Temos muito medo do vazio e desejamos preenchê-lo. Temos medo de nossa esgotante solidão, e procuramos fugir dela. É o fugir que gera o medo; mas o fugir nos põe ativos e, por isso, quando fugimos, pensamos que estamos sendo muito POSITIVOS. Quando você tiver compreendido essa solidão, depois de atravessá-la e ultrapassá-la, descobrirá por si mesmo o que HÁ quando o "eu" já não existe. Mas, como em tudo mais, Senhor, você deve começar pelo VAZIO. A taça só é útil quando vazia. Mas, para compreender esse vazio, É PRECISO ATRAVESSÁ-LO num clarão, por assim dizer, e lançar a base correta. Então, você SABERÁ; nunca mais perguntará o que HÁ além daquele vazio.[...]
A taça só pode ser útil quando vazia. Você pode então enchê-la com o de que gosta. Mas se sua taça já está cheia — cheia de sofrimento, aflição, conflito — que utilidade ela tem? Senhor, que utilidade tem nossa vida, tal como é: competição, guerras, conflitos internacionais, divisão entre Oriente e Ocidente, entre esta e aquela religião? Que utilidade tem isso?[...]
A verdade não deve ser buscada. Não há buscar. Como pode uma mente pequena buscar a verdade? A mente pequena, a mente ambiciosa, invejosa, psicologicamente confusa, poderá imaginar, conceber ou formular o que é a verdade; mas o que formular será ainda mesquinho, pequeno, estreito. O importante não é buscar a verdade, porém ficar livre da pequenez, porque então deixais a janela aberta, deixais um espaço no qual aquela imensidade — SE EXISTE — poderá manifestar-se.[...]
Meras ideias, conceitos, conclusões não podem alterar na essência a mente humana.[...] O de que necessitamos é uma tremenda revolução psicológica.[...] A palavra 'deus' não é Deus; o conceito que você tem de Deus não é Deus. Para se descobrir se existe isso que se pode chamar 'Deus', devem desaparecer totalmente todos os conceitos verbais e formulações, todas as ideias, todo pensamento que seja reação da memória. Só então existe aquele estado de 'inocência' em que não há automistificação, nem o querer ou desejar resultado; e então você poderá descobrir por si mesmo o que é verdadeiro. Assim, a mente já não está em busca de experiência. A mente que busca experiência é imatura. A mente inocente já não se interessa por experiência. Está livre da palavra, ou seja da capacidade de reconhecer, com seu fundo de conhecimento.[...] A mente religiosa, ou inocente, está livre da palavra, livre de conceitos, padrões, formulações, e só assim pode uma mente descobrir por si própria se há, ou não, o Imensurável.[...]
É muito difícil comunicar a outra pessoa o significado ou qualidade do "estar só". Em geral nunca estamos sós. Você pode retirar-se para as montanhas e viver como recluso, mas, ainda que fisicamente esteja sozinho, você está ainda acompanhado de suas ideias, suas experiências, suas tradições, seu conhecimento de coisas passadas. [...] Refiro-me a uma solidão em que a mente se acha completamente livre do passado; só assim a mente é virtuosa, porque só nessa solidão pode haver "inocência".[...] Dessa solidão surge uma virtude viril e portadora de um extraordinário sentimento de pureza e delicadeza. Não importa se cometemos erros; o que importa é termos esse sentimento de estarmos completamente sós, não contaminados, porque só então a mente pode conhecer ou perceber aquilo que transcende a palavra, que transcende o nome, que transcende todas as projeções da imaginação.
Krishnamurti - O homem e seus desejos em conflito
A taça só pode ser útil quando vazia. Você pode então enchê-la com o de que gosta. Mas se sua taça já está cheia — cheia de sofrimento, aflição, conflito — que utilidade ela tem? Senhor, que utilidade tem nossa vida, tal como é: competição, guerras, conflitos internacionais, divisão entre Oriente e Ocidente, entre esta e aquela religião? Que utilidade tem isso?[...]
A verdade não deve ser buscada. Não há buscar. Como pode uma mente pequena buscar a verdade? A mente pequena, a mente ambiciosa, invejosa, psicologicamente confusa, poderá imaginar, conceber ou formular o que é a verdade; mas o que formular será ainda mesquinho, pequeno, estreito. O importante não é buscar a verdade, porém ficar livre da pequenez, porque então deixais a janela aberta, deixais um espaço no qual aquela imensidade — SE EXISTE — poderá manifestar-se.[...]
Meras ideias, conceitos, conclusões não podem alterar na essência a mente humana.[...] O de que necessitamos é uma tremenda revolução psicológica.[...] A palavra 'deus' não é Deus; o conceito que você tem de Deus não é Deus. Para se descobrir se existe isso que se pode chamar 'Deus', devem desaparecer totalmente todos os conceitos verbais e formulações, todas as ideias, todo pensamento que seja reação da memória. Só então existe aquele estado de 'inocência' em que não há automistificação, nem o querer ou desejar resultado; e então você poderá descobrir por si mesmo o que é verdadeiro. Assim, a mente já não está em busca de experiência. A mente que busca experiência é imatura. A mente inocente já não se interessa por experiência. Está livre da palavra, ou seja da capacidade de reconhecer, com seu fundo de conhecimento.[...] A mente religiosa, ou inocente, está livre da palavra, livre de conceitos, padrões, formulações, e só assim pode uma mente descobrir por si própria se há, ou não, o Imensurável.[...]
É muito difícil comunicar a outra pessoa o significado ou qualidade do "estar só". Em geral nunca estamos sós. Você pode retirar-se para as montanhas e viver como recluso, mas, ainda que fisicamente esteja sozinho, você está ainda acompanhado de suas ideias, suas experiências, suas tradições, seu conhecimento de coisas passadas. [...] Refiro-me a uma solidão em que a mente se acha completamente livre do passado; só assim a mente é virtuosa, porque só nessa solidão pode haver "inocência".[...] Dessa solidão surge uma virtude viril e portadora de um extraordinário sentimento de pureza e delicadeza. Não importa se cometemos erros; o que importa é termos esse sentimento de estarmos completamente sós, não contaminados, porque só então a mente pode conhecer ou perceber aquilo que transcende a palavra, que transcende o nome, que transcende todas as projeções da imaginação.
Krishnamurti - O homem e seus desejos em conflito