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quinta-feira, 19 de abril de 2018

Como ler a totalidade do livro do inconsciente?


Como ler a totalidade do livro do inconsciente?

[...] Em geral não estamos inteirados de nossos há­bitos e, por isso, eles se tornaram inconscientes. No momento em que percebemos um hábito, arrancamo-lo do inconsciente, não é verdade? Se, toda vez que hesito a respeito de uma coisa, coço a cabeça, sem saber que o estou fazendo, se esse ato é automático e dele não estou ciente, então, obviamente, trata-se de um hábito inconsciente. Mas, desde que me torno plenamente apercebido desse hábito e não resisto a ele, mas me limito a observá-lo, então foi ele “arrancado” do inconsciente.

Ora, é porque os nossos hábitos, em regra, são inconscientes, que nós não os destruímos. Se estamos acostumados a conduzir um carro, ligamos o motor instintivamente e acionamos a alavanca de “mudança”, sem a isso aplicar nenhuma reflexão. Esse é o hábito inerente à técnica; mas, em geral, estamos igualmente inconscientes de como procedemos com os nossos semelhantes. Ao percorrermos uma rua muito movimentada, não notamos quando empurramos alguém, etc. A questão, pois, é de como nos tornarmos plenamente apercebidos de todos os hábitos, “animalísticos” e cultos, que em parte nos foram impostos pela sociedade e em parte nós mesmos cultivamos, inconscientemente. Como empreendereis esse trabalho?

Um indivíduo é hinduísta, cristão, alemão, russo, suíço, americano, etc., com o respectivo conjunto de hábitos, do qual comumente está inconsciente. E como poderá o indivíduo perceber esse condicionamento? Como podereis vos aperceber do inconsciente, onde se encontra essa imensa série de hábitos não revelados? Como cientificar-vos do padrão inconsciente que em vós se acha profundamente enraizado? Ireis procurar um psicanalista, pagando-lhe cinquenta dólares ou cem libras, ou qualquer que seja o preço, para que ele vos “arranque” o padrão do inconsciente? Isso adiantará? Ou vós mesmos vos analisareis?

Que subentende o mecanismo de auto-análise? Quando vos analisais, há divisão entre o observador e o objeto observado, não é verdade? E o observador está tão condicionado como aquilo a que observa; há, pois, conflito entre ambos, entre o analista e a coisa analisada. O analista está sujeito a interpretar erroneamente o que examina e, se resiste a um dado hábito ou procura transformá-lo de acordo com suas próprias idiossincrasias, etc., com isso só dará mais força ao hábito. Por conseguinte, a auto-análise não é, tampouco, o caminho que se deve seguir. Que fazer então?

Tende presente, por favor, que estamos falando sobre como abrir o livro do inconsciente, de modo que se traga à luz todo o seu conteúdo. A análise por parte do profissional não é a maneira correta de abri-lo — a não ser que tenhais dinheiro e lazer e um tão descomunal interesse em ajustar-vos à sociedade, que estejais disposto a recorrer a essa espécie de entretenimento. E, como já expliquei, a análise introspectiva também não é o caminho correto. Se isso está claro, que fareis?

OUVINTE: Nada.

KRISHNAMURTI: E que significa isso, senhor? Se já não estais enredado nessa falaciosa ideia da análise, só há então observação, não é verdade? Há só o estado de ver, sem se traduzir o que se vê. Então, vê-se, apenas.

Mas, geralmente, que nos acontece quando vemos a nós mesmos exatamente como somos? Se percebo que sou brutal, rancoroso, mesquinho, cheio de vaidade, sinto-me deprimido. Digo “que coisa horrível” — e ponho-me em agitação, tentando modificá-la. Ora, essa tentativa de modificar a coisa, essa tentativa de fazer algo em relação a ela, está ainda no terreno da análise. Mas se, ao contrário, limito-me a observar, sem escolha — e isso significa estar observando negativamente — já não há, então, nenhuma série de análises do inconsciente; estou completamente fora do terreno da análise, porque quebrei o padrão.

O importante é romper essa muralha de condicionamento, de hábito. E quase todos nós achamos que poderemos rompê-la por meio da análise, quer feita por nós mesmos, quer por outro; mas isso não é possível. A muralha do hábito só pode ser rompida quando a pessoa está completamente apercebida, sem escolha, negativamente vigilante.

Senhor, quando, subitamente, vedes uma montanha em toda a sua imensidade e beleza, suas imponentes alturas e seus abismos, que podeis fazer em relação a esse espetáculo? Nada, absolutamente. Vós apenas o contemplais, não é assim? Mas, que é que geralmente acontece? Olhais para a montanha em um rápido segundo, e dizeis, em seguida, quanto é bela; e, com essa própria verbalização, já não a olhais, já lhe voltastes as costas. Se olhais realmente para uma certa coisa, vossa mente se toma muito quieta, porque então já não estais julgando, já não estais traduzindo o que vedes em termos de comparação. Apenas olhais — e é isso o que eu entendo por observar negativamente. E se puderdes olhar-vos dessa maneira, todos os hábitos e condicionamentos inconscientes se reduzirão a uma só coisa, que, pela compreensão direta, eliminareis completamente. Isso não são meras palavras. Experimentai-o, e vós mesmo o comprovareis.

INTERPELANTE: Nossa vida de cada dia é cheia de contradições e conflitos, e há tantas coisas que temos de fazer; tudo isso se acha em estranho contraste com o que sentimos e percebemos ao virmos aqui para escutar-vos.

KRISHNAMURTI: Por que criar divisão entre nossa vida diária e aquilo que estamos a escutar? Por que separar as duas coisas? A vida são todas as coisas, não é verdade? A vida é nossa existência de cada dia com sua rotina, seu tédio, seus conflitos, como também o estarmos aqui escutando. A vida é, por igual, o escutarmos as árvores, os pássaros, o rio; é a alegria passageira, o sofrimento, a mágoa. Tudo isso é a vida; mas nós a dividimos em “vida diária” e “outra coisa mais”. Por quê? Por que não olhamos a vida totalmente, e não por fragmentos? Falamos sobre a vida da Wall Street, a vida da cidade, a vida do eremita, etc. Assim falamos há anos e anos; e isso não é também um hábito?

Enfrentar a vida é encará-la como um todo, e não fragmentariamente; e isso só podeis fazer ao vos conhecerdes. É porque não conheceis o inteiro mecanismo de vós mesmo que dividis a vida em fragmentos e, dessa maneira, perpetuais o conflito e o sofrimento. Não se pode construir um todo harmonioso juntando fragmentos, mas com o autoconhecimento alcança-se uma plenitude, um senso de totalidade.

Krishnamurti, Saanen, 31 de julho de 1962,
O homem e seus desejos em conflito

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill