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sábado, 22 de março de 2014

O esquecimento de quem somos na excitação do cotidiano



Se um homem sensato inclina-se a cair sob o fascínio das "coisas" e dos prazeres, esse descuido, obscurecendo o seu intelecto, o levará a perder sua defesa, como uma adúltera perde seu amante. Tal como a espuma em movimento sobre a superfície da água não se afasta sequer por um minuto, a ilusão (Maya) domina mesmo aquele que tem discernimento, se não se mantiver constantemente alerta. — Vivekachudamani

...Bem no fundo todos nós conhecemos o vazio de todas as coisas, todos nós o experimentamos, mas, de certa forma, parecemos esquecer essa experiência e suas lições — esquecemos quem somos — na "excitação" da vida cotidiana. Talvez nossa percepção não tenha sido suficientemente clara, ou foi apenas parcial, incipiente, de forma que aquela compreensão ainda não se tornou uma "segunda natureza" e, assim, parte integrante do nosso ser. E, insistimos, o fato de que ainda exista o dualismo entre o estado "excitado" em que nos esquecemos de nós e os momentos mais tranquilos em que podemos nos dar à "auto-recordação", parece dizer-nos algo significativo sobre a nossa natureza. Talvez, então, nosso estado de vigília seja apenas, na verdade, o de uma existência como que de um sonho (na qual conferimos às nossas percepções — e ainda mais às nossas concepções — uma realidade concreta) e isso está, realmente, desenvolvido em certas religiões e filosofias orientais. Parece-me que se o impacto integral desse fato nos houvesse realmente atingido, não estaríamos nos comportando da forma como o fazemos. Para começar, não haveria lugar para qualquer espécie de fanatismo, seja político, sob a forma de nacionalismo ou comunismo, seja religioso, na adesão de um dogma em particular. Tudo isso seria visto como expressões de limitações, incapazes, portanto, de nos "fascinar", ou mesmo, de no motivar. E, o que é mais importante: se vivêssemos verdadeiramente com o Vazio, nossa atitude em relação à questão da vida e da morte seria totalmente transformada — e tal coisa poderia bem ser o aspecto mais interessante de todo esse caso. O que geralmente chamamos "eu" (que, realmente, é "ego") seria visto sob um prisma inteiramente diferente, no qual não haveria auto-afirmação nem a necessidade de nos tornarmos "sem-eu" ou libertos do "eu" pela autodestruição. Os velhos truísmos sobre a vida e a morte, sobre a limitação do "eu" e sobre a sua transcendência, e assim por diante, seriam, então, vistos como irrelevantes, porque baseados em uma visão absoluta do mundo.      


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill