Todos os esforços feitos para evitar a solidão falharam, e falharão, porque eles são contra os princípios básicos da vida. Você precisa não de algo que o ajude a esquecer a solidão. Você precisa é ficar consciente da sua solitude, que é uma realidade. E é tão belo experimentá-la, senti-la, porque ela é sua liberdade da multidão e dos outros. Ela é sua liberdade do medo de ficar só.
O primeiro ponto a perceber é que, querendo ou não, você está sozinho. A solitude é sua verdadeira natureza. Você pode tentar esquecê-la, tentar não ficar sozinho fazendo amigos, tendo amantes, misturando-se à multidão... Mas tudo o que você fizer fica apenas na superfície. No fundo de você, sua solitude é inatingível, intocável.
(...) O ser humano nasce numa família, entre seres humanos. Desde o primeiro momento, ele não está sozinho; portanto, ele ADQUIRE um certo PADRÃO psicológico de sempre permanecer com pessoas. Em solitude, ele começa a ficar com medo... medos desconhecidos. Ele não está exatamente consciente do que está com medo, mas, quando ele se afasta da multidão, algo dentro dele fica pouco à vontade. Quando está com outros, ele se sente aconchegado, à vontade, confortável.
Por essa razão, ele nunca vem a conhecer a beleza da solitude; o medo o impede. Por ter nascido num grupo, ele continua fazendo parte de um grupo. E, à medida que envelhece, começa a formar novos grupos, novas associações, novos amigos. As coletividades já existentes não o satisfizeram — a nação, a religião, o partido político — e ele cria as suas próprias associações, Rotary Club, Lions Club... Mas todas essas estratégias estão a serviço de um único objetivo: nunca ficar sozinho.
Toda a experiência de vida é a de conviver com outras pessoas. A solitude parece uma morte. De certa maneira, ela é uma morte, a morte da personalidade que você criou na multidão. Esse é um presente das outras pessoas para você. No momento em que você se afasta da multidão, também se afasta da sua personalidade.
Na multidão, você sabe exatamente quem você é; sabe seu nome, sua posição social, sua profissão, sabe tudo o que é necessário para seu passaporte, para sua carteira de identidade. Mas, no momento em que você se afasta da multidão, qual é a sua identidade? Quem é você? De repente, você fica consciente de que você não é seu nome — seu nome foi dado a você. Você não é sua raça — que relação tem a raça com sua consciência? Seu coração não é hindu ou muçulmano, seu ser não está confinado à fronteira política de uma nação, sua consciência não é parte de alguma organização ou igreja. Quem é você?
De repente, sua personalidade começa a se dispensar. Este é o medo: a morte da personalidade. Agora você precisará começar a descobrir , precisará, pela primeira vez, perguntar quem você é. Você precisará começar a meditar sobre a questão, quem sou eu? — existe o temor de que você possa não ser absolutamente nada! Talvez você não seja nada, mas uma cominação de todas as opiniões da multidão; nada, exceto sua personalidade.
Ninguém quer ser nada, ninguém quer ser ninguém e, na verdade todo mundo É um ninguém.
(...) Assim, o primeiro problema para um buscador é entender exatamente a natureza da solitude. Ela significa ser ninguém, significa abandonar sua personalidade, que é um presente a você da multidão. Quando você se afasta, quando sai da multidão, não pode levar esse presente com você em sua solitude. Em sua solitude, precisará descobrir de novo, descobrir outra vez, e ninguém pode garantir que você encontrará alguém ali dentro ou não.
Aqueles que atingiram a solitude não encontraram ninguém lá. REALMENTE quero dizer ninguém — sem nome, sem forma, mas uma PURA PRESENÇA, uma pura vida, inominável, amorfa. Essa é exatamente a verdadeira ressurreição e ela certamente precisa de coragem. Somente pessoas muito corajosas foram capazes de aceitar com alegria o seu ser ninguém, o seu ser nada. O ser nada delas é o puro ser delas; é uma morte e uma ressurreição, as duas coisas.
(...) Na solitude, você desaparecerá como ego e como personalidade e descobrirá a si mesmo como a própria vida, imortal e eterna. A menos que você seja capaz de ficar só, sua busca pela verdade será um fracasso.
Sua solitude é a sua verdade, é a sua divindade.
A função de um mestre é ajudá-lo a ficar só. A meditação é apenas uma estratégia para eliminar sua personalidade, seus pensamentos, sua mente, sua identidade com o corpo e deixá-lo absolutamente só por dentro, apenas um fogo vivo. E, depois de encontrar seu fogo vivo, você conhecerá todas as alegrias e todos os êxtases que que a consciência humana é capaz.
OSHO
(...) Na solitude, você desaparecerá como ego e como personalidade e descobrirá a si mesmo como a própria vida, imortal e eterna. A menos que você seja capaz de ficar só, sua busca pela verdade será um fracasso.
Sua solitude é a sua verdade, é a sua divindade.
A função de um mestre é ajudá-lo a ficar só. A meditação é apenas uma estratégia para eliminar sua personalidade, seus pensamentos, sua mente, sua identidade com o corpo e deixá-lo absolutamente só por dentro, apenas um fogo vivo. E, depois de encontrar seu fogo vivo, você conhecerá todas as alegrias e todos os êxtases que que a consciência humana é capaz.
OSHO