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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A mente deturpa o amor e cria a dualidade


Estou tentando explicar algo que é quase impossível de traduzir em palavras. Minhas palestras podem, portanto, dar a impressão de que estou expondo uma filosofia complicada. Se meramente acompanhardes a letra, não compreendereis; se somente lhe tomardes o espírito, interpretareis o que estou me esforçando por transmitir, de acordo com as vossas crenças, preconceitos e fantasias.

Ser simples não é ser primitivo; simplicidade é riqueza, plenitude de compreensão. No viver com plenitude, eis como chegais a esta simplicidade, a única que vos pode proporcionar a realização da Verdade. Para viver simplesmente, e, portanto, intensamente, não podeis seguir uma direção ou trilhar um caminho qualquer que seja. Muitos caminhos há que levam ao prazer, à consolação, às fantasias, aos deuses; porém, para a compreensão da vida, não há caminho algum. Para tal não pode haver regras, e, no entanto, cada qual se esforça por moldar sua vida de acordo com um dado conjunto de ideias. É coisa vital o compreender que tendes de viver inteiramente pela vossa própria integridade de pensamento, sem depender das ideias e da verdade trazidas por outrem. A verdade é a compreensão do mérito essencial de todas as coisas. Este entendimento, em si, vos liberta do que não é essencial. E então, vivereis com energia concentrada no que é essencial, e que é iluminação. Esta compreensão não vos pode ser dada por outrem, a ela não podeis chegar por meio de qualquer tradição. Nem tão pouco será pela erudição que tereis a compreensão. O conhecimento é excelente, porém não vos proporciona entendimento algum. Só a mente liberta de ideias preconcebidas, de motivos, pode realizar a Verdade. Tendes que libertar vossa mente de toda a limitação e, para isto fazerdes, não vos podeis mover numa direção qualquer estabelecida ou possuir uma meta em direção à qual tenhais que trabalhar. Para compreender a vida, para compreender o valor do transitório, que encerra o essencial, vossa mente tem que estar isenta de motivos. Entendo por motivo um incentivo à ação. Não deveis ter motivos para a ação, porque na própria ação é que está o entendimento; se tiverdes um incentivo, ele vos roubará a compreensão da ação. Quando admitis ideias e vos esforçais por leva-las ao terreno da ação, destruís o entendimento de vossa ação, a qual, unicamente, vos pode libertar da eu-consciência.
A vida, a verdade, é infinita, não pode ser compreendida pela mente em cativeiro. Ela só pode ser realizada pela mente que estiver liberta de todas as qualidades, opostos e distinções criadas pela eu-consciência. A eu-consciência é sempre limitada. Não a podeis tornar perfeita pelo acumulo de experiências ou confiando na memória, a qual é tempo. Para mim, não existe consciência superior; toda consciência é eu-consciência, é limitação. A consciência sempre pertence ao particular, à individualidade; portanto, precisais libertar essa eu-consciência por meio da inteligência, e inteligência é a contínua escolha em ação.

Para tornar a mente perfeita por meio da inteligência, o que é libertar da eu-consciência, tendes que ter em vista o desejo. Se não compreenderdes o vosso próprio desejo, vivereis numa ilusão de falsos valores. Tendes que proceder a uma busca de vossos secretos desejos; e verificareis então que todo o desejo, mesmo o mais sublime, está preso no cativeiro da consolação, da satisfação, e desse cativeiro provém o medo. Portanto, não é caso de vos libertardes do desejo, porém sim de libertar o desejo da sua limitação. Desejo é vida, mas vós o perverteis por meio de falsos valores e falsos padrões. Assim, se examinardes vosso desejo, verificareis que existe um conflito entre o que ele anseia e o medo que para si mesmo criou. Neste conflito entre o desejo e o temor, estabeleceis falsos valores e desperdiçais energia nesse esforço, nesse conflito. A colheita de energia é energia é desejo consumado no essencial, que é iluminação. O entendimento da experiência, que desperta em vós o senso do valor verdadeiro, da compreensão da vida, não vos pode ser dado por outrem. Por isso tenho eu repetido constantemente que deveis deixar de parte vossas crenças, ideias, motivos, e buscar encontrar por vós próprios o verdadeiro mérito de cada experiência, isto é, de cada reação.

Muita gente anseia por conhecer o plano divino e sua finalidade, afim de poder torcer sua vida transitória na direção dessas pretensas verdades eternas. A verdade jamais pode estar contida em um ideal, em um plano ou sistema de pensar. A verdade sempre escapa ao homem cuja mente se modela na conformidade de um padrão. A verdade jamais pode ser percebida ao começo da pesquisa; somente por ocasião da consumação dessa pesquisa é que ela se revela. Qualquer tentativa para encerra-la em uma teoria ou plano, é sempre falsa, e moldar a si mesmo de acordo com uma tal falsidade é a própria negação da vida. No entanto, vedes que isto acontece com todo o mundo, as pessoas modelam-se de conformidade a um elevado ideal, o qual mais não é que uma perversão da mente e do coração.

Se na realidade examinardes o desejo, ireis eliminando aquilo que não vos servir e, portanto, estareis libertando a mente da limitação do desejo. Isto vos pode parecer uma maneira negativa de viver, porém não o é. No ato de compreenderdes aquilo que não quereis, vossa energia, em lugar de dissipar-se no que não é essencial, concentra-se naturalmente no que é essencial. Esta consumação da energia é iluminação que revela a verdade. Portanto, tendes que começar por verificar se sois ou não escravos de crenças, se vossos sentimentos são para a posse, se dependeis de riqueza para a vossa felicidade. Não vos descarteis das coisas por pensar que é tradicionalmente correto o ser desprendido. Pela eliminação gradual, por meio da compreensão do desejo em sua consumação sem temor, estareis libertando-vos do não essencial. A persecução do não essencial nada mais é que o esforço colhido pelos falsos valores. Isto é, se vosso desejo estiver constantemente buscando satisfação própria, se estiver ajustando-se a valores falsos e não libertando-se deles, vossa energia estará sendo dissipada. Assim, não haverá mais a concentração, que é o rico entendimento da experiência.

Assim, pois, no conservar e libertar a energia, o que é verdadeiro esforço, tornai-vos acautelados e somente então sereis plenamente autoconscientes. Quer isto dizer que, então, sereis indivíduos plenamente responsáveis pelas vossas ações. E então verificareis que vossas ações e reações provêm de vós próprios e vos tornais, assim, plenamente apercebidos de vós mesmos. Então, podereis começar a libertar a vossa mente por meio da inteligência na ação. A ação é a resultante do desejo, e o desejo não compreendido cria e fortifica a eu-consciência.

Como vos disse, não se trata de libertar o amor da limitação. O amor é sua própria eternidade, na qual não existe “tu” nem “eu”. É a mente que deturpa o amor e cria a dualidade. Só podereis encontrar a realidade última por meio da plenitude do coração e da plenitude da mente e não sobrepujando uma por meio da outra. O desejo de posse admite a dualidade “tu” e “eu” e, enquanto o amor estiver nesse cativeiro, há solidão, dor e prazer. Para evitar esta tristeza, dedicais vosso amor a um ideal ou a um salvador, o qual só momentaneamente disfarça vosso vazio isolamento. A maior parte de vós temem defrontar o isolamento. Buscam fugir-lhe apegando-se ao auxilio externo. No defrontar, entretanto, a pobreza de vosso próprio afeto e de vosso próprio pensamento, é como chegareis a realizar a riqueza da vida. Isto, porém, exige o despedaçamento dos símbolos que são vossas esperanças, e é aí que a verdadeira pesquisa começa.               

Krishnamurti em Oak Grove, Ojai, 7 de fevereiro de 1932
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill