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segunda-feira, 17 de março de 2014

O amor não tem nada ver com os interesses da mente



O amor é quase impossível no estado comum da mente humana. O amor só é possível quando a pessoa já atingiu o ser, não antes. Antes disso, é sempre alguma outra coisa. Continuamos chamando-o de amor, mas, algumas vezes, é quase estúpido chamá-lo de amor. 

Um homem se enamora de uma mulher porque gosta do modo como ela caminha ou da sua voz, ou do modo como ela diz "olá", ou de seus olhos.  Outro dia eu estava lendo que uma amiga e Jerry Brown da Califórnia disse: "Ele tem as mais lindas sobrancelhas do mundo". Não há nada de errado nisso — sobrancelhas podem ser belas — se  você se apaixona pelas sobrancelhas, então mais cedo ou mais tarde, fica frustrado, porque as sobrancelhas são uma parte muito pouco essencial da pessoa. 

E por coisa tão pouco essenciais as pessoas se apaixonam: o formato do nariz, a cor da face, a proporção do corpo ou os olhos. Essas coisas não são essenciais, porque quando você vive com uma pessoa, não está vivendo com a proporção do corpo. Não está vivendo com as sobrancelhas ou com a cor do cabelo. Quando você vive com uma pessoa, ela é uma coisa muito grande e vasta... quase indefinível e essas pequenas coisas na periferia logo perdem o sentido. Mas, então, de repente, fica-se surpreso. O que fazer?

Todo amor começa de um jeito romântico. Mas no momento em que a lua-de-mel termina, ele termina, porque não se pode viver com romance. Tem-se de viver com a realidade — e a realidade é totalmente diferente. Quando você vê uma pessoa, não vê a totalidade da pessoa; vê apenas a superfície. É como se você tivesse se enamorado de um automóvel por causa da sua cor. Você nem mesmo olhou sob o capô; pode não haver nenhum motor ou talvez alguma coisa esteja com defeito. No final, a cor não importará. 

Quando duas pessoas ficam juntas, suas realidades, suas realidades interiores entram em conflito e as coisas mais exteriores tornam-se sem sentido. O que fazer, então, com as sobrancelhas, com os cabelos e com o estilo do cabelo? Você quase começa a esquecê-los. Eles não o atraem mais porque estão lá. E quanto mais você conhece a pessoa, mais fica com medo, porque então, você chega a conhecer a loucura dela e ela fica conhecendo a sua. Então ambos se sentem trapaceados e ficam com raiva. Um começa a se vingar do outro como se um estivesse enganando ou trapaceando o outro. Ninguém está trapaceando ninguém, embora todos sejam trapaceados. 

Uma das mais básicas coisas a se compreender é que quando você ama uma pessoa, você a ama porque ela não está disponível. Agora ela está disponível, então como pode o amor existir?

Você queria ficar rico porque era pobre. Todo o desejo de se tornar rico era por causa da sua pobreza. Agora que você está rico não faz caso disso. Ou veja isso de uma outra forma: você está com fome, então fica obcecado por comida. Mas quando está se sentindo bem e seu estômago está cheio, quem se importa, quem pensa em comida?

O mesmo acontece com o que você chama de amor. Você está correndo atrás de uma mulher e ela continua se retraindo, fugindo de você. Você fica cada vez mais apaixonado e então corre ainda mais atrás dela. E isso faz parte do jogo. Toda mulher sabe, intimamente, que ela tem de fugir para que a perseguição continue por mais tempo. É claro que ela não foge muito a ponto de você esquecê-la completamente. Ela tem de permanecer à vista, seduzindo, fascinando, chamando, convidando — e ainda assim fugindo. 

Então, primeiro o homem corre atrás da mulher e ela tenta fugir. Uma vez que o homem apanhou a mulher, imediatamente toda a direção muda. Então o homem começa a fugir e a mulher começa a perseguir — "Onde você vai? Com quem você está falando? Por que está atrasado? Com quem você esteve?"

E o problema todo é que ambos se sentiam atraídos um pelo outro porque eram desconhecidos um para o outro. O desconhecido foi o que atraiu, o não familiar foi a atração. Agora ambos conhecem bem um ao outro. Conhece a topografia do outro — o corpo, a mente. Fizeram amor muitas vezes, e agora isso se tornou quase uma repetição. No máximo, é um hábito, um relaxamento, mas o romance se foi. 

Então eles se sentem entediados. O homem tornou-se um hábito, a mulher se tornou um hábito. Um não pode viver sem o outro por causa do hábito e não podem viver juntos porque não há nenhum romance. 

Este é o ponto real onde a pessoa tem de compreender se isso é amor ou não. E não se deve iludir a si mesmo,deve-se ser claro. Se era amor, ou se apenas um fragmento disso era amor, essas coisa passarão. Então a pessoa deve entender que essas coisas são naturais. Não há nada para se ficar com raiva. E você ainda ama a pessoa. Mesmo conhecendo-a você ainda a ama. 

Na verdade, se o amor existe, você ama a pessoa ainda mais, porque a conhece. Se o amor está presente, ele sobrevive. Se não está, desaparece. As duas coisas são boas. Para um estado comum da mente, o que eu chamo de amor não é possível. Ele só acontece quando você tem um ser muito integrado. O amor é uma função do ser integrado. Não é romance. Não tem nada a ver com essas tolices. Ele vai diretamente para a pessoa e vê dentro da alma. 

O amor, assim, é um tipo de afinidade com o ser mais interior da pessoa — e, então, ele é totalmente diferente. Todo amor pode crescer dessa forma, deve crescer dessa forma, mas noventa e nove por cento dos amores nunca crescem até esse ponto. Esses tumultos e problemas são tantos que podem destruir tudo. 

Mas não estou dizendo que a pessoa deva se apegar. A pessoa deve estar alerta e consciente. Se o amor era apenas essas tolices, desaparecerá. Não vale a pena se preocupar a respeito. Mas se ele é real, sobreviverá através de todos os tumultos. Portanto, apenas observe... 

O amor não é a questão. A questão é a sua consciência. Isso pode ser apenas uma situação na qual a sua consciência crescerá e você se tornará alerta sobre si mesmo. Talvez esse amor desapareça, mas o próximo será melhor; você escolherá com uma melhor consciência. Ou talvez este amor, com uma melhor consciência, mude de qualidade. Assim, aconteça o que acontecer, deve-se permanecer aberto

Portanto, apenas observe. Tudo está indo bem.

O S H O  — O Cipreste no Jardim 

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill