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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O silêncio que não pode ser reconhecido

Pergunta: Desejo ardentemente o silêncio, mas vejo que minhas tentativas para alcançá-lo se tornam cada vez mais lamentáveis. 

Krishnamurti: Em primeiro lugar, você não pode desejar ardentemente o silêncio; você não sabe nada, absolutamente nada, a seu respeito. Ainda que soubesse algo, isso não seria o silêncio, visto que o que você sabe não é o que é. por isso, é preciso ter muito cuidado, quando se diz "Sei".

Veja, senhor! O que você conhece, reconhece. Eu lhe reconheço porque ontem o encontrei. Tendo ouvido o que então disse, e tendo visto seu modo de ser, digo que lhe conheço. O que sei é coisa do passado, e daquele passado ei o reconheço. Mas o silêncio não pode ser reconhecido; nele não há nenhum processo de reconhecimento. Esta é a primeira coisa que cumpre compreender. Para você reconhecer uma coisa, já deve te-la experimentado, conhecido antes, ou deve ter lido a respeito dela, ou alguém te-la descrito para você; mas o que se pode reconhecer, conhecer, descrever, não é aquele silêncio. E ansiamos por esse silêncio, porque nossa vida é tão superficial, tão vazia, tão monótona, tão estúpida, que desejamos escapar de suas destetáveis disputas. Mas, não podemos fugir da vida; temos de compreende-la. E para compreendermos uma coisa, não devemos lhe dar pontapés, nem devemos fugir dela. Devemos ter extraordinário amor, verdadeira afeição por aquilo que queremos compreender. Se você deseja compreender uma criança, não pode coagi-la, forçá-la, ou compará-la com seu irmão mais velho. Deve olhar a criança, observá-la com carinho, ternura, afeição, com tudo o que possui. Analogamente, devemos compreender essa coisa vulgar que chamamos "nossa vida", com seus ciúmes, conflitos, aflições, canseiras, pesares. Dessa compreensão provem uma certa qualidade de paz que não pode ser procurada. 

Há uma interessante história de um discípulo que foi procurar o Mestre. O Mestre está sentado num jardim muito bonito, quieto, bem irrigado, e o discípulo vem sentar-se perto dele — não bem à sua frente, porque sentar-se diretamente à frente do Mestre não é muito respeitoso. Assim, sentando-se um pouco para o lado, o discípulo cruza as pernas e fecha os olhos. Então, pergunta o Mestre: "Meu amigo, o que você está fazendo?" Abrindo os olhos, o discípulo responde: "Mestre, estou tentando alcançar a consciência de Buda" — e torna a fechar os olhos. Daí a momentos, o Mestre apanha duas pedras e começa a esfregar uma na outra, com muito barulho; então o discípulo desce das alturas em que andava e pergunta: "Mestre, o que está fazendo?" Ao que o Mestre responde: "Estou esfregando estas duas pedras, para fazer com que uma delas se torne um espelho". Diz então o discípulo: "Mas, Mestre, isso você jamais conseguirá, ainda que fique um milhão de anos esfregando essas pedras". Sorri, então o mestre responde: "De modo idêntico, meu amigo, você pode ficar sentado aí um milhão de anos, que nunca alcançará o que está tentando alcançar". — É isso o que todos nós estamos fazendo. Todos estamos tomando posições; todos estamos desejando alguma coisa, buscando alguma coisa, às apalpadelas — o que exige esforço, luta, disciplina. Mas sinto lhe dizer que nenhuma dessas coisas lhe abrirá a porta. O que abrirá a porta é a compreensão sem esforço; apenas olhar, observar, com afeição, com amor. Mas você não pode ter amor, se não é humilde; e só é possível a humildade quando nada se deseja, nem dos deuses nem de nenhum ente humano. 

Krishnamurti em, A MENTE SEM MEDO

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill