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quarta-feira, 29 de junho de 2016

A verdadeira memória é inteligência

5ª Pergunta: Sinto-me inclinado à suposição de que pôr de lado o passado e esquece-lo completamente, são coisas não exatamente as mesmas. Poderíeis dar-nos o vosso ponto de vista sobre a memória?

Krishnamurti: Esta pergunta é realmente interessante para efetuar uma modificação. “Sinto-me inclinado a supor que expelir o passado e esquece-lo completamente são coisas não exatamente idênticas. Poderíeis fornecer-nos vosso ponto de vista sobre a memória?” Para mim, a memória não deveria ser a da experiência em si, porém antes a memória daquilo que é o resultado da experiência. Precisais esquecer a experiência e recordar a lição. Isto é que é a verdadeira memória. Esta é eterna, por ser a coisa única de valor na experiência. Esta verdadeira memória é inteligência. Como disse a noite passada, inteligência é a capacidade de escolher, com discernimento, com cultura, aquilo que é essencial daquilo que é falso. Esta inteligência adquire-se por meio da experiência, por meio das lições que permanecem após a experiência. A mais elevada forma desta inteligência é a intuição, por ser o resíduo de todas as experiências acumuladas. Esta é a verdadeira função da memória.

“Qual a espécie correta de recordação e a correta espécie de esquecimento?” A espécie correta de lembrança, do meu ponto de vista, é recordar e apegar-se a esse resíduo de toda a experiência, de modo a não mais condescenderdes na mesma espécie de experiências. O condescender com as experiências que houverdes já realizado, cria barreiras. Para um homem sábio, uma experiência de certa espécie determinada é suficiente. Assim a correta espécie de lembrança e de esquecimento é o haver aprendido das experiências e o apagar todas as experiências que não tem valor.

A pergunta a seguir “qual a espécie correta de gratidão?” Para mim não existe tal assunto de gratidão, porque, se realmente amardes a todos, do mesmo modo de todos aprendereis. Não vos apegareis a uma pessoa. Sereis gratos, em vosso amor, a todos. Aprendeis de vossos servos, se fordes observador, do operário, do homem que cava a terra, e do maior de vossos heróis. Deles todos aprendereis à medida que a todos eles amardes e não haverá gratidão para pessoa em particular. Sereis leal a um ser, especificadamente se a todos o fordes — pelo fato de a todos amardes. Digo-vos que é muito mais belo, muito mais tranquilo, sereno, o amar a todos do mesmo modo; na realidade, ter a toda gente no coração, não ser indiferente a ninguém, se possuirdes um tal amor, aprendereis, não de uma coisa, porém de todas, móveis ou imóveis que elas sejam, de tudo quanto for transitório ou eterno. Se amardes somente a uma pessoa, começareis a cultuá-la, a olhar para essa pessoa em sentido ascendente e começais a sufocar a vós próprios, não estareis aprendendo da vida, não vos regozijareis com a vida, nem com a vida estareis em amor. A questão da gratidão é uma questão de amor e para a pessoa que ama a um e não a outro, há tristeza. Isto não é mera chatice, porém uma realidade. Assim, o amor é uma flor que proporciona seu perfume a todo transeunte, que ele seja de uma cor quer de outra, deste ou daquele tipo. A flor dá seu perfume a todos, e, se fordes sábios, aspirareis esse perfume e nele vos regozijareis. Do amor que é mesquinho, que embaraça, que é corruptível, chegareis a esse amor que não embaraça, que é incorruptível.

“De que modo se relaciona a memória com a arte de discernir entre o essencial e o não-essencial e deverá ela porventura ser educada de maneira a funcionar corretamente?” Naturalmente. É isto que tenho estado a dizer. À verdadeira autodisciplina é a educação do “Eu”. “Porque modo se relaciona a memória com a arte de discernir entre o essencial e o não-essencial?” Não se trata de um modo, é o todo que importa. Se não tiverdes a memória reta, se sempre estiverdes hesitando, se estiverdes inseguro, então vosso discernimento não terá valor; porém, se a memória for o resíduo de toda a experiência, quando vos defrontardes com inúmeras coisas não-essenciais e entre elas uma essencial, devereis ser capazes de escolher essa única coisa essencial pelo fato de vossa memória se achar adestrada. Examinai toda a experiência que se vos defronte, como o vento que encrespa o face lisa das águas e verificai se essa experiência é essencial. Se o não for, deixai-a de parte porque se não for essencial é porque já a haveis realizado. Uma criança que certa vez queimou os dedos jamais se aproximará novamente do fogo. Ela realizou sua experiência e a lição permanece. Assim, pois, se uma vez houverdes tido certa experiência ela deve proporcionar-vos a plenitude de todas as suas consequências.

“E deverá ela ser educada de modo a funcionar retamente?” Pois não a estais adestrando a todo o momento do dia quando ansiosamente estais vigilantes, quando vos autodisciplinais a vós próprios constantemente à luz do vosso entendimento eterno? Não precisais passar por nenhum adestramento especial; a vida vos treinará se fordes acurados, observadores. É o indolente que necessita de assistência, aqueles que são preguiçosos, que estão cansados de examinar tudo quanto lhes vem. O meio único de tornar o eu absolutamente puro e incorruptível é a autodisciplina imposta a vós próprios, não em vista de repressão, porém em vista do amor dessa liberdade que é verdade.


Krishnamurti, 7 de agosto de 1929, Acampamento de Ommen 
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill