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domingo, 8 de abril de 2018

A mente é o "eu"

A MENTE É O "EU"

PERGUNTA: Qual a relação entre mim e a minha mente?

KRISHNAMURTI: Ora, senhores, examinemos esta questão de modo que vós e eu experimentemos diretamente o que se está dizendo. Isto é um processo de meditação, e sem meditação não há sabedoria. A sabedoria nasce com o autoconhecimento. Quando conheço a mim mesmo tal como sou — e não de acordo com o que outros instrutores disseram, ou outra pessoa qualquer disse — quando sei o que sou, momento por momento, isto é autoconhecimento; e esse autoconhecimento só pode nascer pela meditação. Meditação é estar apercebido de todos os conflitos, no espelho das minhas atividades, das minhas relações, dos meus estados. Investiguemos, pois, esta questão: a relação que há entre mim e a minha mente.

A mente difere de mim? Eu sou diferente, o observador, o pensador, é diferente do pensamento? Compreendeis, senhores?

Digo “Eu penso”. O pensamento é diverso da entidade que diz “estou pensando”? Dizemos que as duas coisas são separadas, que o “eu” pensa ser diferente do pensamento. Presumimos que o “eu” vem em primeiro lugar; o “eu”, o “ego” é o pensador; primeiro este, depois o pensamento, a mente. Separamos, pois, o “eu” e a mente. Mas, isto é um fato? Podeis dividi-lo, mas, na realidade, o “eu”, o pensador, difere da consciência que diz que pensa, que existe? Pode-se retirar as qualidades do diamante e dizer que o restante é diamante? O “eu” tem muitas qualidades, muitas memórias, muitas atividades, experiências, temores, frustrações, que são, todas elas, produto da mente, não é verdade? Retirem-se todas as vossas qualidades — existe então “vós”? A mente é o “eu”. Pensa a mente que há o “eu superior” o Atman, Paramatman — cada vez mais alto — mas isso, não obstante, é coisa que a mente “projeta”; a mente se dividiu em “eu” e “pensamento”.

Afinal, que é a mente? A mente, por certo, é tanto o consciente como o inconsciente. O mar não é só a superfície das águas, que se vê brilhar ao sol, cheio de vida; é toda a profundidade das águas que faz o mar. Identicamente, a nossa mente é todo o conteúdo, quer estejamos apercebidos dele, quer não. Está a mente tão ocupada, tão cheia de atividades e problemas, que nunca tem tempo para indagar, investigar, descobrir, “pescar” no inconsciente. Sabemos o que é o inconsciente; ele é muito simples. Nossos “motivos”, nosso saber acumulado, nossa coleção de experiências e temores, esperanças, ânsias, frustrações — tudo isso é a nossa consciência; o desejo de Deus e a criação de Deus — tudo isso é a consciência. Assim, pois, a separação do “eu” e da mente não corresponde a nenhuma realidade.

Por favor, vede bem isso, compreendei-o. A totalidade da consciência é o “eu” — o “eu” que tem um emprego; o “eu” que tem mulher, que tem marido; o “eu” que é invejoso, ambicioso, ávido; o “eu” que avalia; o “eu” que tem uma tradição; o “eu” que quer achar a Realidade, Deus; o “eu” que é trivial, ambicioso — tudo isso é a mente, tudo isso é a consciência. Essa consciência — podeis guindá-la às maiores alturas, chamá-la atman, paramatman, ou seja o que for — essa consciência é sempre produto do tempo, é sempre a consciência. Ora, com essa consciência, desejais encontrar algo situado além dos limites da mente; mas nunca encontrareis esse algo.

Podeis ter tranquilidade, ocasionalmente, quando a consciência total está tranquila, de alto a baixo; e podeis sonhar com algo inimaginável, imensurável, porque no sonho a vossa mente, a vossa consciência, pode por acaso estar quieta. Mas, quando se está cônscio de todo esse mecanismo, sem se fazer escolha, quebra-se esse padrão de consciência e pode-se então perceber uma placidez real na totalidade da consciência. Isso é algo que está muito além dos limites da mente. Mas o querer-se alcançar o que está além dos limites da mente, nenhuma significação tem. O que eu digo ou o que outro diz nada significa. Significativo é que se tenha o percebimento completo dessa consciência e de todas as suas numerosas camadas. Esse percebimento não pode ser aprendido pela análise; a coisa pode ser conhecida, totalmente, pela observação. Conhecer o mecanismo integral da mente — todas as suas inclinações, “motivos”, propósitos, seus talentos, suas exigências, seus temores, frustrações e êxitos felizes — conhecer todas essas coisas significa estar tranquilo e não permitir que elas atuem. Só então pode manifestar-se o que se acha além da mente. E essa coisa só pode manifestar-se quando não é chamada; só pode manifestar-se quando não é procurada. Como a nossa busca se origina da frustração, a mente que busca, nunca achará. Só a mente que compreende o mecanismo total, pode receber as bênçãos do Real.

Krishnamurti, Oitava Conferência em Bombaim
03 de março de 1954, As ilusões da Mente

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill