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quarta-feira, 29 de junho de 2016

No processo de transmutação reside a verdade


Desejo acentuar — e já fiz isto antes — que o que estou dizendo não é uma nova teoria para ser acrescentada às teorias, filosofias e sistemas inumeráveis já existentes. Nada tem a ver com tais coisas. É aquilo que eu considero a vida — o todo. E, como eu vivo isto, digo que tal é a quintessência de toda a vida, a culminância de toda a vida, a flor de toda a vida.

Falo da fruição de minha vida, que é a vida de toda a gente. Assim, portanto, peço-vos, não trateis o que vos estou dizendo como se fosse uma teoria intelectual para ser elaborada ou um calor emocional para ser gozado.

Falo acerca de algo que para mim é real, algo que estou vivendo. Para vós, porém, tudo isto é estranho, pelo fato de ainda condescenderdes com teorias, crenças, sistemas, por intermédio dos quais evoluis. O que vos digo relaciona-se essencialmente, vitalmente, com a vida, tendo como implícito que a vida diária deve ser tornada perfeita — para todos e não meramente para uns poucos.

Quando digo “vida”, uso deste termo com um significado especial: vida — não a parcial, a vossa ou a minha — porém essa vida que é o todo, que inclui a vossa e a minha, que é a semente de todas as coisas, que é móvel e imóvel, transitória e eterna. Ela é todas as coisas, criou o homem e Deus. Deus não é senão o homem enobrecido, livre; e este Deus que é o homem está em harmonia com o eterno, com a vida. Esta é a função do homem, harmonizar o seu “Eu”, o seu ser, com o eterno. Não será por meio da meditação, por meio da filosofia, que firmareis esta harmonia, porém por meio da luta, do domínio e do esforço contínuo, uniforme, — o qual vós não quereis. Vós não quereis a luta, quereis um caminho suave, fácil.

Esta harmonia precisa de ser estabelecida entre aquilo que é transitório, aquilo que está em cada um de nós e aquilo que é constante, que está também em cada um.

A vida cria o homem e o deixa absolutamente independente, corruptível, limitado, escravo das circunstâncias. Sendo independente, sendo livre, está apto a escolher por si mesmo, porém, em virtude de sua falta de habilidade, de sua ignorância do que é essencial, escolhe ele, entre as coisas que o rodeiam, as que são triviais.

Se olhardes para vós próprios, verificareis que isso se aplica a cada um. Se para dentro de vós olhardes, averiguareis que existem aí o “Eu” mutável e o “Eu” imutável. Não traduzais isto como sendo o Ego e a Mônada, sentindo-vos satisfeitos, com esse fato. Não sabeis mais acerca dessas coisas do que acerca daquilo de que vos estou falando. Se para dentro de vós mesmos olhardes, verificareis que existe aí o mutável, jamais tranquilo, constantemente variável. Não é assim? Depois, existe ao mesmo tempo o ser que é constante, imutável, certo, calmo, seguro. Acerca deste ego, nada sabeis.

Existem portanto, estes dois egos e compete a cada um de nós tornar o “Eu” mutável, no “Eu” imutável, tranquilo, todo-conservador. Isto é: tendes que tornar, ou antes, transmutar o mutável no imutável, porque não podeis fazer descer o imutável ao mutável, não podeis trazer o eterno para o transitório, porém, sim, antes, pela purificação, pela luta, pelas negações, pelos sacrifícios, pelo esforço contínuo, precisais transmutar o mutável e conduzi-lo ao imutável. Como não podeis trazer o eterno para o transitório, como não podeis trazer o eu eterno à harmonia com o eu mutável, progressivo, tendes que tornar esse eu progressivo, mutável, no eterno. O que cada um de vós está tentando fazer, é, justamente, o contrário disto, é trazer o eterno para o transitório. Por quererdes evitar todas as lutas, toda a dor, toda a tristeza, evadir-vos em vez de transmutar, tendes todos os vossos abrigos de conforto, vossas filosofias, vossos deuses, vossos templos, vossas igrejas e vossas religiões. Quereis fugir, quereis esquecer, e mergulhar no eterno. Não o podeis! Pois onde existir corruptibilidade, a incorruptibilidade não pode existir; onde houver imperfeição a perfeição não pode encontrar guarida. Assim, pois, tendes que tornar esse progressivo, mutável, constantemente variável “Eu” no incorruptível, constante, todo preservador, todo-conservador imutável, “Eu” eterno, que não é nem ser e nem não-ser, nem sabedoria nem não-sabedoria.

No processo de transmutação reside a verdade e não no mero atingir. É à medida que progredis para o eterno que encontrais a Verdade, não na consecução final. A consecução final é natural, é o resultado do processo continuo. Tendes que ter em vista essa verdade, essa vida, essa libertação, essa felicidade enquanto dura o processo de transmutar o progressivo no imutável, o eterno. Assim, pois, tendes que vos preocupar com o “Eu” que é progressivo e no cuidar dele, no torna-lo puro, forte, intemerato, íntegro dentro de si mesmo, completamente liberto de toda a ilusão, reside a harmonia que é eterna.              


Krishnamurti, no Castelo de Eerde, 18 de julho de 1929


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill