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domingo, 14 de agosto de 2016

A iluminação é a consumação do desejo no que é essencial

Enquanto não estiverdes despertos para a Fonte de vosso desejo, não haverá liberdade por intermédio da qual unicamente se encontra o entendimento da Verdade. É essencial estar plenamente apercebido do que se pensa., do que se sente e das causas destas coisas, porque a ação pode ou dissipar ou aumentar a ignorância. A ignorância é o desejo colhido pelo esforço de ir em direção aos valores mutáveis. Haveis de ver que, enquanto o vosso desejo, que provoca a ação, estiver cativo de valores continuamente cambiantes, jamais estará quieto, jamais estará tranquilo. No perseguir as coisas, o desejo é aumentado. A iluminação é a consumação do desejo no que é essencial. Enquanto o desejo, que é a fonte da ação, estiver cativo de valores ainda não compreendidos, há ignorância. Iluminação é a percepção do valor essencial, e o sempre habitar nele. Assim, tendes que averiguar o padrão segundo o qual julgais dos valores e verificar até que ponto torceis vossa vida para adaptá-la. Porque, enquanto o desejo estiver na prisão das crenças, motivos, ideais, mesmo que seja pelo desejo do Ultérrimo, a ação se acha escravizadas: pois que, então, não compreendeis o imediato, o único que encerra o essencial.

Ora, a maioria das pessoas pensa em conformidade com o fundo de tradição morta. A sua ação brota de um pensamento cristalizado. A ação, condicionada pela crença, conquanto magnífica, cria e diminui a eu-consciência, a qual é a fonte, a raiz da ignorância. Tomai um pensamento que tenha suas raízes na crença, tal como a crença na reencarnação. Por meio dessa crença o pensamento é constantemente modelado pela ideia de continuidade. O homem, prisioneiro dessa crença, não estará vivendo plenamente, com intensa concentração no presente, que exclui todas as crenças, todas as ideias. Outros acreditam na ideia de progresso e que, gradualmente, pelo acumulo das experiências, a seu tempo atingirão a flor do entendimento que lhes proporciona a realização da Verdade. Repito: se tiverdes esta crença, não estareis vivendo no presente. Estareis apenas postergando as coisas. O presente é o conjunto de todo o tempo, e o que não compreendeis, cria o futuro. O que compreenderdes plenamente, elimina o tempo. Se tiverdes a crença de que a vida, a realização da Verdade só pode ser alcançada noutro plano de consciência, nada mais fareis do que evitar o presente. Daí o ser limitada a vossa ação, ela aumenta a eu-consciência que é ignorância. Deveis libertar o desejo de todas as limitações motivadas por crenças, por ideias.

A ação baseada numa intenção, na ideia de posse, de teu e meu, vaidade, sensualidade, crueldade, — tal ação redunda sempre em cativeiro. Deveis vos aperceber, precisais saber se o vosso pensamento e a vossa emoção estão limitados pela eu-consciência. Quando me sirvo desta expressão: “eu-consciência”, quero dizer, um centro no qual existem todas as virtudes e qualidades. Elas são apenas ornamentos; e se quiserdes realizar a Verdade, toda encenação e ornamentos devem ser abandonados. Assim, verificai se o vosso pensamento se acha amesquinhado por quaisquer qualidades, quaisquer virtudes, qualquer pensamento do eu. Isto não é muito difícil; mas, deve haver o desejo da compreensão da plenitude do pensamento e somente então pode a ação da entendimento. O entendimento não pode vir pelas crenças, de credos ou ideais.

O passado é a memória, isto é, a compreensão incompleta da experiência de ontem. Os pensamentos e as emoções de ontem, se os não compreenderdes bem, criarão a memória da incompletude; hoje existe a memória de ontem. A incompletude de hoje — cria o amanhã e assim se manifesta a continuidade da memória que é tempo. Quando a ação de hoje é completa, não existe o amanhã. O ontem domina se a compreensão da experiência de ontem não foi completa. Um desejo não compreendido no presente cria o tempo. O amanhã nada mais é que a incompletude de hoje e daí o desejo pela continuidade. Examinai uma experiência e compreendereis o que eu quero dizer. Se amardes alguém, haverá nesse amor o desejo de posse; mas nesse amor há também um intenso sentimento que não é da personalidade, esse afeto cristalino que não conhece distinção. A mente limita esse amor com atração, conflito, desejo e sensualidade. Se puderdes libertar a mente da distinção, chegareis a compreender o amor que é a verdadeira essência da Realidade, que não conhece unidade nem separatividade, que é a própria eternidade.

Considerai a experiência da morte. A tristeza da morte é apenas solidão em conflito com o amor. Morreu alguém que amáveis e estais sós, e assim há tristeza. O entendimento completo dessa experiência é conhecer o amor sem distinção. Quando tiverdes o amor que não conhece a outrem como vossa esposa, vosso filho, vossa mãe, vosso irmão, ou amigo, então não haverá morte. Se não compreenderdes plenamente a experiência da morte, apegai-vos à continuidade, tendes sede de vos unirdes àquele que perdeste. Daí a ideia da vida depois da morte, a ideia de reencarnação, a sede pela continuidade da eu-consciência. A memória de ontem só existe enquanto a compreensão da ação é incompleta. Para ter a plena compreensão de uma experiência, não podeis basear o pensamento em crenças ou em incentivos, mas tendes que viver intensamente no presente. Deveis ter uma mente plástica, alerta, descarregada, livre de ideias e crenças, e só então podereis colher o significado pleno de uma experiência no presente. Assim, estais livres da ideia de tempo.

O eu-consciência, então, é memória, uma continuidade. A memória não traz entendimento e o entendimento não nasce da repetição. O que vos dá entendimento é libertar a mente da ilusão de individualidade e viver intensamente no presente, que é compreender a alegria da Vida, a plenitude da Vida; não que sejais escravos de variedades tais como mutáveis tristezas, ansiedades, dores e aspirações.

Por favor, não aceiteis coisa alguma do que digo, mas examinai cuidadosamente, inteligentemente, sem as ideias preconcebidas de uma crença. O entendimento não vos chega pela experiência de outrem. Se considerardes o que eu digo, vereis que esta glorificação da eu-consciência, a individualidade, o ego, não conduz à Verdade; pois que a individualidade é limitação, é sempre incompleta em si mesma. A compreensão incompleta de uma experiência cria o tempo, que é memória — não confundir com a memória dos fatos — e essa memória vos persegue até que plenamente compreendais a experiência. Isto não quer dizer que deveis andar à cata de experiências. Não podeis viver sem experiência: toda a vossa existência é experiência. Todo minuto é um conflito, se disso vos aperceberdes, porém a maioria das pessoas evita este conflito por meio de crenças, por meio de dogmas, por meio de credos.

O desejo de divindade, de perfeição da eu-consciência, cria ignorância. Não podeis encontrar a felicidade da Verdade por meio do egoísmo. Não podeis tornar divino o egoísmo. No entanto, é o que a maioria das pessoas se esforça para fazer. A dissolução da eu-consciência, o centro do egoísmo, não é aniquilamento, mas a realização da Vida eterna. A eu-consciência só pode interpretar esta Vida eterna em termos de aniquilamento ou continuidade, pois que o centro do egoísmo só pode existir nos opostos.

Pelo vosso próprio esforço para compreender a plenitude de uma experiência, que é eternamente do presente, compreendereis a Verdade, que é a plenitude do êxtase. É viver plenamente, não estar sob o peso de uma crença, qualquer que ela seja. Na crença incluo a concepção do Ultérrimo, pois que ela será sempre uma ilusão, até ser experimentada. Só a mente que é flexível, transparente e alerta, liberta de crenças e ideias, pode alcançar a serenidade da Vida.   
  
 Krishnamurti em palestra em Oak Grove, Ojai, 1931
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill