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quinta-feira, 19 de abril de 2018

O estado de atenção sem resistência

O estado de atenção sem resistência

[...] Nestas últimas duas ou três semanas estive discorrendo, entre outras coisas, sobre a questão do medo e do sofrimento. Quando temos medo, ou quando nos acabrunha o sofrimento, não podemos achar-nos no estado de meditação. Para quem realmente deseja compreender a profundeza e a beleza da meditação, o medo deve cessar e nenhum sofrimento deve existir. E quando livres do medo, da amargura, de toda a estrutura psicológica da sociedade, que é feita de ambição, de avidez, de inveja, do desejo de êxito, da existência de poder, posição, prestígio — quando tudo isso foi examinado e compreendido, o cérebro se torna então tranquilo. Mas só podeis compreender e livrar-vos de toda essa agitação, se dela vos aperceberdes sem nenhum esforço. Se lutais para transformar o medo em coragem, não podeis alcançar o inteiro significado do temor. Conforme tenho explicado, o cérebro humano é o resultado de séculos de existência condicionada, “animalística”. Esse cérebro precisa ficar completamente quieto, e não podemos torná-lo quieto por meio de disciplina, de compulsão. Mas ele fica espontaneamente tranquilo ao compreender todas essas coisas sobre que estive falando.

Está agora bem claro que, para que a mente possa achar-se no estado de meditação, é imprescindível a eliminação do conflito. Existe conflito enquanto há divisão entre o pensador e o pensamento. Para a maioria de nós, o pensador está separado do pensamento, o experimentador difere daquilo que está sendo experimentado. Existindo essa divisão, será inevitável o conflito, porquanto ela é a origem do conflito. Eis porque é absolutamente necessário fazer cessar essa divisão.

O pensador é o censor, o produto condicionado de séculos de atividade egocêntrica; ele constitui o “centro” do medo, do conflito, do sofrimento.

Estou entrando paulatinamente, nisso que é meditação. Não fiqueis, até o fim, à espera de uma descrição completa de “como meditar”. O que agora estamos fazendo faz parte da meditação.

Ora, o que se precisa fazer é estar ciente do pensador, sem tentar dissolver a contradição para operar a integração do pensamento com o pensador. O pensador é a entidade psicológica que tem acumulado experiência na forma de conhecimento; é o centro que está sujeito ao tempo e resulta de influências ambientes sempre cambiantes, e desse “centro” ele olha, ele escuta, ele experimenta. Enquanto não se compreender a estrutura e a anatomia desse centro, haverá sempre conflito; a mente em conflito nenhuma possibilidade tem de compreender a profundeza e a beleza da meditação.

Na meditação não pode haver pensador, e isso significa que o pensamento deve terminar — o pensamento, que é impelido pelo desejo de alcançar resultado. A meditação nenhum interesse tem em resultados. Não é questão de respirar de uma certa maneira, de olhar para a ponta do nariz, ou de despertar a faculdade de executar certas “habilidades”, ou qualquer das restantes infantilidades e absurdos. Mas, se estivestes escutando estas palestras com plena atenção, apreendendo mais ou menos o significado do que se esteve dizendo, verificareis existir um estado mental que é sempre “meditativo”. A meditação não é coisa separada da vida. Quando conduzis um carro ou estais sentado num ônibus, quando tagarelais a esmo, quando passeais sozinho numa floresta ou observais uma borboleta que se deixa levar pelo vento — aperceber-se de tudo isso, objetivamente, faz parte da meditação.

[...] Esse estado de atenção sem resistência, sem conflito, sem se forçar a mente num canal predeterminado, é absolutamente necessário. E quando tiverdes atingido esse ponto, vereis por vós mesmos com que facilidade e suavidade se torna existente o silêncio da mente.

O silêncio que nós geralmente buscamos é o silêncio do declínio e da morte. A chamada “paz” alcançada pelos monges e outros que se retiraram do mundo é, em geral, uma condição de completa insensibilidade, um estado de embotamento. Eles de fato experimentam um certo silêncio mental, mas é o silêncio morto da “exclusão”. Já o silêncio a que me refiro é um estado de atenção em que se percebem todos os sons, todos os movimentos, todas as variações do pensamento e do sentimento. Se existe um “experimentador” ou “observador” do silêncio, não há silêncio, porém algo “projetado” pela mente. No silêncio completo, não há “experimentador do silêncio”, mas, sim, um estado de atenção em que ouvimos o avião a sobrevoar-nos, o trem que passa, e ao mesmo tempo a mente está atenta ao que se diz; ela observa, escuta tudo. Desse imenso silêncio em que a mente já nada busca, espera, deseja, exige, provém um movimento que é criação atemporal, inexprimível. Não é a criação do escritor, do pintor, do músico, porém algo que transcende tudo isso. Essa criação é energia — energia que é morte, energia que é amor — e nela não há começo nem fim. Ela só se manifesta pelo autoconhecimento, e esse processo, no seu todo, é meditação.

Espero não estejais sendo hipnotizados por minhas palavras. Com profunda investigação interior e pondo de parte, rigorosamente, toda a vossa mediocridade, inveja, avidez, desejo de fama — morrendo para toda espécie de técnica ou habilidade que houverdes adquirido, de modo que não sejais ninguém — sabereis então, por vós mesmos, o que é criação. Mas se apenas estais sendo influenciados por outrem, então, isso não é meditação.

Krishnamurti, Saanen, 9 de agosto de 1962,
O homem e seus desejos em conflito


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill