Apenas uma mente não-agressiva pode ser receptiva. Assim, todas as qualidades que contêm qualquer tipo de agressividade devem ser deixadas de lado. A pessoa tem de ser uma porta aberta para receber — exatamente como um útero. A pessoa deve ter uma receptividade total. Então, a graça está sempre fluindo, o amor está sempre fluindo. De todos os lugares, a graça flui. Em todos os momentos, em todos os lugares a graça está fluindo. É a natureza da existência
Nós não somos receptivos, essa não é a natureza da mente. A mente é agressiva. É por isso que insisto em que a meditação significa não-mente; meditação significa receptividade não agressiva, abertura.
A lógica não pode ser receptiva. A lógica é agressiva: você está fazendo algo. Então, não pode ser receptivo. Você só pode estar receptivo quando não está fazendo nada. Quando está passivo, totalmente desocupado, simplesmente existindo, então está aberto para todos os lados, e de todos os lados vem o fluído da graça. Ele está sempre vindo, mas nossas portas estão fechadas. Estamos sempre fugindo da graça. Até mesmo quando ela bate à nossa porta, nós fugimos.
Existe uma razão para essa fuga continuar. Desde o momento em que a mente nasce, está sempre salvaguardando a si mesma. Nosso treinamento, toda a nossa educação, toda a cultura da humanidade é assim. Toda a nossa mente, toda a nossa cultura está baseada na agressão, na competição, no conflito. Ainda não nos tornamos suficientemente maduros para aprender o segredo da cooperação, para ver que o mundo existe em cooperatividade, não em conflito; que o outro, o vizinho, não é um competidor, mas uma existência complementária que nos torna mais ricos. Sem ele, serei menor. Até mesmo quando um simples indivíduo morre, eu me torno um pouco menor. A riqueza criada por ele, a riqueza transportada para a atmosfera por ele, não existe mais. Em algum lugar, alguma coisa ficou vazia.
Vivemos em coexistência, não em conflito, mas o treino da mente, da inconsciência coletiva, sempre faz com que pensemos em termos de conflito. Quando alguém existe, o inimigo existe: o inimigo é a suposição básica. Você pode desenvolver uma amizade, mas também a suposição básica de que o outro é o inimigo.
A amizade pode ser adicionada ao sentimento original, mas a base é hostil — a suposição básica é que o outro é um inimigo —, você nunca consegue relaxar. Sob a amizade, lá está o inimigo. Você apenas desenvolveu uma FALSA AMIZADE; adicionou algo superficialmente. No fundo sabe que o inimigo está sempre presente, sabe que o outro é o inimigo. Assim, mesmo com um amigo, você não está à vontade; mesmo com um amante, não está tranquilo. Sempre que a outra pessoa está presente, você fica tenso: o inimigo está presente. É claro que a tensão fica menor quando você cria uma FACHADA AMIGÁVEL. Ela é menor, mas continua presente.[...]
A mente não pode pensar em ser receptiva. A mente conheceu apenas uma coisa a respeito da qual não foi capaz de fazer nada: a morte. A única coisa que a mente conheceu e com a qual teve de ser receptiva foi a morte. Assim, sempre que alguém lhe diz para ser receptivo, em algum lugar escondido, você sente a morte. Se eu lhe digo para ser receptivo, a mente dirá que se você for receptivo morrerá: "Seja agressivo se quiser existir e sobreviver! O mais qualificado é o que sobrevive, o mais agressivo é o que sobrevive. Se você for receptivo, morrerá".
É por isso que a receptividade nunca é compreendida — nunca é ouvida, nunca é compreendida. tem-se falado de receptividade de muitos modos. Quando alguém diz "Renda-se!", isso significa: "Torne-se receptivo". Render-se significa deixar de ser agressivo. Quando alguém diz: "Tenha fé", isso significa "Seja receptivo". Não use a LÓGICA para ser agressivo. Receba a existência como ela é, deixe-a vir.
A mente não pode amar, porque amar significa ser receptivo. Até mesmo no amor somos agressivos.[...] A mente humana, tal como ela é — tal como evoluiu do passado —, não pode amar porque não pode ser receptiva. Só pode ser agressiva. Não que você esteja amando: seu amor é apenas uma procura do amor do outro. Mesmo quando você age amorosamente é apenas para forçar a correspondência. Há uma lógica sagaz. Você está sempre exigindo amor, e se você dá amor é apenas para tornar sua exigência mais forte.
A mente humana não pode amar. Se você perguntar àqueles que conhecem, àqueles que realmente amaram — se você perguntar a Buda, ele dirá: "A menos que a mente morra, o amor não pode nascer". E a menos que exista amor, você não pode sentir a graça, porque apenas no amor você se torna aberto.
O S H O
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