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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Seja um perigo para tudo que é baseado no egoísmo

Pergunta: De tudo que haveis dito, vejo que nada tendes de oferecer a um faminto que busca alimento; quero dizer alimento, não espiritual; vós tendes, talvez pelo hábito da compaixão, a simpatia para com os pobres, porém não haveis modificado o coração do homem que se acha imerso nas riquezas. Há algumas pessoas ricas ao redor de vós, seguramente, obrigados pelos sistemas, elas reduzem milhares de outras pessoas à pobreza e a ruína da saúde, e bem assim a degradação do coração e da mente, para por esse modo acumularem essas riquezas. Pessoas como estas podem sentir “simpatia pelos pobres”, e dar suas migalhas aos famintos, porém por esse processo somente aumentam sua vaidade e fazem exibição de sua importância pessoal a custa do respeito por si mesmos inerente ao homem.

Falais de exploração com aborrecimento e, no entanto, tolerais a exploração. Como podeis falar de uma Realidade última pela qual, dizeis, pautais vossa conduta e, apesar disso, sorris aos que esmagam e aos que são esmagados, com igual compostura, e viveis em Paz?

Krishnamurti: Um sistema foi estabelecido durante muitos séculos, em virtude do qual o indivíduo tem descambado, em que o seu egoísmo tem sido o senhor único, acobertado por uma grande quantidade de ideais, tais como o desejo de auxiliar, o de servir; de fato, porém, ele só tem expressado o interesse que nutre por si mesmo. Muitos anos serão necessários para modificar este sistema; se, porém, as pessoas não tiverem limpado os seus próprios corações do egoísmo, criarão outro sistema, o qual será, ainda baseado no egoísmo. Pela ideia de que não deve haver egoísmo no trabalho cooperativo, é com este desejo que devemos alterar as condições sociais. Sei que isto levará tempo, não podemos alterar num único dia, seja o que for que tenha levado séculos a firmar-se. Em vossa busca pela Verdade, sede um perigo para tudo quanto esteja baseado no egoísmo, na exploração, quer seja ela espiritual ou econômica.

Não posso alimentar a todas as pessoas famintas do mundo; posso, porém, mostrar-vos a maneira pela qual podeis compreender este problema, de modo a, como indivíduo, poderdes sair a trabalhar coletivamente para destruir esse sistema baseado no egoísmo, e não mais serdes indivíduos que desejam expressar seu egoísmo pelo trabalho coletivo. Por favor, compreendei esta distinção. No trabalho coletivo, como é natural, tem que haver autoridade; não pode havê-la entretanto, na realização da Verdade.

Para isto fazerdes, tendes que possuir mente clara e não estar sobrecarregados por ideais baseados num egoísmo sutil. Já expliquei cuidadosamente como encaro tais ideais. Os ideais, desde que se constituam em motivos para vos conduzir a uma vida perfeita, são baseados sobre o egoísmo, sobre a presunção de vossa própria importância.

Para mim, o que é de importância é a busca pela Verdade e a concentração dessa energia que produz a paz, que não se altera, que não se corrompe, que não está ao mando, seja do rico, seja do pobre. Se me disserdes que alguns de vossos amigos ricos não compreendem isto de que vos falo, deve ser porque tal não se preocupam. Vós, porém, desejais que eu julgue, que eu indague quem busca e quem não busca a Verdade. Falo contra o egoísmo, seja ele do rico, seja do pobre. Não tomeis em consideração a riqueza ou a pobreza; tomai em consideração a vós mesmos, que sois ricos e pobres e que pelo fato de desejardes qualquer coisa que não tendes, vos apegais a algo que possuis e tendes medo de perder. Por favor, tomais em conta a vós próprios e não ao vosso próximo: isto é, averiguai se sois egoístas, se estais explorando os outros, se ansiais por títulos, por distinções, pelos graus, pelas vaidades e pelos bens. Libertai a vós mesmos de todas essas coisas; não tenteis enganar-vos dizendo: “Estou executando o trabalho do mundo, estou trabalhando para ter mais dinheiro afim de o dar aos outros. Olhai para vós mesmos e, no processo de destruir o vosso próprio egoísmo, vosso próprio apego, vossa própria importância pessoal, vossas vaidades, chegareis a banir as coisas que acrescentam e ampliam a vaidade dos homens.

Sei ser isto um grande problema, porém somente o podereis resolver de maneira muito simples. Essa maneira simples está em vós mesmos. Podeis a vós próprios modificar, agora, e assim ajudareis a derrubar esta civilização baseada na exploração. Não se trata de simpatia, de compaixão ou de sentimentalidade, é uma questão de senso comum vulgar. Pelo fato de pensardes que os bens, as vaidades, os títulos, os uniformes, o mando, a pompa, o poder, são as maiores conquistas do mundo, é que criais estes males ao redor de vós. Ainda que a vós próprios tenhais por filantropos e façais a tentativa de organizar o bem estar do mundo, vossas boas obras estarão rodeadas pelo ego e seus interesses. Eu pretendo mostrar-vos que, no trabalho que é coletivo, o egoísmo do indivíduo somente pode produzir o caos, a confusão e o interesse entorpecente. Se não compreenderdes, haveis de produzir a destruição no trabalho coletivo, pela importância pessoal e o interesse centralizado em vós mesmos.

Tende, portanto, em vista, a vós próprios, limpai vossas mentes e vossos corações deste desejo corrupto de posses, de poder e bem assim de todos os temores. Por favor, compreendei isto, que pela mudança de sistema não vos é dado esperar alimentar o mundo inteiro, a não ser que o egoísmo seja em absoluto desarraigado do trabalho coletivo para o todo. Para este não podereis trazer vossas estranhas ideias de egoísmo, todas belamente cobertas de filantropia, retidão e serviço aos homens. Na busca da Verdade, que constitui o verdadeiro serviço do homem, não pode haver auto-decepções e hipocrisias. Na busca da Verdade, a preocupação imediata do homem, não é a do egoísmo do seu vizinho, porém, a de como se libertar de sua própria autoconsciência, de seu próprio egoísmo.    


Krishnamurti, 3 de agosto de 1931  
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill