A maioria de nós prefere escapar dos
problemas prementes a solucioná-los. Temos vários meios pelos quais
podemos fugir deles: através das drogas e de inúmeras formas de
diversões, através da religião organizada — uma forma benigna de
entretenimento intelectual. E se não escapamos, procuramos orientação e
apoio, pois necessitamos mais dessas muletas morais do que das
materiais. Entretanto, feliz ou infelizmente, existe um setor na vida de
cada um no qual nos sentimos completamente sós; nesse plano, temos que
travar nossas próprias batalhas, encarar nossas mais íntimas ansiedades e
imaturidade para que assim possamos amadurecer. Se não o fazemos, quem
pode nos ajudar? Afinal de contas, isso é que constitui a vida, ou não?
Um processo de contínuo aprendizado, algo inteiramente diferente da
ideia de que “uma vez informados, aprendemos alguma coisa”. Se lhe
disserem como dirigir sua vida, como solucionar um determinado problema
psicológico, a vida sempre frustrará o seu pequeno e cuidado esquema,
apresentando-lhe novos problemas sobre os quais ninguém lhe disse nada.
Assim, precisará sempre de mais auxílio, de mais apoio exterior e,
portanto, jamais será capaz de se erguer sozinho.
Certamente, não vamos promover este processo. Nossas declarações não devem ser sorvidas como verdade absoluta, mas se destinam a forçar o leitor a refletir sobre o assunto. O fato de simplesmente aceitá-las ou rejeitá-las não tem qualquer valor; elas deixam o problema basicamente sem ser resolvido. Mas, para aprofundar nosso conhecimento, talvez seja útil discutir, investigar juntos, ressaltar certos fatos interessantes (não opiniões) descobertos por nós mesmos — sem qualquer pressão, sem qualquer desejo de fazer com que os outros aceitem um determinado ponto de vista. Os fatos (caso sejam fatos) falarão por si mesmos; na realidade, somente os fatos podem fazê-lo. Portanto, um dos primeiros requisitos será ser capaz de diferenciar entre o fato e a mera opinião. É bem possível que o meu pretenso “fato” possa ser uma opinião, e quanto mais cedo eu compreender isso, melhor. E o meu fato, sendo um fato, bem poderá ser uma opinião para vocês. Para sermos acessíveis aos fatos, para sermos exatos em nossas observações e distinguirmos claramente o falso como falso, é necessária uma certa sensibilidade e uma grande dose de amor — um amor ardente para sentir e viver pela Verdade, por amor a essa Verdade. Esperemos que esta pesquisa em conjunto, relativa a muitas questões apaixonantes, possa despertar essa sensibilidade e provocar um espírito entusiasta de investigação, tanto no leitor quanto no escritor.
Tenho a impressão de que aquilo que muitas pessoas dadas à meditação desejam no mundo é um aprofundamento de seus conhecimentos nos assuntos fundamentais; elas estão começando a compreender que ignorá-los é uma das principais causas de sua frustração. Além disto, a verdade começa a aparecer lentamente no sentido de que, para essa compreensão básica, não precisamos recorrer a livros, mestres ou revelações de origem religiosa - nenhum dos quais merece crédito, pois todos são passíveis de várias interpretações. Tampouco devemos deixar que nos impinjam uma crença, que, na realidade, é uma forma de conforto, mas que nada tem a ver com o que é.
O que tentaremos fazer neste estudo é discutir os problemas humanos de interesse geral, a partir de um ponto de vista mais “intrínseco” do que é habitual. Esta afirmação precisa ser mais esclarecida. Um problema, quer seja individual ou social, nunca pode ser solucionado quando isolado. Por exemplo: o problema da guerra não pode ser devidamente compreendido sem o conhecimento da subdivisão da humanidade em nacionalidades, religiões e raças. O problema do amor nunca pode ser compreendido sem abordar toda a questão do relacionamento. Por baixo dos aspectos superficiais de um problema jaz um tremendo tumulto na Consciência que, por assim dizer, representa o útero do qual nasceram nossos pensamentos e ações. Assim sendo, qualquer assunto só pode ser compreendido quando todo o quadro é aprendido — não apenas o seu aspecto superficial, mas também os ocultos; e esta totalidade inclui, naturalmente, o relacionamento ou conexão do problema com o homem, o criador do problema. Independentemente do que os psicanalistas nos dizem, nenhuma parte da psique pode ser totalmente compreendida sem considerar conjuntamente o campo da psique.
Para examinar esta vasta área, o nosso habitual e fragmentário enfoque analítico de nada serve. Descobrir alguma coisa em sua totalidade, num lampejo, sem que se proceda a um exaustivo sumário de uma multidão de pequenos fragmentos de informações, é o início da meditação.
Robert Powell - A Mente Livre
Certamente, não vamos promover este processo. Nossas declarações não devem ser sorvidas como verdade absoluta, mas se destinam a forçar o leitor a refletir sobre o assunto. O fato de simplesmente aceitá-las ou rejeitá-las não tem qualquer valor; elas deixam o problema basicamente sem ser resolvido. Mas, para aprofundar nosso conhecimento, talvez seja útil discutir, investigar juntos, ressaltar certos fatos interessantes (não opiniões) descobertos por nós mesmos — sem qualquer pressão, sem qualquer desejo de fazer com que os outros aceitem um determinado ponto de vista. Os fatos (caso sejam fatos) falarão por si mesmos; na realidade, somente os fatos podem fazê-lo. Portanto, um dos primeiros requisitos será ser capaz de diferenciar entre o fato e a mera opinião. É bem possível que o meu pretenso “fato” possa ser uma opinião, e quanto mais cedo eu compreender isso, melhor. E o meu fato, sendo um fato, bem poderá ser uma opinião para vocês. Para sermos acessíveis aos fatos, para sermos exatos em nossas observações e distinguirmos claramente o falso como falso, é necessária uma certa sensibilidade e uma grande dose de amor — um amor ardente para sentir e viver pela Verdade, por amor a essa Verdade. Esperemos que esta pesquisa em conjunto, relativa a muitas questões apaixonantes, possa despertar essa sensibilidade e provocar um espírito entusiasta de investigação, tanto no leitor quanto no escritor.
Tenho a impressão de que aquilo que muitas pessoas dadas à meditação desejam no mundo é um aprofundamento de seus conhecimentos nos assuntos fundamentais; elas estão começando a compreender que ignorá-los é uma das principais causas de sua frustração. Além disto, a verdade começa a aparecer lentamente no sentido de que, para essa compreensão básica, não precisamos recorrer a livros, mestres ou revelações de origem religiosa - nenhum dos quais merece crédito, pois todos são passíveis de várias interpretações. Tampouco devemos deixar que nos impinjam uma crença, que, na realidade, é uma forma de conforto, mas que nada tem a ver com o que é.
O que tentaremos fazer neste estudo é discutir os problemas humanos de interesse geral, a partir de um ponto de vista mais “intrínseco” do que é habitual. Esta afirmação precisa ser mais esclarecida. Um problema, quer seja individual ou social, nunca pode ser solucionado quando isolado. Por exemplo: o problema da guerra não pode ser devidamente compreendido sem o conhecimento da subdivisão da humanidade em nacionalidades, religiões e raças. O problema do amor nunca pode ser compreendido sem abordar toda a questão do relacionamento. Por baixo dos aspectos superficiais de um problema jaz um tremendo tumulto na Consciência que, por assim dizer, representa o útero do qual nasceram nossos pensamentos e ações. Assim sendo, qualquer assunto só pode ser compreendido quando todo o quadro é aprendido — não apenas o seu aspecto superficial, mas também os ocultos; e esta totalidade inclui, naturalmente, o relacionamento ou conexão do problema com o homem, o criador do problema. Independentemente do que os psicanalistas nos dizem, nenhuma parte da psique pode ser totalmente compreendida sem considerar conjuntamente o campo da psique.
Para examinar esta vasta área, o nosso habitual e fragmentário enfoque analítico de nada serve. Descobrir alguma coisa em sua totalidade, num lampejo, sem que se proceda a um exaustivo sumário de uma multidão de pequenos fragmentos de informações, é o início da meditação.
Robert Powell - A Mente Livre