riqueza também dá uma falsa sensação de que você é livre. Como pode um homem pobre ser livre? Suas necessidades serão o limite. E ele não pode satisfazer suas necessidades. Aonde quer que vá, encontra uma parede que não pode atravessar.
Daí, o desejo por riquezas. Lá no fundo, é o desejo de ser absolutamente livre — e todos os desejos são criados por ele. Mas, se você seguir falsas direções, você poderá continuar indo em frente, mas você jamais alcançará a meta, porque desde o começo a direção estava errada — você perdeu o primeiro passo.
No hebreu antigo, a palavra 'pecado' é muito bela. Ela quer dizer AQUELE QUE PERDEU A ROTA — não há senso de culpa nisso realmente. Pecado significa aquele que perdeu a rota, se extraviou; e a religião significa voltar ao caminho correto de modo que você não perca a meta. A meta é a absoluta liberdade — a religião é simplesmente um meio nessa direção. É por isso que você tem de compreender que a religião existe como uma força anti-social, porque, em sociedade, a liberdade absoluta não é possível.
OSHO
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