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quinta-feira, 19 de abril de 2018

Qual o instrumento para examinar o inconsciente?

Qual o instrumento para examinar o inconsciente?

[...] Não conheceis o inconsciente, não tendes percebimento dele, por conseguinte como podereis desvelá-lo? Como poderei — enredado que estou nas diárias atividades e rotinas da mente consciente — examinar o inconsciente?

[...] Com que instrumento ireis examinar o inconsciente? O único instrumento de que dispondes é a mente consciente, a mente "de todos os dias", aquela mente ativa que vai ao escritório, que tem apetites sexuais e outros, que abriga temores; e com essa mente consciente ides examinar o inconsciente. Mas isso é impossível; e, depois de verificardes que é impossível, que acontece? Durante o chamado "sono", quando o cérebro se acha relativamente quieto, o inconsciente comunica certas coisas através de sonhos, de símbolos, e, depois, ao despertar, a mente consciente diz: "Sonhei e preciso interpretar os meus sonhos". Por se achar muito ocupada durante o dia, a mente consciente só tem possibilidade de descobrir o conteúdo do inconsciente por meio dos sonhos. Por essa razão, o analista atribui aos sonhos desmedida importância. Mas, vede só as complicações daí decorrentes! Os sonhos requerem interpretação correta, e para dar a correta interpretação, deve o analista conhecer o conjunto (background) de vossa consciência, todo ele, porque, do contrário, sua interpretação será falsa. Essa interpretação poderá ser freudiana ou junguiana, ou refletir as opiniões de outra autoridade qualquer, mas não será correta; e isso é o que, em geral, acontece, visto que o analista não conhece todo o vosso background (todo o conjunto de vossa consciência), nem pode conhecê-lo. E, se vós mesmo começais a analisar o inconsciente, a anotar e a interpretar cada sonho, vossa interpretação terá de ser sobremodo livre do inconsciente. Estais vendo, pois, a dificuldade. Estou examinando o problema negativamente; percebeis?

Essa coisa que chamais "o inconsciente" é desconhecida — desconhecida, no sentido de que não estais familiarizado com ela, desconheceis o seu conteúdo. Até agora não sabeis o que ele é. Tendes tentado compreendê-lo com uma mente que foi exercitada para acumular conhecimentos e com esses conhecimentos observar. Mas, descobristes agora que não é por essa maneira — isto é, por meio da análise — que se pode sondar o inconsciente. E, quando dizeis "A análise não é o caminho certo", que aconteceu à vossa mente? Entendeis? Não sei se isto está claro.

Quando dizeis, a respeito de alguma coisa: "Este não é o caminho certo", qual o estado de vossa mente? Ela se acha, por certo, num estado de negação. Ora, podeis permanecer nesse estado? É só no estado de negação que tendes possibilidade de observar; assim, o importante é abeirar-nos negativamente daquilo que desconhecemos. É assim que nascem as invenções, não? Foi assim que se criaram os grandes foguetes. Mas, é muito mais difícil nos abeirarmos negativamente de um problema psicológico, porque estamos torturados, retidos em nosso próprio desconcerto emocional, e desejamos achar uma saída disso.

Assim, para desvelarmos o inconsciente, precisamos primeiramente ver com toda a clareza, por nós mesmos, essa verdade, que só com uma mente vazia temos possibilidade de observar uma coisa que desconhecemos. Foi-vos recomendado analisar, mas a análise não vos conduziu a parte alguma, a nada, nada; percebeis, pois, por vós mesmo, que a análise não é o verdadeiro caminho. Compreendida a futilidade da análise, não trateis imediatamente de descobrir o que é o inconsciente, porém, antes, investigai, para descobrir qual é o estado em que a mente diz: "A análise não é o verdadeiro caminho". Esse estado, por certo, é o estado de negação; nele, a mente pode observar, porque não está então traduzindo, interpretando, julgando, porém apenas observando. Isso, podeis fazer em qualquer lugar — sentado num ônibus, no escritório, quando vos fala o patrão, quando falais com vossa mulher, vossos filhos, vosso vizinho, quando ledes o jornal. Com essa mente, pode ser observada cada reação do inconsciente; e, se o fizerdes intensamente — não apenas ocasionalmente, dia sim, dia não — se vos conservardes sobremodo vivo, vereis que não mais sonhareis. Que necessidade há de sonhos simbólicos, quando a cada minuto do dia o inconsciente vos está revelando a suas reações, descerrando o seu condicionamento, suas "memórias", suas ansiedades — quando tudo está sendo revelado, ao mesmo tempo que estais observando? A mente é então semelhante a uma tela em branco, na qual o inconsciente projeta o seu retrato, de momento a momento; de modo que, quando dormis, a mente, o cérebro, repousa. E ele necessita de repouso, porque esteve afanosamente ativo durante a dia, não só exercendo sua ocupação, mas também observando. O cérebro se torna, assim, sobremodo sensível — muito mais do que por meio da análise e da introspecção. A mente, o cérebro, que, durante o sono, se acha em absoluto repouso, se renova. Tem a energia necessária para ir mais longe ainda — mas não vou tratar disso agora.

[...] O desvelar do inconsciente se verifica quando a mente se acha num estado de negação, num estado de vazio; quer dizer, quando está observando, sem interpretar.

Krishnamurti, Saanen, 11 de julho de 1963,
Experimente um novo caminho


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill