Pergunta: Dissesteis ontem que pretendemos alcançar o cimo sem partir
de baixo, porém, porque devêramos desejar lançar-nos à porfia sem saber ai que
colimamos? O que vem a ser exatamente a Verdade e como saberemos que estamos
atingindo a coisa real?
Krishnamurti: Seguramente
que todos se encontram colhidos pela tristeza, seja pela tristeza própria, seja
pela de outrem. O homem acha-se sobrecarregado de tristeza, seu prazer está
limitado pelas lágrimas. Há conflito contínuo, tédio, temor, tumulto, jamais a
tranquilidade da harmonia, o equilíbrio, a completude. O homem deseja
libertar-se desse tédio, livrar-se desse amor no qual existe tristeza, a dor e
todas as qualidades que corrompem o amor. Todos vós pretendeis ser livres.
Libertai-vos, pois, dessas coisas e aí estará a Verdade. Então não mais
perguntareis o que é a Verdade.
A Verdade é tudo. A Verdade é
essa liberdade de consciência que é perfeito equilíbrio, na qual todas as
particularidades, qualidades, deixam de possuir existência. A Verdade é a causa
de si mesma, auto-existente, eterna. Para isto saberdes, tendes que vos
libertar da tristeza, a qual é causada pela consciência do “eu”. Quando
houverdes realizado a Verdade, então não mais procurareis em outrem a segurança
de vossa realização, pois haverá em vós uma certeza interior, uma realidade
interna, uma interna completude.
Krishnamurti em, Calander, Escócia, 15 de março 1931