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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Responsabilidade é egoísmo

Pergunta: Falais da Vida sempre se renovando. Porque usais a palavra “renovar”? Não é a Vida sempre completa, jamais exaurida, sem necessidade de renovação?

Krishnamurti: Faço uso das palavras “renovar” para transmitir a ideia de que não existe começo nem fim. Aquilo que sempre está se renovando, que é sempre plástico, é a Vida. Aquilo que sempre está se recriando é imortalidade, é eternidade. Estou me esforçando por descrever o indescritível e jamais entendereis, se vos esforçardes para copiar. A imortalidade, a realização do que está isento de morte, não é coisa estática, não é um fim, uma conclusão; é a essência concentrada da própria Vida, que é energia. Não podeis pensar da energia como sendo um fim. Vós dela pensais como um fim, porque pretendeis atingir este fim; quereis alcança-lo, de modo a sentir a satisfação de haver feito progresso. Por essa razão vos tenho estado a dizer que não pode existir consecução, porque, aquilo mesmo que atingirdes, vos destruirá. Se buscardes um fim e vos esforçardes por atingi-lo, estareis destruindo essa mente que a si própria busca libertar-se.

Pergunta: Haveis dito que se estivésseis em posição de ter responsabilidade para com os outros, cumpriríeis esse dever, porém não tomaríeis novas responsabilidades. Porque não? Para que evitar ação e trabalho neste mundo de objetividade? Será que a plena realização da Verdade coloca o interesse do homem fora do seu trabalho cotidiano no mundo? Não será a sua busca um processo interior, contínuo, independente de sua ação e responsabilidade diária, embora saturando-os?

Krishnamurti: Certamente, concordo com o inquiridor; vou, porém, tentar explicar algo que será certamente mal compreendido, portanto, esforçai-vos por prestar-me atenção.

Responsabilidade é egoísmo. Sois responsáveis para com os vossos pertences, não é assim? Tendes deveres para com os vossos. Dizeis: “tenho que ter em vista meu filho, minha esposa, meus bens, portanto, tenho responsabilidades”. Ao passo que eu vos falo da liberdade em que não há distinção de “teu” e de “meu” e, portanto, nem responsabilidade nem o seu oposto. Quanto mais vos inculcais como responsáveis pelo bem do homem e da sociedade, no sentido de seguir um sistema, mais autocentrados, estreitos, tolos, vos tornais. Se, porém, a mente não estiver limitada pelo desejo, se não estiver embaraçada pela ideia do “meu” e do “teu”, sereis livres e conhecereis a verdadeira responsabilidade que não é uma fuga da ação.

Enchei-vos de deveres, tornai-vos falsamente responsáveis, enquanto existi a ideia de “vosso”. Não sois responsáveis por mim, não é verdade? Se, porém, eu for vosso amigo particular, vosso companheiro, vosso esposo, vossa esposa, vosso filho, vós vos tornais responsáveis. Isto quer dizer que pretendeis dominar-me, guiar-me, ajudar-me, proteger-me. Portanto, aquilo que chamais responsabilidade nada mais é do que uma forma sutil de posse, de desejo; ao passo que eu vos falo da libertação de todo desejo.

A verdadeira ação somente é possível quando a mente estiver completamente livre da eu-consciência, do desejo. A verdadeira espontaneidade, é ser completamente livre; então vossa ação não terá motivos. Se compreendeis isto, se viverdes alguns dias com apercebimento, sabereis o que é a verdadeira ação. Vereis que, se estiverdes libertos da responsabilidade, sereis a própria reflexão; cedereis ao inevitável, e neste ceder está o êxtase da Vida.

Pergunta: Será possível estar isento de motivos e, apesar disso, ter ativo interesse por uma particular forma de trabalho?

Krishnamurti: Porque não? Quereis dizer que vos interessais pelo trabalho, porque ele vos devolve algo em retorno. Todo o arcabouço da civilização se acha edificado sobre esta ideia, porém os poucos que compreendem têm que romper com isso. Para se estar isento de motivos na ação, é preciso se libertar da vontade coletiva e pessoal. Romper com a uniformidade de pensamento, e isto exige grande apercebimento e a alegria da solidão; vós, porém, pensais que este isolamento é uma desgraça, algo de trágico, de espantoso, que vos faz fugir.

Pergunta: Não estamos, apesar disso, interessados pela Realidade que nos dá liberdade?

Krishnamurti: Se estiverdes interessados em qualquer coisa porque ela vos proporciona algo, nada mais será que desejo, não é? Por acaso amais a outrem porque vos dá alguma coisa? Se tiverdes em vista a Realidade com o fim dela vos proporcionar o que denominais liberdade, certo não vos a dará, e tornar-vos-á escravos de vossa ideia.

Como disse, a verdadeira ação, isenta de motivos, só é possível quando houver cessado o desejo. Só podeis agir claramente, livremente, quando a mente estiver liberta de toda a sensação e só então cessará vossa ação de produzir caos completo que no mundo existe presentemente. A ação isenta de motivos é, na realidade, verdadeiramente livre; nela não há cálculo nem desejo. Fazer algo que de momento vos agrada, não é espontaneidade. Espontaneidade de ação é plenitude de percepção, e esta somente ode ser obtida pelo processo de liberar a mente do desejo.      
  

Krishnamurti, perguntas e respostas em 6 de junho de 1932 
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill