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domingo, 7 de agosto de 2016

Rompendo o estreito circulo da autoconsciência


Tenho dado acentuação ao ego o qual é um fato, porém uma ilusão. Na mente da maioria das pessoas há a ideia da salvação pessoal, por disfarçada que esta seja. Ora, a Verdade não se realiza por meio de anseios da personalidade, por maravilhosa, por gloriosa, por expandida que esta esteja. Para mim não existe tal salvação pessoal. A realização da Verdade não pode ser confundida com a personalidade. As duas coisas são antagônicas, uma apaga a outra. Porém, toda a vossa atitude perante a vida se baseia sobre a ideia da personalidade. As perguntas que me fazeis — “encontrarei meu irmão quando morrer?”, “Existirá um plano superior?”, “Minha alma viverá para sempre?” — estas perguntas surgem de um pensamento único: “Que é que fica consciente quando o “eu” é removido?” A consciência pertence ao ego e, quando vos libertardes dessa consciência, existirá uma Realidade liberta da eu-consciência. Pelas perguntas que me haveis feito, sei que não compreendeis isto; estais fazendo disto uma coisa sentimental, emocional, irracional.

A autoconsciência pertence sempre ao ego, à personalidade, à individualidade. Precisais vos conhecer a vós próprios integral, plena, conscientemente; não por examinar o passado, porém por serdes plenamente conscientes no presente. Pela vossa concentração no presente, estareis dissipando essa autoconsciência. Portanto, enquanto existir desejo de continuação pessoal ou de salvação, não pode haver plena realização da Verdade. Podeis dela ter um vislumbre; eu, porém, não falo de passageiros lampejos, e sim da permanência, a única na qual pode existir felicidade. A realização última encontra-se por meio da expansão plena da chama da autoconsciência, e não por evitá-la. Portanto, deve a mente tornar-se plenamente consciente de si própria. Precisais saber no que estais pensando e porque pensais. Para possuir clareza de entendimento, necessita a mente de estar liberta, não aprisionada pela ação e ontem; portanto, tem que dar-se um continuo desapego no que se refere ao passado. Isto significa uma escolha continua. A escolha, então, torna-se ação e a ação é conduta. Esta conduta, esta ação, baseia-se, por sua vez, na autoconsciência. Não podeis ter verdadeira conduta baseada sobre a individualidade; pois que, para mim, a individualidade, posto que seja um fato, é uma ilusão e não vos é possível basear vossas ações sobre uma ilusão. Para mim, a ação, a conduta, deve ser baseada, não na reação entre indivíduos, porém na relação existente entre a realidade última e o indivíduo; pois que a Realidade única, só ela é de valor permanente, o único padrão verdadeiro. A individualidade implica sua própria continuidade e se baseardes sobre estas as vossas ações, haverá conflito e caos no mundo. Se, porém, o indivíduo pautar seu pensamento, sua emoção, suas ações por esta Realidade última, que tão somente existe nele próprio, então sua conduta trará harmonia ao mundo, e não caos. Portanto, sua conduta deve estar isenta por completo de todos os anseios pessoais, seus desejos e esperanças. A ação baseada na continuação da individualidade, liga sempre. É isto que eu denomino Karma — deixai o passado em paz. Se eu basear minha ação na continuidade da individualidade, isto é, no egoísmo, no interesse pelo presente, a ação por mais apurada que seja, por sutil que se apresente, liga sempre. Esta ação, inevitavelmente, vos trará infelicidade. No meu modo de ver, não há futuro para o ego. O que o homem tem como futuro para o ego, nada mais é que o reflexo do passado. O futuro, como eternidade, não pode existir para o ego. Portanto, se baseardes vossa conduta, vossa ação, toda a vossa estrutura mental, vossa civilização, sobre esse ego, sereis colhidos por esse reflexo vindo do passado e pensareis estar progredindo, ao passo que somente estareis movendo-vos dentro de um mesmo circulo, o circulo da autoconsciência, da ilusão que amarra. Se, porém, vossa conduta for baseada na Realidade última, nessa conduta haverá o elemento eterno, esse que não varia para acomodar-se a gostos e desgostos.

Em virtude de leis externamente consideradas, a ideia de progresso controla e exagera o ser, o ego. Como, porém, já expliquei, o ego não tem futuro; portanto, não pode progredir. Se pensais que a realização pode vir a ter lugar por meio do progresso, apenas estareis exagerando uma ilusão.

O termo último, portanto, é essa completude na qual não existe separação nem unidade. Esta completude não está sujeita ao tempo; não é, portanto, uma duração, e sim um vir a ser isento de tempo. Isto é imortalidade, não de indivíduos, porém da própria Verdade. Está para além de toda a orientação. Não existe ação que a ela conduza; pois que, se encarardes a vida sob o ponto de vista da ação conducente à Verdade, sereis colhidos pela ação. Se disserdes: “Comportar-me-ei com retidão, depois que realizar a Verdade”, criareis um motivo e este motivo vos aprisionará; criareis assim um ideal que vos amarrará. Portanto, a ideia de ação como motivo conducente à Verdade última, é falsa. Se buscardes a Verdade, a ação reta seguir-se-á. O movimentar-me na direção da completude é coisa já ultrapassada e existe a tranquilidade da busca.

Quando tiverdes uma orientação, um ideal, um motivo, haverá conflito, portanto, fadiga, esforço. Assim, o motivo tem que desaparecer por completo, pois a Verdade não pode ser realizada por meio de incentivos os quais apenas exageram vossa eu-consciência, vosso ego.

Essa Realidade última que é felicidade, não obedece à orientação, nem ao tempo, nem ao nascimento ou à morte, porém sim a um renascer sem morte. Esta completude não conhece divisão, nem unidade, nela todas as coisas existem, ela é tranquilidade, é vida, é intuição elevada ao seu mais alto grau. Essa Realidade última existe em todos, posto que seja apenas como a ponta de um alfinete, que é o universo.

É por meio da chama da autoconsciência, que nos chega este perfume que é eterno; e quando trazeis isto para a vossa conduta, vossos apegos, vossos desapegos, tudo desaparece. Tornai-vos, portanto, conscientes, vivei constantemente no presente, continuamente ajustando vossas ações no presente a essa Realidade ultima.

Por meio desta chama de autoconsciência realiza-se a tranquilidade da mente, através da qual somente podereis realizar a felicidade que provém da harmonia.      


Krishnamurti, 3 de agosto de 1931                
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill