Pergunta: Quais as condições para ser um verdadeiro devoto e seguidor
seu?
Krishnamurti: Não deve
existir o desejo de seguir ou imitar a quem quer que seja. Eu não desejo
seguidores, não tenho discípulos. Não pretendo posição nem autoridade. No
entanto, dizeis: “É-me muito mais fácil seguir a outrem, é muito mais fácil ser
portador de um rótulo, revestir-me desta ou daquela insígnia”. Há muitos
santuários a beira do caminho, muitos templos, muitos deuses e muitos adoradores;
porém, só existe uma Verdade e, se fordes sábios, se realmente vos encontrais
desejosos de achar a Verdade, abandonareis todas essas coisas e seguireis a vós
próprios. Se a vós próprios seguirdes, então eu serei o vosso companheiro.
Pergunta: Que significado e valor emprestais ao termo “instrutor do
mundo”? Será todo aquele que alcança a libertação um “instrutor do mundo”?
Krishnamurti: Não vos
incomodeis com os termos, rótulos e frases. Eu tenho ao “instrutor do mundo”
como alguém que realizou a Verdade. O oceano não pode ser trazido para o rio, e
assim o rio tem de buscar o oceano. Do mesmo modo, para tingir este estado de
libertação que pode ser comparado ao oceano, o indivíduo tem que avançar em
direção desse oceano; este não pode vir até ele, porque não pode ser
condicionado. Para mim, a realidade do “instrutor do mundo” não está no nome
mas no fato de atingir a libertação, esta iluminação. Para mim, a realidade é
que um indivíduo pode atingir essa liberdade de eu-consciência, essa
purificação, essa libertação do eu que lhe proporciona imensa calma,
serenidade, placidez, força e desprendimento afetivo de todas as coisas.
Krishnamurti, reunião de perguntas e respostas, 1931