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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Tornai-vos plenamente apercebidos de vosso egoísmo


Pergunta: Dizeis que o “eu” é ilusão. Precisamos pensar, portanto, sem a ilusão do “eu”, isto é, impessoalmente. Por outro lado ensinai-nos um formidável individualismo; falais frequentemente de responsabilidade e sobre ela insistis. Dizeis que precisamos nos tornar lei para nós próprios, isto é, a nossa própria lei. Concordo plenamente com isso. Como, porém conciliar esse individualismo com a ausência de preocupação do “eu”? Todas as verdades são paradoxais, porém é importantíssimo averiguar que atitude pode resultar dessa perfeita ausência de egoísmo aliada ao individualismo integral. Como posso eu ser lei para mim mesmo se meu eu é uma ilusão?

Krishnamurti: Tendes seguido ideais irresponsavelmente, inconscientemente, tendes acompanhado a instrutores, salvadores, ao vosso próximo, à sociedade. Haveis feito isto inconscientemente por ser mais fácil acompanhar os outros do que pensar por si mesmo. Agora, vos digo eu, não sigais, tornai-vos plenamente conscientes; isto é, tornai-vos responsáveis pelas vossas ações, tornai-vos lei para vós próprios e chegareis, finalmente, a essa realização que é a harmonia de tudo. Nesta não existe lei, pois que a completude não conhece lei, pois que a lei é irresponsabilidade e responsabilidade, inconsciência e consciência. Tendes inconscientemente acompanhado os outros, porém, para serdes completos tendes que ser plenamente responsáveis, isto é, plenamente individualistas no sentido de ser responsáveis pelas vossas ações. Não dependeis de ninguém e, portanto, chegais a essa realização onde o eu não mais existe, e que é liberdade de toda a consciência e de toda a responsabilidade.

Exporei isto por outro modo. Há o observador e a coisa observada, o ator e a ação. Ora, o ator, o observador, é inconsciente de sua separação; ele sabe que é ator, o pensador, o sujeito que cria o objeto, o atuante que atua, praticando a ação. Se fordes colhidos pelo fato, isto é, pelo fruto da ação, sereis inconscientes, sereis irresponsáveis, posto que ainda continue a existir o observador e o observado, o ato e o ator. Levai isto mais adiante e não haverá nem ator e nem ação. Na verdade, não existe ator nem ação, existe somente completude.

Experimentais expor isto ainda de maneira diversa. Deveis saber a maneira pela qual sois egoístas. Isto é, tendes que vos tornar plenamente apercebidos de vós mesmos; deveis conhecer por vós próprios a maneira pela qual vossas ações são egoístas, se vossos ideais tem raiz no egoísmo, se vossa vontade é egoísta, se vossa imaginação tem raiz no egoísmo. Deveis vos dissociar de todas as ideias de sociedade, de nações, de povos, e do próprio homem e de todas as civilizações e complicações. Por meio desta dissociação tornar-vos-eis completamente o que sois, completamente individualistas, não egoisticamente individualistas; isto é, ficareis psicologicamente sós. Eu vos darei um exemplo: pensais que estais enamorados. Para verificardes se na verdade é de amor real que se trata, se é do amor em si mesmo, o qual é a sua própria eternidade, deveis vos dissociar do objeto de vosso amor, e verificar se vosso amor pode manter-se por si mesmo sem perder sua amabilidade. Deveis ficar intrinsecamente sozinhos. Esta solicitude é verdadeira individualidade. A partir desta plena consciência da individualidade, deveis vos tornar lei para vós próprios afim de vos poderdes libertar de toda a lei. A descoberta da uniquidade é solidão; não é a uniquidade de expressão, porém a uniquidade da unidade. Disto provém a plena consciência e por meio da consciência a realização da completude.

Somente nesta solidão pode a Verdade ser realizada; é o resultado inevitável da pesquisa. Dá-se então o deleite, o êxtase da pesquisa. Concentrai vossa energia, não em lutar contra opostos, porém em buscar, em procurar, em compreender. Assim, libertar-vos-eis dos opostos.         

Krishnamurti, 4 de agosto de 1931    
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill