Quando alguém perguntava a Buda como havia chegado ao estado não-mente, sempre dizia: "Quanto mais eu tentava chegar, mais me confundia. Não conseguia chegar. Assim, como posso dizer que cheguei? Quanto mais eu tentava, mais ficava envolvido — não conseguia chegar". A mente estava tentando transcender a si mesma, o que é impossível. É exatamente como tentar ser o pai de si mesmo, exatamente como tentar dar origem a si mesmo.
Assim Buda dizia: "Não posso dizer que cheguei. Posso dizer apenas que tentei tanto que estava aniquilado. Tentei tanto que qualquer esforço tornou-se absurdo. E um momento veio em que não estava tentando — em que a mente não estava, em que eu não estava pensando. Então, não havia nenhum futuro porque não havia nenhum passado." Ambos estão sempre juntos: o passado atrás e o futuro na frente. Estão sempre associados um ao outro: se um desaparece, o outro também desaparece instantaneamente. "Então, não havia nenhuma passado, nenhum futuro — nenhuma mente. Eu estava sem mente, estava sem eu. E algo aconteceu. Posso dizer apenas que isso sempre esteve acontecendo, mas eu não percebia. Não posso dizer que aconteceu nesse momento. Já estava acontecendo antes, só que eu estava fechado.
Assim, não posso dizer que alcancei alguma coisa. Só posso dizer que perdi algo: o ego, a mente. Não alcancei nada de modo algum. Agora, sei que tudo que alcancei sempre esteve presente. Sempre esteve em todos os lugares — em todas as pedras, em cada flor. Agora, reconheço que sempre foi assim. Antes, eu estava cego. Simplesmente perdi minha cegueira. Não obtive nada. Só perdi".
O S H O