No vale de duas nuvens radiantes
contemplei uma estrela.
Como a chuva que desce em
torrentes ofuscantes e lava o pó da véspera, deixando tudo ameno, verde e a
luzir, assim a dúvida destrói toda percepção momentânea, deixando a mente e o
coração em jubilo constante.
O Silêncio purificou-me.
A experiência sem compreensão
conduz ao caos. A experiência, como mero acumulo, não encerra o Perfume da
Vida.
Quem segue a Verdade e nela se
firma, não tem qualidades.
O hábito é como uma corrente. Um
povo negligente é como nuvem sombreando a terra.
O esquecimento é dado ao mais
elevado assim como ao mais baixo.
A lisonja e o insulto nascem da
ignorância. Recebe-os, ambos, com bondade.
Julgar a outrem é negar a
liberdade.
Esta vida não é uma competição
pessoal com a Verdade.
A Verdade desafia toda
competição.
O mundo deve estar concentrado em
vós.
Conflitar com outrem é o mesmo
que deixar cair lama num copo d’água cristalina.
O conformar-se mata a iniciativa.
Como vela branca sobre o mar
azul, eu sou, solitária para o que a contempla das praias da limitação.
O desejo de conforto cria a
tradição do pensamento e do sentimento.
Há decadência terminal, em todas
as coisas, exceto na harmonia do pensamento e do afeto.
A Verdade não exige sacrifício, e
sim compreensão.
O homem perfeito não é um exotismo
da natureza. É a sua florescência.
Descobre o que é o teu mais
secreto santuário.
A tua mente e o teu coração devem
ser como um instrumento de corda de cujas profundezas os ventos errantes
arranquem grandes acordes de música infindável.
Não entrarei em conflito com
pessoa alguma, pois amo a Vida.
No coração daquele sobre quem não
pesa o fardo do temor, há êxtase.
A tradição é a mão mirrada do
tempo.
Inteligência é a capacidade de discernir
o essencial, que é o eterno.
Deves ter a coragem de destruir o
gênio para edificar.
Na busca da auto-expressão o amor
à Vida se perde. Ama primeiro a Vida, pois que seguir a expressão desse amor
virá com a sua suavidade do voo de uma avezinha.
Meu coração é como o perfume de
uma flor.
Sacrifício e renúncia só existem
quando a tua verdadeira auto-expressão for negada.
Segue as sinuosidades e as
sutilezas da Verdade.
A verdadeira alegria só existe
quando lutas no êxtase da auto-expressão, a qual deve ser a manifestação do
amor à Vida.
Reencarnação é autoconsciência no
tempo.
Desejo é o terreno de onde
brotará a flor plena do entendimento.
A Verdade não tem discípulos,
assim como não tem povo escolhido.
O triunfo da verdadeira percepção.
Só isto capacitará a praticar, a erguer-se ao nível da teoria.
Da multiplicidade da vida nasce a
quieta beleza da harmonia interna.
O conforto incuba o medo.
O verdadeiro amante da Vida não
tem filosofia, pois que é verdadeiramente livre.
A ambição é como uma linda rosa.
Nas mãos de um poeta, desperta o deleite da eternidade. Nas de um tolo, é coisa
sem valor.
Não afastes o momento da
contemplação.
Vi a lua e as grandes estrelas
lucilantes nas sombras de um lago. Ao passar os transeuntes, atiravam-lhe
pedras.
Abrirei meu caminho para o
coração das coisas.
O homem que sabe o seu futuro não
é um criador. Mas, aquele que conhece o presente é o afortunado adorador de um
simples dia.
Para quem busca a Verdade, o
tempo não existe.
Luta primeiro contigo mesmo, pois
que só então poderás lutar com o mundo.
Contempla para agir, não para
esquecer.
Quem é o civilizado? Nem o homem
de grandes posses, nem o paupérrimo. É, sim, aquele que sobrepuja ao rico e ao
pobre, liberto das circunstâncias, não corrompido pelo desejo e no qual a fonte
da afabilidade nunca se estanca.
Extraído dos apontamentos em diário de Krishnamurti, 1931
Extraído dos apontamentos em diário de Krishnamurti, 1931