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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

É preciso transcender os estreitos limites da tradição

Pergunta: Você diz que seguir a tradição invariavelmente gera mediocridade. Mas sem nenhuma tradição, não nos sentiremos desorientados?

Krishnamurti: O que você entende por "tradição"? A transmissão, de pais para filhos, por escrito ou oralmente, de uma crença, um costume, de experiência, conhecimento científico, musical, artístico, religioso, ou moral. Por certo, é isso que entendemos por "tradição". E, quando,  de forma vã, estou repetindo as tradições que me foram transmitidas, essa repetição torna minha mente embotada, medíocre. O conhecimento é necessário para o exercício de certas profissões. Para construir uma ponte, dividir o átomo, operar um motor, produzir as muitas coisas que nos são necessárias na vida moderna, é imprescindível o conhecimento; mas o conhecimento se torna tradicional, a mente deixa de criar e fica funcionando, apenas, de maneira mecânica. Há máquinas que calculam muito mais rapidamente do que homem;e se, religiosamente ou por outras maneiras, nos limitamos a aceitar a tradição, não há dúvida que ficaremos funcionando exatamente como máquinas. A tradição nos oferece uma certa segurança, na sociedade, e temos medo de sair dessa trilha. Temos medo do que os vizinhos digam de nós; temos uma filha para casar e, portanto, precisamos ter cuidado. Nossa mente, como é fácil observar, funciona de maneira tradicional e por essa razão nos tornamos medíocres e perpetuamos os nossos sofrimentos. 

Verbalmente, reconhecemos esse fato, mas interiormente e em nossa ação, não o reconhecemos, porque todos desejamos segurança. E a segurança é uma coisa muito estranha. No momento em que a buscamos, criamos invariavelmente circunstâncias e valores produtores de insegurança — como se vê acontecer no mundo, hoje em dia. Todos estamos em busca de segurança, em todos os sentidos — segurança econômica, social, nacional — e no entanto esse próprio desejo de segurança está produzindo mais caos e aumentando a insegurança. 

A mente, pois, funciona dentro da rotina da tradição, porque aí espera encontrar segurança; e uma mente em segurança não é livre para descobrir. Não se pode repudiar a tradição, mas se se compreender o seu processo total, as suas consequências psicológicas, veremos que a segurança já não terá significação nenhuma e não será mais necessário "repudiá-la", porque ela cai por si mesma, qual uma folha seca.

Krishnamurti em, DA SOLIDÃO À PLENITUDE HUMANA

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill