Pergunta: Sempre me sinto mentalmente estimulado quando estou perto de vós, mesmo quando não falais. Se me fosse possível, sempre estaria próximo de vós, pois que isto parece comunicar-me grande soma de energia, confiança e entendimento. É isto uma ilusão ou é vossa presença a benção que se nos afigura?
Krishnamurti: Se sois um pintor e estiverdes próximo a um grande pintor, sereis estimulado. Mas, se o aumento de interesse não redundar em maior entendimento, será de pouco valor. Não desejo apresentar-me para ser adorado e ter seguidores, pois que esse ultérrimo entendimento da Verdade jaz o íntimo de todos. Desejo auxiliar-vos a compreender exatamente que pelo vosso próprio esforço e não pela adoração, se manifesta a compreensão da Verdade. Posso auxiliar-vos a ver isso; porém, só pelo vosso próprio esforço podereis vos libertar de vossa peculiar eu-consciência, coisa que só pode ser conseguida vivendo e não estabelecendo mera teoria a respeito. Neste caso, um tal auxílio é permanente, porque parte de vosso próprio entendimento; ao passo que, quando simples estímulo externo, é de pouquíssimo valor.
Pergunta: Um teosofista diz que o vosso ensinamento é uma espécie de ocultismo modificado. Por exemplo, que o que denominais libertação parece equivaler mais ou menos ao que os teosofistas descrevem como a quinta Iniciação oculta, quando o homem alcança a perfeição e se torna Adepto. Aquilo de que falais, portanto, corresponde à quinta Iniciação oculta. Concordais com isto?
Krishnamurti: Não concordo e nem discordo. Compete-vos ajuizar. Quando me fazem perguntas dessa natureza, geralmente isso indica que o questionador deseja conservar a sua ideia. Ele diz a si mesmo: “Ambas as concepções são idênticas, assim, porque molestar-me examinando a vossa?” Deste modo continua, negligentemente, em seu entendimento superficial, que pode ser conhecimento, mas não é sabedoria. Não falo de crenças. Para saber se concordo ou não com a Teosofia, deveis estudar que ensina a Teosofia e o que eu digo, examinando ambas as coisas imparcialmente. Quando falo na Índia, rotulam o que digo por Budismo e Hinduísmo. Com esse rotular de ideia, cessa a investigação. Só pela constante investigação se consegue entendimento.
Krishnamurti, palestra em Ommen, verão de 1931