A sociedade fez uma grande obra. A educação, a cultura e os agentes culturais, os pais, os professores - fizeram uma grande obra. Transformaram criadores extasiados em criaturas miseráveis. Toda criança nasce em êxtase. Toda criança é um deus ao nascer. E todo homem morre como um louco. A menos que você descubra, a menos que recupere sua infância não será capaz de tornar-se como as nuvens brancas sobre as quais estou falando. Este é todo o seu trabalho, o sadhana - recobrar sua infância, recuperá-la. Se vocês puderem se tornar crianças novamente então... então não haverá nenhuma miséria. Isto não significa que para uma criança não existam momentos de miséria - existem. Mas mesmo assim não existe nenhuma miséria. Tente compreender isto. Uma criança pode sentir-se miserável, pode ficar infeliz, intensamente infeliz em um momento, mas ela é tão total nessa infelicidade, ela é tão inteira nessa infelicidade, que não existe nenhuma divisão. A criança separada da infelicidade não existe. A criança não olha para sua infelicidade dividida, à parte. Quando a criança está infeliz, fica totalmente envolvida. E quando você se torna inteiro na infelicidade, a infelicidade não é infelicidade. Se você se torna unido a ela, então ela tem sua própria beleza.
Olhe para uma criança - uma criança não mimada, eu quero dizer. Se ela estiver com raiva, toda a sua energia se transformará em raiva: nada será deixado para trás, nada será retido. Ela avançou e ficou com raiva; não há ninguém manipulando e controlando isso. Não há nenhuma mente. A criança tornou-se a raiva - ela não está com raiva, transformou-se na raiva. E então veja a beleza, o florescimento da raiva. A criança nunca fica feia - mesmo na raiva é bela. Fica apenas mais intensa, mais vital, mais viva - um vulcão prestes entrar em erupção. Uma criança tão pequena, uma energia tão grande, um ser tão atômico - com o universo inteiro a explodir.
E após a raiva, a criança fica silenciosa. Após a raiva, a criança fica em paz. Após a raiva, a criança relaxa. Podemos pensar que é uma miséria estar com raiva, mas a criança não fica miserável - ela tem prazer nisso.
Se você se tornar inteiro em alguma coisa, ficará feliz. Se separar a si mesmo de qualquer coisa, mesmo da felicidade, tornar-se-á miserável. Portanto, esta é a chave: Fique dividido com o ego e esta será a base de toda a miséria. Fique inteiro, fluindo com tudo o que a vida traz, fique nisso intensamente, totalmente, de modo a não ser mais, a se perder... e tudo será felicidade. A escolha existe, mas você se tornou inconsciente dela. Escolheu o errado tão continuamente, fez disso um hábito tão morto, que escolhe automaticamente. Nenhuma escolha lhe resta.
Torne-se alerta. Em todos os momentos em que estiver escolhendo ser miserável lembre-se: a escolha é sua. Essa conscientização o auxiliará - essa percepção de que a escolha é minha, de que eu sou responsável, e de que isto é o que estou escolhendo para mim mesmo, de que sou eu que estou fazendo isto. Imediatamente você sentirá a diferença. A qualidade da mente será mudada. Será mais fácil caminhar para a felicidade. E uma vez que você sabe que a escolha é sua, a coisa toda se torna um jogo. Então, se você ama ser miserável, seja miserável. Mas lembre-se: a escolha é sua. E não reclame. Não existe ninguém que seja responsável por isso. Esse drama é seu. Se você gosta desse caminho, se gosta de estar num caminho miserável, se quer passar pela vida na miséria, essa escolha é sua, o jogo é seu. Você o está jogando. Jogue-o bem!
Mas então não vá perguntar às pessoas como não ser miserável. Isto é absurdo. Não vá perguntar aos Mestres e gurus como ser feliz. As pessoas chamadas de gurus existem porque vocês são tolos. Vocês criam a miséria, e depois vão perguntar aos outros como livrar-se dela. E continuam criando miséria, porque não estão conscientes do que estão fazendo.
A partir desse momento, tentem, experimentem ser felizes e alegres.
O S H O