A mente religiosa e a percepção direta
[...] Mente religiosa não é a mente confusa, estagnada, prisioneira da crença, do dogma, do ritual. Ela não é escrava de nenhuma autoridade. Não pertence a nenhum grupo, nenhuma religião organizada, não recorre a nenhum Salvador, Mestre, ou Guia. Ela é a luz de si mesma.
Religiosa é a mente que está livre de toda influência. O ser dominada por qualquer espécie de influência deforma a mente. Não podemos eliminar as influências, mas cumpre cientificar-nos delas. Devemos perceber o quanto influem em nossa mente, consciente ou inconscientemente, as leituras sobre a meditação, isto é, acerca dos vários sistemas de meditar que prometem ao “meditador” certos resultados, desde que se ajuste a um determinado modo de praticá-la. Precisamos conscientizar-nos de tudo isso e, em seguida, pô-lo de lado.
A mente religiosa é simples, sem complicações. Para mim a palavra “simplicidade” significa “não estar envolvido em conflito”. Não significa tomar só uma refeição por dia, andar de tanga, ou retirar-se para um mosteiro. Isso não é simplicidade, absolutamente. A mente está então apenas se ajustando a um padrão por ela própria ou por outro estabelecido, como reação à complexidade da vida.
A mente religiosa é simples, direta; não está enredada em palavras e não cria nenhum intervalo de tempo entre o que é e o que deveria ser. Percebe diretamente os fatos psicológicos de sua própria natureza e, por conseguinte, não oferece o solo no qual se enraízam os problemas.
Krishnamurti, Saanen, 9 de agosto de 1962,
O homem e seus desejos em conflito