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segunda-feira, 17 de março de 2014

Libertação e dualidade

Na antiga busca da libertação humana, dois padrões predominantes podem ser assinalados. Nas grandes regiões do Oriente, a preocupação principal foi sempre a de uma libertação interior, que atribuía apenas uma importância secundária ao mundo exterior, material. Esta atitude contribuiu naturalmente para uma espécie de Quietismo, no que se refere à atividade mundana e, assim, a uma negligência das condições materiais da vida.

No Ocidente, a libertação do gênero humano prosseguiu principalmente em termos sociais, isto é, exteriores. Através do melhoramento das condições físicas por meio de uma tecnologia em rápido desenvolvimento e também por determinadas formas da chamada legislação “esclarecida”, os governantes procuraram proporcionar “o máximo de felicidade para o maior número de pessoas” — mesmo se o número dos realmente beneficiados nem sempre fosse muito grande.

Nenhum desses extremos opostos da atitude tem a probabilidade de criar um ótimo clima psicológico para a libertação da consciência. Por um lado, um homem faminto estará demasiadamente ocupado em providenciar alimento, para ele e sua família, para se incomodar com seu bem-estar espiritual — um estômago vazio não é especialmente propício para a meditação, embora alguns pareçam julgar que sim — e a luta pela sobrevivência física num mundo hostil consumirá uma grande quantidade de energia que, de outra forma, poderia estar disponível para a busca da felicidade.

Por outro lado, a luta individual para “melhorar” a si próprio, numa sociedade orientada para o material, tem a probabilidade de ficar irreparavelmente perdida nessa busca. O indivíduo também desviará grande quantidade de energia essencial para metas irrelevantes e, em muitos casos, nem mesmo saberá “do que se trata”, tendo perdido completamente o contato com a origem do seu próprio ser.

Entretanto, existe ainda um terceiro enfoque relativo à possibilidade da libertação humana, que não é simplesmente um caminho intermediário ou um ajuste entre aqueles acima mencionados mas, de fato, a negação de ambos. Este Caminho, desde tempos imemoriais, foi reconhecido por pessoas, tanto do Ocidente como do Oriente, como a única solução plausível para o problema da servidão humana. Resumindo, ele se baseia no fato de não haver divisão entre o “interior” e o “exterior”; aquilo a que chamamos vida “espiritual” na realidade nada mais é do que a vida cotidiana; a Vida é indivisível. Isto significa que a “mudança interna” da mente é um ato assimétrico, a não ser que acompanhado do correspondente fenômeno exterior. Da mesma forma, ajustar o exterior — por exemplo, legislando sobre a paz, contra a discriminação racial, etc. — sem a correspondente mudança do espírito, é um ato igualmente assimétrico. Disto se segue que qualquer tipo de libertação que não seja apenas aparente, parcial ou temporária, deve ser um processo espontâneo, no qual a “vontade” não desempenha nenhum papel — um processo que resulta apenas de uma compreensão profunda de todo o campo da atividade consciente. Portanto, a única libertação verdadeira é a do homem que vive inteira e intensamente neste mundo, sem quaisquer restrições mentais, embora talvez este não seja o seu mundo.

Com tal enfoque, estritamente não-dualista da Realidade, é possível um modo de vida realmente coordenado, no qual tudo, embora aparentemente irrelevante, assume um significado mais profundo. Por exemplo, sondar a insubstancialidade do átomo pode concorrer para o autoconheci mento, ao se examinar com clareza a nulidade de nossa própria natureza. Inversamente, conhecendo a si mesmo, o observador pode lançar novas luzes sobre o mundo, o qual, afinal de contas, só se torna conhecido pela intervenção dos sentidos do observador. Da mesma forma, e de acordo com este ponto de vista, a Sociedade não pode estar divorciada do indivíduo, porque política, econômica e psicologicamente ele é, em sua totalidade, um produto dessa Sociedade. Querer saber qual dos dois é basicamente mais real assemelha-se muito àquela pergunta proverbial sobre o ovo e a galinha. Isso porque viver é agir, e porque cada ação afeta diretamente o relacionamento com os outros e com todo o ambiente; um homem em busca da emancipação é um indivíduo engajado. A pessoa “religiosa” que se esquiva de toda forma de atividade mundana, por estar 100 por cento de seu tempo ocupada na realização da salvação pessoal, representa um absurdo tão grande quanto a pessoa “mundana”, que emprega todo o seu tempo ganhando dinheiro, sem jamais fazer nada que não seja essencialmente “vantajoso”. Nem sequer se trata de equilibrar a própria atividade — digamos, combinando uma determinada dose de “meditação” com uma quantidade equivalente de “boas ações”. O homem que é sincero consigo mesmo e, por conseguinte, nunca se conforma, representa um fator importuno para as forças sombrias do conservadorismo no mundo, mesmo que ele não se empenhe em “derrubar o governo”. Tal espécie de homem, no transcorrer de uma existência exercerá um efeito tremendo sobre a sociedade; embora, talvez, imperceptivelmente, tenha contribuído de um modo real para a mudança dessa sociedade.

Robert Powell - A Mente livre

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill