Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

sábado, 21 de abril de 2018

O pensamento impede a integral comunhão do amor


O pensamento impede a integral comunhão do amor

Há, a meu ver, vasta diferença entre mudança e mutação. A mera mudança não conduz a parte alguma. Uma pessoa pode tornar-se superficialmente adaptável, muito hábil no ajustar-se aos diferentes ambientes e circunstâncias sociais, e existem várias formas de pressão interior e exterior; mas a mutação requer um estado mental bem diferente. Nesta manhã desejo salientar a diferença entre estas duas coisas.

Mudança é alteração, reforma, substituição de uma coisa por outra. Mudança implica ato de vontade, consciente ou inconsciente. E, considerando-se a confusão, a miséria, a opressão, a extrema aflição existente em toda a Ásia subdesenvolvida, torna-se evidente a necessidade de uma mudança radical, revolucionária. Há necessidade, não só de mudança física ou econômica, mas também de mudança psicológica — mudança em todos os níveis de nosso ser, exteriores e interiores, a fim de se proporcionar uma melhor existência ao homem. Isso é óbvio, e até os mais extremados conservadores o admitirão. Mas, ainda que o reconheçamos, em regra não consideramos profundamente a questão da mudança e tudo o que ela encerra. Qualquer ajustamento, substituição, reforma, é de ação profunda, ou consiste meramente num polimento superficial, numa “limpeza”, na moralidade das relações humanas? Penso que devemos compreender plenamente o que está implicado nesse mecanismo de mudança, antes de examinarmos o que considero mutação.

A mudança, embora necessária, me parece sempre superficial. Entendo por mudança todo movimento operado pelo desejo ou pela vontade, toda iniciativa concentrada numa dada direção, visando a uma certa atitude ou ação bem definida. Toda mudança, evidentemente, tem atrás de si um motivo. Esse motivo pode ser pessoal ou coletivo, manifesto ou remoto; pode ser um motivo bondoso, generoso, ou um motivo de medo, desespero; mas qualquer que seja a natureza ou o nível do motivo, a iniciativa ou movimento resultante desse motivo produz uma certa mudança. Isso me parece claro. Em geral somos suscetíveis, individual e coletivamente, de modificar nossas atitudes, sob influência, pressão, e também quando aparece alguma invenção nova que direta ou indiretamente influi em nossa vida. Podemos ser levados a mudar nossos pensamentos, orientá-los em diferente direção, por um artigo de jornal ou pela propaganda que se faz de uma ideia. A religião organizada empenha-se em educar-nos, desde a infância, numa certa forma de crença, condicionando-nos assim a mente, e, pelo resto da vida, toda mudança que operamos fica dentro dos limites “modificados” dessa crença.

Assim, são raros os que mudam, a não ser com um motivo. O motivo poderá ser altruísta ou interesseiro, limitado ou amplo; poderá ser o medo de perder uma recompensa, ou de não atingir um certo e prometido estado para o futuro. O indivíduo se sacrifica à coletividade, ao Estado, a uma ideologia, ou a determinada forma de crença em Deus. Tudo isso implica uma certa mudança, consciente ou inconscientemente produzida.

Pois bem; a chamada mudança é uma "continuidade modificada” do que já existia, e nessa suposta mudança nos tornamos muito hábeis. Estamos constantemente fazendo novas descobertas na Física, na Ciência, na Matemática, inventando coisas novas, preparando-nos para ir à Lua, etc. etc.

Em certos aspectos tornamo-nos extraordinariamente “sabidos”, bem informados; e essa espécie de mudança envolve capacidade de ajustamento ao novo ambiente, às novas pressões que ela cria. Mas, basta isso? Pode-se perceber tudo o que determina essa superficial modalidade de mudança. Entretanto, sabemos, interiormente, profundamente, ser necessária uma mudança radicalmudança não produzida por nenhum motivo ou como resultado de pressão. Percebemos a necessidade de mutação na própria raiz da mente, pois, sem ela, somos apenas uma horda de macacos habilíssimos e dotados de extraordinárias aptidões — e não autênticos entes humanos.

Percebendo-se isso, profundamente, em nós mesmos, que cumpre fazer? Vemos que se necessita de uma mudança revolucionária, de completa mutação na raiz mesma de nosso ser, porque, do contrário, nossos problemas, tanto econômicos como sociais, irão crescendo inevitavelmente, e se tornando cada vez mais críticos. Necessita-se de uma mente nova, fresca — e, para a termos, deve operar-se, na totalidade de nossa consciência, uma mutação não produzida por ato de vontade e, portanto, sem motivo.

Não sei se me estou expressando claramente.

Percebendo a necessidade de mudança, pode uma pessoa exercer a vontade, a fim de produzi-la — sendo “vontade” o desejo fortalecido, em dada direção, pela determinação e posto em movimento pelo pensamento, pelo medo, pela revolta. Mas toda mudança dessa ordem — mudança produzida pela ação do desejo, da vontade — é sempre limitada. É uma “continuidade modificada” do que era antes, como se pode ver pelo que está ocorrendo no mundo comunista, e também nos países capitalistas. Necessita-se, pois, de uma revolução extraordinária, de revolução psicológica no ente humano, no próprio homem; mas, se ele tem um alvo, se sua revolução é planejada, está ainda dentro dos limites do “conhecido” e, por conseguinte, não constitui mudança nenhuma.

Eu posso mudar, posso forçar-me a pensar de outro modo, a adotar um diferente sistema de crenças; posso suprimir um dado hábito, livrar-me do nacionalismo, reformar meu raciocínio, fazer eu próprio a “lavagem” de meu cérebro, em vez de deixá-la para ser feita por um partido ou igreja. Tais mudanças são muito fáceis de operar em mim mesmo; mas percebo sua total inutilidade, porquanto são superficiais e não conduzem à compreensão profunda que deve orientar-nos na vida. Assim, que fazer?

Compreendeis minha pergunta? Acho que fui claro.

Se faço um esforço para mudar, esse esforço tem motivo, significando isso que o desejo inicia um movimento em certa direção. Aí está em ação a vontade, e, por conseguinte, qualquer mudança que seja produzida é uma simples modificação — não é uma mudança real, absolutamente.

Vejo claramente que preciso mudar, e que essa mudança deve ocorrer sem esforço. Todo esforço para mudar anula-se a si próprio, uma vez que supõe a ação do desejo, da vontade, em conformidade com um padrão, uma fórmula, um conceito preestabelecido. Assim sendo, que fazer?

Não sei se sentis como eu a relevância desta questão — o quanto ela nos interessa, não só no sentido intelectual, mas, principalmente, como um fator essencial em nossa vida. Há milhões de anos vem o homem fazendo um esforço incessante para mudar, entretanto continua envolto em aflições, desespero, medo, só tendo raros e fugidios clarões de alegria e deleite. E como pode essa entidade, que há tanto tempo vem sendo fortemente condicionada, alijar sua carga sem nenhum esforço? Esta a pergunta que estamos fazendo a nós mesmos. Mas, “o lançar fora a carga” não deve tornar-se mais um problema; porque, como antes indiquei, problema é algo que não compreendemos, algo que não temos capacidade para examinar até o fim e liquidar de uma vez.

Para se produzir essa mutação — “produzir”, não, esta é uma expressão errônea; a mutação é uma necessidade e tem de verificar-se agora. Introduzindo-se o tempo como fator de mutação, o tempo cria o problema. Não há amanhã, não há tempo nenhum em que eu irei mudar — sendo o tempo pensamento. Isso tem de acontecer agora ou nunca. Compreendeis?

Percebo a necessidade dessa mudança radical em mim, ente humano, parte integrante da humanidade; e percebo, também, que o tempo, que é pensamento, não deve representar nisso um fator. O pensamento não deve representar nisso um fator. O pensamento não pode resolver este problema. Venho exercendo o pensamento há milhares de anos e, no entanto, não mudei. Continuo com meus hábitos, minha avidez, minha inveja, meus temores, e me vejo ainda todo enredado no padrão de competição da existência. Foi o pensamento que criou o padrão; e o pensamento não pode, em circunstância alguma, alterar esse padrão sem criar outro padrão — sendo o pensamento tempo. Portanto, não posso contar com o pensamento, com o tempo, para operar a mutação, a mudança radical. Não pode haver exercício da vontade, e não se pode deixar o pensamento orientar a mudança.

Que me resta, então? Vejo que o desejo, que é vontade, não pode operar em mim uma verdadeira mutação. O homem vem trabalhando nisso há séculos e nele não se produziu nenhuma mudança fundamental. Tem-se servido, também, do pensamento para produzir mudança em si próprio — pensamento como tempo, pensamento como amanhã, com todas as suas exigências, invenções, pressões, influências — e, como vemos, ainda não houve nenhuma transformação radical. Que fazer, pois?

Ora, uma vez compreendida, em sua totalidade, a estrutura e o movimento da vontade, esta deixa de atuar; e, percebendo-se que o emprego do pensamento, do tempo, como instrumento de mudança, não passa de mero adiamento, termina então o mecanismo do pensar. Mas, que queremos exprimir ao dizer que percebemos ou compreendemos uma coisa? A compreensão é meramente intelectual, verbal, ou significa que se está vendo uma coisa como fato? Posso dizer que “compreendo” — mas a palavra não é a coisa real. A compreensão intelectual de um problema não é a solução desse problema. Ao compreendermos uma coisa apenas verbalmente (e isso é o que chamamos compreensão intelectual), a palavra importa muito; mas, havendo verdadeira compreensão, ela perde toda a importância, sendo então simples meio de comunicação. Há contato direto com a realidade, o fato. Se percebemos como um fato a futilidade da vontade, e também a futilidade do pensamento, ou do tempo, no produzir essa radical transformação, então a mente (que rejeitou toda a estrutura da vontade e do pensamento) nenhum instrumento tem com que iniciar a ação.

Bem, até agora vós e eu temos estado em comunicação, e talvez tenhamos também estabelecido entre nós uma certa comunhão. Mas, antes de prosseguirmos, considero importante compreender o que entendemos por comunhão. Se alguma vez andastes entre as árvores de uma floresta, ou pela margem de um rio, e sentistes a quietude, tivestes o sentimento de estar vivendo completamente com todas as coisas, com as pedras, com as flores, com o rio, com as árvores, com o céu — sabereis então o que é comunhão. O “eu” — com seus pensamentos, suas ânsias, seus prazeres, lembranças, desesperos — cessou completamente. Não existis como observador separado da coisa observada; há só aquele estado de completa comunhão. E espero que seja esta a comunhão aqui estabelecida entre nós. Ela não é um estado hipnótico; o orador não vos está hipnotizando, para pôr-vos nesse estado. Explicou certas coisas com todo o cuidado, Mas há algo mais, que não pode ser explicado verbalmente. Até um certo ponto podeis ser informados pelas palavras do orador, mas ao mesmo tempo cumpre ter em mente que a palavra não é a coisa, e que ela não deve interferir na direta percepção do fato. Quando comungais com uma árvore — se alguma vez o fazeis — vossa mente não está ocupada com a espécie dessa árvore, ou a respeito de sua utilidade ou não utilidade. Estais em comunhão direta com a árvore. Analogamente, deve-se estabelecer esse estado de comunhão entre vós e o orador, porque vamos passar agora a um assunto dos mais difíceis de tratar verbalmente.

Como disse, a ação da vontade, e a ação do pensamento como tempo, e o movimento que é iniciado por influência ou pressão de qualquer natureza, cessaram de todo. A mente, por conseguinte, que de fato observou e compreendeu tudo isso, está completamente quieta. Ela não é a iniciadora de qualquer movimento, consciente ou inconsciente. E isso, também, é algo que precisa ser considerado, antes de podermos ir um pouco mais longe.

Conscientemente, podereis não desejar atuar em nenhuma direção determinada, porque já observastes a futilidade de toda espécie de mudança calculada, da mudança promovida pelo comunista ou pelo mais reacionário conservador. Vedes quanto tudo isso é fútil. Mas, interiormente, inconscientemente, há o tremendo peso do passado a impelir-vos numa certa direção. Estais condicionado como europeu, como cristão, como cientista, como matemático, como artista, como técnico; e há a milenar tradição (muito zelosamente explorada pela igreja) que instilou no inconsciente certas crenças o dogmas. Podeis, conscientemente, rejeitar tudo isso, mas, incutis cientemente, o seu peso continua existente. Sois ainda cristãos, inglês, alemão, francês; sois ainda movido pelos interesses nacionais, econômicos, familiais, e pelas tradições da raça a que pertenceis, e, quando se trata de raça antiquíssima, mais profunda ainda é sua influência.

Ora, como eliminar tudo isso? Como purificar o inconsciente, imediatamente, do passado? Creem os analistas que o inconsciente pode ser expurgado, em parte ou no todo, por meio da análise mediante investigação, exploração, a confissão, a interpretação dos sonhos, etc., — de modo que qualquer um pode tornar-se pelo menos um ente humano “normal”, capaz de ajustar-se ao atual ambiente Mas, na análise, há sempre o analista e a coisa analisada, um observador a interpretar a coisa observada — e isso representa uma dualidade, fonte de conflito.

Vejo, pois, que a mera análise do inconsciente a nenhuma parte conduz. Poderá ajudar-me a ser menos neurótico, mais amável com minha mulher, meu próximo — ou outra superficialidade semelhante; mas não é disso que estamos falando. Percebo que o processo analítico (que implica tempo, interpretação, movimento do pensamento que analisa, como observador, a coisa observada) não pode libertar o inconsciente; por conseguinte, rejeito completamente o mecanismo analítico. Assim que percebo esse fato, que a análise não pode, em circunstância nenhuma, afastar o fardo do inconsciente estou fora da análise. Já não analiso. Assim, que aconteceu? Não havendo analista separado da coisa analisada, o próprio analista é essa coisa. Não é uma entidade à parte. Descobre-se, então, que o inconsciente é de pouca importância. Percebeis?

Estive mostrando quanto é trivial o consciente, com suas atividades superficiais, sua perene tagarelice, etc.; e o inconsciente é também trivial. O inconsciente, como o consciente, só se torna importante quando o pensamento lhe dá continuidade. O pensamento tem seu lugar próprio, sua utilidade em assuntos técnicos, etc., mas o pensamento é de todo em todo fútil, quando se trata de operar aquela radical transformação. Se percebo ser o pensamento que dá continuidade ao pensador, termina essa continuidade.

Espero estejais seguindo o que estou dizendo, que requer muita atenção.

O consciente, ou o inconsciente, pouco significam. Eles só se tornam importantes quando o pensamento lhe dá continuidade. Ao perceberdes a verdade de que todo o “mecanismo do pensar” é uma reação do passado e não pode, de modo nenhum, atender à enorme necessidade de mutação, então, tanto o consciente como o inconsciente perdem toda a importância, e a mente deixa de ser influenciada ou impelida por qualquer dos dois. Por conseguinte, já nenhuma iniciativa toma; fica completamente quieta, tranquila, silenciosa. Embora ciente da necessidade de mutação, revolução, de completa e radical transformação de nosso ser, a mente nenhum movimento inicia, em qualquer sentido; e, nesse total percebimento, nesse silêncio completo, opera-se a mutação. A mutação, pois, só pode verificar-se de uma maneira não “diretiva”, isto é, quando a mente nenhum movimento inicia e, por conseguinte, permanece inteiramente tranquila. Nessa tranquilidade há mutação, porque a raiz de nosso ser, ficando exposta, estiola-se. Esta é a única revolução real (e não a revolução econômica ou social) e não pode ser feita pela vontade ou pelo pensamento. Só naquele estado de mutação, pode-se perceber o imensurável, algo de supremo, acima de toda tecnologia e todo reconhecimento.

Espero não tenhais adormecido! Quereis fazer perguntas?

PERGUNTA: Até onde tenho experimentado, o pensamento me condena ao isolamento, porquanto me impede a comunhão com as coisas que me cercam , e também de penetrar as raízes de meu ser. Por conseguinte, pergunto: Porque pensam os entes humanos? Qual a função do pensamento? E porque tanto exageramos a importância do pensar?

KRISHNAMURTI: Supus que isso já tivesse ficado para trás. Está bem, senhor, vou explicar.

Escutar meramente uma explicação não é ver o fato, e não podemos estar em comunhão por meio de uma explicação, a menos que ambos vejamos o fato e não o toquemos, isto é, nos abstenhamos de nele interferir. Então, estamos também em comunhão com o fato. Mas, se interpretais o fato de uma maneira e eu o interpreto diferentemente, não estamos em comunhão nem com o fato nem entre nós.

Ora, como surge o pensamento — o pensamento que isola, que não dá amor, o único meio de comunhão? E, como pode terminar esse pensamento? O pensamento — a totalidade do mecanismo do pensamento tem de ser compreendido, e essa própria compreensão é o seu fim. Examinemos isso.

Surge o pensamento, como reação, quando há um “desafio”. Se nenhum desafio houvesse, vós não pensaríeis. O desafio pode ter a forma de uma pergunta, trivial ou importante, e conforme a pergunta “respondemos”. No intervalo de tempo entre a pergunta e a resposta, começa o mecanismo de pensamento, não é verdade? Se me perguntais alguma coisa com que estou bem familiarizado, minha resposta é imediata. Se me perguntais onde moro, por exemplo, não há intervalo de tempo, porque não tenho de pensar nisso, e imediatamente respondo. Mas, se vossa pergunta é mais complexa há um intervalo (durante o qual fico rebuscando na memória) entre vossa pergunta e minha resposta. Podeis perguntar-me qual a distância entre a Terra e a Lua, e eu digo: “Será que sei alguma coisa a este respeito? Ah! se i...” — e, então, respondo. Entre vossa pergunta e minha resposta há um intervalo de tempo, durante o qual a memória se põe em funcionamento, fornecendo, por fim, a resposta. Assim, quando sou “desafiado”, minha “resposta” pode ser imediata ou pode necessitar de algum tempo. Se me perguntais algo a cujo respeito nada sei, o intervalo é muito mais longo. Digo: “Não sei, mas vou verificar”; e, não encontrando a resposta entre as coisas guardadas na memória, apelo para alguém, a fim de obter a informação, ou procuro-a num livro. Também aqui, durante esse longo intervalo, o “mecanismo de pensamento” está em função. Essas três fases nos são bem familiares.

Pois bem; há uma quarta fase que talvez desconheçais ou nunca tenhais encadeado às outras, e que é a seguinte: Vós me fazeis uma pergunta, e eu realmente não sei a resposta. Minha memória não tem registro dela, e eu não estou contando que outra pessoa me dê a resposta. Não tenho resposta nenhuma, e nenhuma expectativa. Com efeito, eu não sei. Não há intervalo de tempo e, por conseguinte, não há pensamento, porque a mente não está à procura de nada, nem esperando nada. Este estado é, com efeito, uma negação completa, um estado livre de todas as coisas que a mente tem conhecido. E só então o novo pode ser compreendido — sendo o novo o Supremo, ou outra qualquer palavra que preferirdes. Nesse estado, cessou todo o mecanismo do pensamento; não há observador nem coisa observada, não há experimentador nem coisa experimentada. Toda experiência cessou, e nesse silêncio total há completa mutação.

Krishnamurti, Saanen, 19 de julho de 1964,
A mente sem medo

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill