Pergunta: O que entendeis por não ser a morte nem uma finalidade nem um
começo? Será ela semelhante a uma porta aberta entre um aposento e outro?
Krishnamurti: Que é que
morre? Vossa ideia de vós próprio, com a vossa individualidade, vossas
particularidades, vossas várias qualidades, vosso corpo, é isso que morre.
Desejais vos apegar a essa consciência de vós mesmos, a ilusão, que haveis
criado — a ilusão de vós próprio como consciência separada. Ansiais por essa
consciência para que ela continue, e como vós não vos achais seguros de sua
continuidade, quereis a ela vos apegar. Portanto, é assim que se manifesta o
desejo da morte e o desejo de verificar o que acontece com ela, — se tendes que
renascer, se continuais a existir sob uma forma ou outra, é a ânsia pela existência
individual. Para mim, não existe nem o aniquilamento nem a existência contínua
proveniente da ilusão da individualidade. Existe somente a Verdade, a Vida, e a
realização desta imortalidade. Portanto, vão é o perguntar, que acontecerá
depois. O que é de valor é realizar a Verdade agora. Portanto, tornai-vos
conscientes de vossos pensamentos, de vossas emoções, de vossas ações. Eliminai
todas as particularidades, todo o egoísmo e amor no qual exista “tu” e “eu”, “meu”
e “teu”. Na realização deste amor que é completo por si mesmo está a
imortalidade.
Krishnamurti em, Calander, Escócia, 15 de março 1931