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terça-feira, 10 de abril de 2018

O mecanismo criador de ilusões


O mecanismo criador de ilusões

Nesta palestra temos de falar sobre matéria muito vasta e isto poderá ser um tanto difícil, ou melhor, talvez “estranho”. Vou servir-me de certas palavras que poderão ter para vós um significado e, para mim, significado inteiramente diferente. Para comungarmos realmente em todos os níveis devemos ter compreensão mútua das palavras que empregamos e dos seus significados. A meditação, que pretendo examinar junto convosco, tem para mim imensa significação, ao passo que, para vós, talvez seja uma palavra comum. Talvez, para vós, signifique um método para se alcançar um resultado, chegar a alguma parte; e poderá constar de repetição de palavras e frases para serenar a mente, e de uma atitude súplice. Mas, para mim, a palavra “meditação” tem extraordinário significado; e para examiná-la a fundo, como pretendo fazer, temos primeiramente de compreender à faculdade de criar ilusões.

Quase todos nós vivemos num mundo quimérico. Todas as nossas crenças são ilusões, sem validade alguma. E para se despojar a mente de todas as formas de ilusão e do poder de criar ilusões, requer-se percebimento claro e penetrante, capacidade de raciocinar com acerto, sem fugas nem desvios. Um intelecto sem temor, que não se oculta atrás de desejos secretos, um intelecto tranquilo, sem conflito algum — esse intelecto, essa mente é capaz de perceber o que é verdadeiro, de ver se Deus existe. Não me refiro à palavra “Deus”, mas ao que esta palavra representa, algo que transcende as medidas das palavras e do tempo — se tal coisa existe. Para se descobrir, é óbvio que devem terminar todas as formas de ilusão e o poder de criar ilusões. E despojar a mente de todas as ilusões é, para mim, a propriedade da meditação. Eu sinto que através da meditação se penetra num vasto campo de extraordinários descobrimentos — não invenções, não visões, porém algo inteiramente diferente, realmente existente além do tempo, além das coisas fabricadas pela mente humana em sua busca secular. Se uma pessoa deseja realmente descobrir, por si própria, deverá lançar a base correta, e a base correta é a meditação. O copiar um padrão, o seguir um sistema, o observar um dado método de meditação — tudo isso é sobremodo infantil, imaturo demais; é mera imitação e não conduz a parte alguma, ainda que produza visões.

A base correta para se descobrir se existe uma realidade além das crenças que a propaganda inculcou na mente de cada um, essa base só pode ser criada pelo autoconhecimento. O conhecer a si mesmo é, exatamente, meditação. Conhecer a si mesmo não é conhecer o que se deveria ser, pois isso não tem validade, nem realidade, e não passa de mera ideia ideal. Mas compreender o que é, compreender o fato real — o que somos — momento por momento, isso requer que se liberte a mente de seu condicionamento. Pela palavra “condicionamento” entendo tudo o que a sociedade nos impôs, tudo o que a religião nos inculcou, pela propaganda, pela insistência, pela crença, pelo medo do céu e do inferno. Inclui o condicionamento referente à nacionalidade, ao clima, aos costumes, à tradição, à cultura como francês, hindu ou russo, e às inumeráveis crenças, superstições, experiências que constituem todo o fundo (background) em que vive a consciência e que se consolidou em consequência de nosso desejo de segurança. É a investigação e a destruição desse fundo que constitui a base correta para a meditação.

Sem liberdade não se pode ir muito longe; apenas divagamos para a ilusão, e isso nada significa. Se desejamos descobrir se existe ou não a Realidade, deveras almejamos levar a cabo este descobrimento — sem ficarmos apenas a brincar com ideias, por mais agradáveis, intelectuais, razoáveis ou aparentemente sensatas que sejam — necessitamos de liberdade, cumpre estar livre de conflito. E isso é dificílimo. É relativamente fácil fugir ao conflito; pode-se seguir um método, tomar uma pílula, um calmante, uma bebida, e perder a consciência do conflito. Mas o penetrar profundamente a questão do conflito requer atenção.

Atenção e concentração são duas coisas diferentes. Concentração é exclusão, é estreitar a mente ou o intelecto, para focá-la na coisa que se deseja estudar, observar. Isso é facilmente compreensível. E a concentração de exclusão cria distrações, não é verdade? Quando desejo concentrar-me e minha mente foge para outra coisa, essa outra coisa é uma distração e, por conseguinte, há conflito. Toda concentração implica distração, conflito e esforço. Por favor, não vos limiteis a seguir minhas palavras, minhas explicações, mas segui realmente vossos próprios conflitos, vossas distrações, vossos esforços. Esforço implica conflito, não? E só há esforço quando se deseja ganhar, alcançar, evitar, buscar ou rejeitar.

Este — se se me permite dizer — é um ponto muito importante, que cumpre compreender, isto é, que a concentração é exclusão, resistência, limitação da força pensante. A atenção não é idêntico “processo”, absolutamente. A atenção é “inclusiva”. Só se pode estar atento quando não há barreiras para a mente. Isto é, posso ver os rostos de todos vós na minha frente, ouvir vozes lá fora, notar o ruído ou o silêncio do ventilador, ver os vossos sorrisos e acenos de cabeça — a atenção abrange tudo isso e mais ainda. Mas, se meramente vos concentrais, não podeis incluir tudo isso, porquanto isso seria distração. Na atenção não há distração. Na atenção pode haver concentração, mas esta concentração é sem exclusão. A concentração, ao contrário, exclui a atenção. Isso talvez seja algo novo para vós; mas, se o experimentardes vós mesmos, vereis que existe uma qualidade de atenção capaz de escutar, de ver, de observar sem nenhum senso de identificação; nela, há visão completa, observação completa e, por conseguinte, nenhuma exclusão.

Estendo-me um pouco a este respeito porque acho muito importante compreender que quando a mente, o intelecto, está em conflito a respeito de qualquer coisa — a respeito de si própria, de seus problemas, seu vizinho, sua segurança — não pode ser livre. Assim, deveis vós mesmos descobrir se é possível, vivendo-se neste mundo — tendo-se de ganhar a vida, de viver a vida de família, com sua entediante rotina diária, suas ansiedades, o “sentimento de culpa” — se é possível penetrar muito profundamente, ultrapassar a consciência e viver sem conflito interior.

O conflito, por certo, existe quando desejamos “vir a ser” alguma coisa. Existe, quando há ambição, avidez, inveja. E é possível viver neste mundo sem ambição, sem avidez? Ou o homem está destinado inapelavelmente a ser perpetuamente ávido, ambicioso, desejoso de preenchimento e sentindo-se frustrado, ansioso, “culpado”, etc.? E é possível eliminar tudo isso? Porque, se não for eliminado, não se pode ir muito longe, uma vez que isso restringe o pensamento. E eliminar da consciência todo esse processo de ambição, inveja, avidez, é meditação. A mente ambiciosa não tem nenhuma possibilidade de saber o que é o amor; a mente entibiada pelos desejos mundanos nunca pode ser livre. Não quer isso dizer que a pessoa deva viver sem teto, sem comida, sem roupa, sem um certo grau de conforto físico; significa apenas que a mente ocupada com a inveja, o ódio, a avidez — seja avidez de conhecimentos, de Deus, seja de mais roupas — por se achar em conflito, jamais pode ser livre. E só a mente livre pode ir muito longe.

Conhecer a si mesmo é o começo da meditação. Sem conhecerdes a vós mesmos, o repetirdes uma quantidade de palavras da Bíblia, do Gita, ou de qualquer dos chamados livros sagrados, nenhuma significação tem. Isso poderá satisfazer a mente, mas uma pílula dá o mesmo resultado. Pelo repetir uma frase mais e mais vezes, torna-se o cérebro naturalmente quieto, sonolento e embotado; e como resultado desse estado de insensibilidade, de embotamento, pode-se ter alguma espécie de experiência, obter certos resultados. Mas a pessoa continua ambiciosa, invejosa, ávida, e cria inimizade. Assim, o aprender a conhecer a si própria, aquilo que a pessoa realmente é, é o início da meditação. Estou empregando a palavra “aprender” porque quando se está aprendendo, no sentido em que emprego a palavra, não há acumulação. O que chamais “aprender” é o mecanismo de acrescentar mais e mais ao que já se sabe. Mas, para mim, no momento em que adquirimos, acumulamos, essa acumulação se torna conhecimento, e conhecimento não é “aprender”. O aprender nunca é acumulativo; ao passo que a aquisição de conhecimento é um mecanismo de condicionamento.

Se desejo aprender a conhecer-me, descobrir realmente o que sou, tenho de estar vigilante a todas as horas, a todos os minutos do dia, para ver como me estou exprimindo. Estar vigilante não é condenar ou aprovar, porém ver o que somos de momento a momento. Pois o que nós somos está sempre a modificar-se, — não é verdade? — nunca é estático. O conhecimento é estático; já o aprender a conhecer o movimento da ambição nunca é estático, senão vivo, sempre movediço. Dessa forma, aprender e adquirir conhecimento são duas coisas diferentes. O aprender é infinito, é um movimento em liberdade; o conhecimento tem um centro que está sempre acumulando e só conhece um movimento, que é o de acumular mais, de escravizar-se mais.

Para seguir esta coisa a que chamo “eu”, com todas as suas nuanças, suas expressões, seus desvios, suas sutilezas, sua astúcia, deve a mente estar muito clara e vigilante, porquanto o que sou está sempre a mudar, a modificar-se, não é assim? Eu não sou o mesmo de ontem ou de há um minuto, porque cada pensamento e cada sentimento está modificando, moldando a mente. E se só vos interessa condenar ou julgar, de acordo com vossos conhecimentos acumulados, vosso condicionamento, não estais então seguindo a coisa, não a estais acompanhando, observando. Por conseguinte, o aprender a conhecer-vos importa muito mais que o adquirir conhecimentos acerca de vós mesmos. Não se pode ter um conhecimento estático a respeito de uma coisa viva. Pode-se ter conhecimento de algo passado e acabado, porque todo conhecimento está no passado; é estático, já morto. Mas uma coisa viva está sempre a mudar, sempre a sofrer modificações; ela difere a cada minuto, e vós tendes de segui-la, para conhecê-la. Não podeis compreender o vosso filho se continuamente o estiverdes condenando, justificando, ou com ele vos identificando; tendes de observá-lo, sem julgamento, quando ele dorme, quando chora, quando brinca — a todas as horas.

Assim, o aprender a conhecer a vós mesmo é o começo da meditação; aprendendo a conhecer-vos, ir-se-ão eliminando todas as ilusões. E isso é absolutamente essencial, pois, para se descobrir o que é verdadeiro — se existe a verdade, algo imensurável — não pode haver ilusão. E há ilusão quando há desejo de prazer, de conforto, de satisfação. Esse mecanismo, naturalmente, é bem simples. Desejando satisfação, criais a ilusão e aí ficais atolado para o resto da vida. Aí estais satisfeitos; e a maioria das pessoas estão satisfeitas com o crerem em Deus. Assusta-as a vida, a insegurança, a agitação, a agonia, a  culpa”, a ansiedade, as misérias e tristezas da vida; assim estabelecem, finalmente, algo a que chamam Deus, aonde se acolhem. E tendo-se rendido à crença, têm visões, e se tornam santos, etc. Isto não é investigar se existe ou não uma realidade. Ela poderá existir e poderá não existir; compete-vos descobri-lo. E para o descobrirdes, precisais de liberdade no começo e não no fim — livres de todas essas coisas; tais como a ambição, a avidez, a inveja, a fama, o desejo de ser importante e todas as demais infantilidades.

Deste modo, ao aprenderdes sobre a vossa pessoa, estais penetrando em vós mesmo, não apenas no nível consciente, mas também no nível profundo, inconsciente, e trazendo à luz todos os secretos desejos, buscas, impulsos, compulsões. Destrói-se então o poder de criar ilusões, porque está lançada a base correta. Quando a mente, o intelecto, se examina, se observa a si mesmo no movimento do viver, nunca deixando sem exame e compreensão um só pensamento ou sentimento, então tudo isso, em sua totalidade, é percebimento. É estardes apercebido de vós mesmo, inteiramente, sem condenação, sem justificação, sem escolha — como quem olha o próprio rosto ao espelho. Não podeis então dizer: “Eu desejava ter um rosto diferente”; ele lá está, tal como é.

E com essa autocompreensão, o intelecto — que é mecânico e está sempre “tagarelando”, reagindo a todas as influências, todos os desafios — se torna muito quieto, embora sensível e vivo. Ele não está morto; tornou-se um intelecto ativo, dinâmico, vigilante, mas, ao mesmo tempo, tranquilo, silencioso, porque nenhum conflito tem. Está em silêncio porque eliminou, compreendeu todos os problemas que para si criara. Afinal, um problema só se torna existente quando uma dada questão não foi bem compreendida. Quando o intelecto examinou e compreendeu perfeitamente a ambição, acabou-se o problema da ambição. E, assim, o intelecto se tranquilizou.

Podemos agora prosseguir, juntos, deste ponto, ou verbalmente ou fazendo realmente a viagem, e experimentando deveras — e isso significa eliminar completamente a ambição. Não se pode eliminar a ambição ou a avidez a pouco e pouco; aqui não há “mais tarde” nem “no ínterim”. Ou a eliminamos totalmente, ou ela de modo nenhum é eliminada. Mas, quando se alcança o ponto em que não há mais avidez, nem inveja, nem ambição, o intelecto está então sumamente tranquilo, sensível e, portanto, livre — e tudo isso é meditação; e então, mas não antes, pode-se ir mais longe. Ir mais longe, sem se ter chegado a este ponto, é mera especulação, sem nenhuma significação. Para se ir mais longe, cumpre estabelecer esta base, a qual é realmente virtude. Não é a virtude da respeitabilidade, a moralidade social de uma dada coletividade, porém uma coisa extraordinária, pura, verdadeira, a qual se torna existente sem nenhum esforço e é, essencialmente, humildade. A humildade é essencial, mas não pode ser cultivada, desenvolvida, praticada. Dizer para si mesmo: “Serei humilde” é pura insensatez; é vaidade encoberta pela palavra “humildade”. Mas há uma humildade que vem à existência naturalmente, inesperadamente, sem ser buscada; e nela não existe conflito, porque essa humildade nunca está subindo degraus, nunca está desejando.

Ora, quando se alcança este ponto, onde reina silêncio completo, onde o intelecto está inteiramente tranquilo e é, portanto, livre, verifica-se um movimento todo diferente.

Ora, compreendei, por favor, que esse estado é, para vós, especulativo. Estou falando de algo que não conheceis e que, por conseguinte, pouco vos significa. Mas falo porque ele tem significação em referência ao todo, à totalidade da vida. Porque, se não soubermos distinguir entre o que é verdadeiro e o que é falso, se não descobrirmos se existe ou não a verdade, a vida se torna extremamente superficial. Quer nos denominemos cristãos ou budistas, quer nos denominemos hinduístas ou seja o que for, a vida da maioria de nós é bem superficial, vazia, monótona, mecânica. E com a mente mecanizada queremos descobrir algo inefável. Uma mente insignificante a buscar o imensurável continua insignificante. Por conseguinte, a mente embotada deve transformar-se. Estou, pois, falando a respeito de algo que podeis ter visto ou não ter visto; mas importa aprendê-lo, porquanto essa realidade inclui a totalidade da consciência, inclui toda a ação de nossa vida. Para descobrir isso, a mente deve tornar-se completamente quieta, não mesmerizando a si própria, não por meio de disciplina, repressão, ajustamento; tudo isso significa, apenas, substituir um desejo por outro.

Não sei se já vos ocorreu isto: estar com a mente serena. Não aquela espécie de tranquilidade encontrável na igreja, ou o sentimento superficial que experimentais quando caminhais pela rua ou passeais num bosque, ou quando estais ocupado com o rádio ou a cozinha. Essas coisas exteriores podem absorver-vos — e de fato absorvem — produzindo uma certa forma de serenidade temporária. Isso é semelhante ao que acontece com o garoto entretido com um brinquedo; o brinquedo é tão interessante que absorve sua energia e pensamento; mas isso não é tranquilidade. Refiro-me à tranquilidade que se verifica quando a totalidade da consciência foi compreendida e já não há buscar, desejar, tatear no escuro e, por conseguinte, ela se tornou perfeitamente serena. Nessa serenidade há um movimento completamente diferente; esse movimento é atemporal. Não tenteis reter estas frases, porque elas em si nada significam. Nosso intelecto, nossos pensamentos resultam do tempo; assim, pensar a respeito do atemporal nenhuma significação tem. Só quando o intelecto se tranquilizou, quando já não busca, nem evita, nem resiste, porém se acha totalmente tranquilo por ter compreendido todo este mecanismo, só então, nessa tranquilidade, se manifesta uma vida de espécie diferente, um movimento que transcende o tempo.

Krishnamurti, Paris, 21 de setembro de 1961, O Passo Decisivo

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill