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terça-feira, 28 de junho de 2016

O indivíduo e a libertação da corrupção do amor imperfeito

Krishnamurti, momentos antes da conferência em Ommen
Quando olhais em redor e ponderais as coisas, vedes que o grupo se opõe sempre ao indivíduo. Quando uso o termo “indivíduo” falo do homem que é íntegro, completo dentro de si mesmo, como apartado do grupo que proclama que existe para beneficiar o indivíduo. Em todos os departamentos de pensamento e emoção encontrareis este grupo opondo-se ao indivíduo. E, no entanto, o próprio grupo é o indivíduo pois que o grupo se compõe de indivíduos. Vou preocupar-me com o indivíduo, pois que é o indivíduo que cria o caos, a angústia ao redor de si. Dentro do indivíduo — isto é, dentro de cada qual, por todo o mundo, com raras exceções — existe o caos, a angústia e a tortuosidade. E no entanto o grupo esforça-se por estabelecer a ordem, a serenidade e a retidão. No coração do grupo, existe o caos, a angústia e a luta; assim, pois, para estabelecer ordem, serenidade e retidão em geral, temos que ter em consideração o indivíduo. O indivíduo é da máxima importância.

O indivíduo é vós próprios, e é no tornar o indivíduo reto, sereno, criativo, que encontrareis a verdadeira autoexpressão. É o indivíduo que tendes que ter em vista a todos os instantes, porém não quer isto dizer que o vosso considerar deva ser feito a expensas de vosso próximo: pois sustento eu que mesmo desde o próprio início do seu desenvolvimento, o indivíduo, deve, ele próprio, ser uma lâmpada para si mesmo, afim de não projetar sombras sobre a face de outrem.

Ninguém pode tornar o indivíduo reto, sereno, criativo, a não ser ele mesmo. Por criação entendo eu a verdadeira autoexpressão, não mera criação de ornamentos, como sejam cadeiras, quadros e assim por diante; essas coisas não as considero eu verdadeira criação. A expressão do preenchimento, a fruição, a consumação do eu é, segundo o meu modo de pensar, a verdadeira criação. Isto somente pode ser o resultado da percepção individual. Nenhuma instituição, nenhuma corporação religiosa, nenhuma coação externa, nenhuma busca de auxílio exterior, pode tornar o indivíduo reto, sereno e verdadeiramente criativo, pois que o indivíduo é absolutamente livre e responsável para consigo mesmo. Quisera que tomásseis cuidadosamente em consideração este pensamento, porque, se não entenderdes isto, tudo mais que eu disser terá significado diferente, não será apropriadamente compreendido, não vos será claro. Todo indivíduo, no mundo, sejam quais forem as suas circunstâncias, é absoluta e inteiramente responsável perante si mesmo. No eu, somente, portanto, reside a possibilidade, o poder de libertar-se a si mesmo inteira, integral, incondicionalmente dos emaranhados, da corrupção do amor imperfeito. É ele a pessoa única que pode vencer sua própria fraqueza, que pode dominar suas próprias paixões, que pode subjugar seus desejos e que é integralmente responsável pelas suas ambições. É da máxima importância, se quiserdes produzir ordem, serenidade, pensamento claro e felicidade, não somente no indivíduo, porém em todos no mundo, é preciso prestar atenção ao indivíduo, desde o próprio começo. Pois que, se o indivíduo for dentro de si mesmo caótico, cria o caos; se dentro em si próprio for tortuoso, torna tortuosas todas as coisas que o rodeiam; se dentro em si mesmo estiver perturbado, cria a perturbação ao redor de si.   

Que é que o indivíduo deseja a todo instante? Que é que busca continuamente? Que é que persegue em sua luta, em sua corrupção, em sua angústia, em sua desgraça, em suas lágrimas, em seus prazeres? Está buscando despedaçar as limitações por ele próprio colocadas sobre si, de modo a atingir essa libertação que é perfeição, a incorruptibilidade do amor e pensamento que estabeleça perfeita harmonia, a qual é felicidade. O desejo que todos têm, que é a própria vida — está continuamente encorajando, propelindo, impulsionando a todos para adiante; o desejo está sempre buscando consumação na experiência, por exigir uma objetivação externa, uma autoexpressão. A experiência sem propósito é destrutiva, enquanto que a experiência com propósito é verdadeiramente criativa. Esta é a razão pela qual necessitais primeiro estabelecer dentro de vós próprios a finalidade da vida e depois, após este estabelecimento que será para a eternidade, continuo, sem variação de geração em geração, esse propósito será a meta, o objetivo em direção ao qual todo o desejo — que é a própria vida — conduz. Se existir tal propósito — e eu sustento que existe e que o realizei — então toda a experiência que é a consumação de um desejo deve fortificar, libertar o indivíduo desse mesmo desejo. Isto é: quando houverdes passado por uma experiência ela deve bastar para libertar-vos dessa espécie particular de experiências. Assim, rompereis com toda a limitação e chegareis a essa libertação que é o preenchimento de toda a vida.

Conhecendo, portanto, o propósito da vida e sabendo que o indivíduo é inteira e absolutamente responsável para consigo mesmo, sobrepujais o medo, seja ele de que espécie for. É o medo que estrangula, que sufoca a todo o ser humano. É o fantasma que persegue a todo o ser humano como uma sombra, pois ele não se apercebe que por toda a ação e resultado da ação, por todo o desejo e preenchimento do desejo é ele integralmente responsável. Com essa verificação o medo de todas as espécies desaparecerá, pelo fato de o indivíduo se tornado dono absoluto de si mesmo.

Quando não mais tiverdes medo, começais realmente a viver. Não vivereis no futuro nem no passado, nem esperando pela salvação futura, nem encarando o passado morto para obter vossa força, porém — pelo fato de não terdes medo — vivereis nesse momento da eternidade que é o AGORA.

É o AGORA que tem importância, não o futuro nem o passado. É o que fazeis, o que pensais, como viveis e como agis AGORA que tem valor. A verdade não está no futuro nem no passado. O homem que não é limitado pelo medo vive integralmente responsável para consigo mesmo, concentrado nesse momento que é o AGORA, que é a eternidade.

Para um tal homem não existe nem nascer nem morrer. A maioria das pessoas atemorizam-se com a morte, porque temem viver. Preocupam-se mais com a morte do que com o viver no momento imediato, que é eternidade, que é AGORA.   

Conhecendo, portanto, qual o futuro de todo o ser humano, de todo o indivíduo, como ele se consumará a si mesmo na libertação, que é incorruptibilidade do eu, que é a harmoniza entre a razão e o amor — sabendo isto, importa vital, grandemente, que vivais na realização dessa grandeza e dessa beleza no imediato presente.

Quando houver sofrimento, quando houver lágrimas, quando houver temor em vosso coração de que serve o saberdes que tais coisas hão de desaparecer no futuro? Quereis a felicidade, quereis a liberdade, no presente momento, não em um futuro distante. Ninguém vos pode dar felicidade, ninguém vos pode libertar, exceto vós próprios. Não podeis atingir a meta por caminho algum, por meio de nenhuma religião ou seita. A libertação está dentro do próprio indivíduo; está integralmente dentro de seu controle e vem somente sob o seu mandado.

A libertação, essa felicidade que é invariável, serena, essa perfeição, não está distante nem perto, pois que a perfeição está onde está o indivíduo, acha-se dentro dele mesmo.

Para o atingir desta harmonia, que é a consumação de toda a vida, que é a perfeição do eu, tudo o que o indivíduo é, tudo o que ele faz, o que pensa, como se comporta e porque maneira ama, tem importância. Não no futuro nem no passado deve ele começar a atingir essa perfeição, porém no próprio momento de percepção clara, no justo momento de entendimento — que é o AGORA.


Krishnamurti, 4 de agosto de 1929, Acampamento de Ommen 
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill