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sexta-feira, 20 de abril de 2018

A atenção precisa ser sem conflito

A atenção precisa ser sem conflito

PERGUNTA: Permiti-me perguntar quem é que percebe, e se há diferença entre percebimento e "observação pelo observador".

KRISHNAMURTI: Quando escutais música ou o que outrem diz, de maneira total, há alguém que está escutando? Quando observais algo com atenção completa, existe observador? Só quando a atenção está dividida, quando é incompleta, existe um observador separado do observar; e perguntais, então: "Quem é o observador?".

De que maneira escutais qualquer coisa? Escutais parcialmente, não é verdade? Não prestais toda a vossa atenção. Não estais profundamente interessado no que o outro está dizendo, e prestais muito pouca atenção; ouvis indiferentemente, e por isso há separação entre o escutar e aquele que escuta. Mas, se escutais uma coisa com atenção completa, não existe tal separação. Sabeis o que entendemos por "atenção completa": prestar atenção sem esforço. Não digais: "Estou sujeito a distrações, e como posso prestar atenção sem esforço?" Se prestardes atenção a isso que chamamos "distração", então essa "distração" deixa de ser distração, não achais?

Em geral, não prestamos atenção, e por isso somos exercitados para a concentração. Se, em vosso emprego, não vos concentrardes no que estiverdes fazendo, perdereis o emprego; por isso, sois exercitado, condicionado, disciplinado, para vos concentrardes. Tal concentração implica exclusão. Se vos obrigais a concentrar-vos numa coisa, sois também obrigado a excluir qualquer outra coisa. Quando vosso pensamento se desvia daquilo em que desejais concentrar-vos para aquilo que estais tentando excluir, chamais isso "distração"; por conseguinte, a concentração, para vós, é uma forma de conflito — que é só o que conhecemos, quase todos nós.

Mas eu estou falando de coisa muito diferente: prestar atenção sem conflito. Isso significa escutar sem tensão, sem perturbação — e isso é escutar com atenção completa. Mas só se pode escutar com "atenção completa" quando no escutar não há ganho, não há motivo pessoal, nem exigências, nem interpretação. A pessoa está, simplesmente, escutando. Nesse estado de "total escutar" não há entidade que está a escutar, não há quem escuta, separado do escutar. É um mecanismo unitário, que se verifica quando estamos completamente interessados numa coisa.

Já observastes uma criança com um brinquedo novo? Enquanto a criança não se acostuma com o brinquedo e dele se enjoa, o brinquedo absorve-a inteiramente. O brinquedo de tal maneira a atrai que, temporariamente, a criança fica unificada com ele; não há distração alguma, porque o brinquedo a absorveu de todo. Nós também desejamos deixar-nos absorver completamente por alguma coisa — Deus, o sexo, o amor, uma centena de coisas. Desejamos estar tão intimamente ligados a uma certa coisa, que por ela sejamos inteiramente absorvidos; mas, essa absorção não é atenção. Em geral temos, dentro em nós ou fora de nós, alguma coisa a que estamos ligados — uma crença, uma esperança, uma relação, uma certa ocupação ou distração — e toda ligação dessa ordem é sempre de fundo neurótico. E a sociedade em que viveis — comunista ou outra qualquer — exige que estejais ligado a alguma coisa — um partido, uma ideologia, a defesa do Estado — porque, de outra maneira, sois um ente humano perigoso. Mas, quando nem as coisas externas nem as internas vos absorvem, e quando tendes compreendido todo o mecanismo da concentração e exclusão, então, dessa compreensão, nasce um estado de percebimento simples, de atenção sem esforço, em que vosso corpo, vossa mente, todo o vosso ser está vigilante, completamente atento.

Senhor, escutai aquele trem que está passando. Se escutais o barulho, o estrondo que ele faz, sem nenhuma resistência, nenhuma ideia de levantar uma muralha contra ele, se o escutardes completamente, vereis que não há entidade que escuta.

PERGUNTA: Falais da "extraordinária energia" de que se necessita para a atenção completa. Como se pode adquirir essa energia?

KRISHNAMURTI: Como adquirimos energia? Uma das maneiras é tomar alimentos adequados ou da qualidade de que necessitamos, fazer suficiente exercício, e ter a justa porção de sono. E a maioria de nós, também, deriva energia da competição, da luta e do conflito, não é verdade? É só essa a energia que conhecemos. Restritos a essa limitada energia e desejando, portanto, expandir nossa consciência, recorremos as drogas. Há várias drogas que têm o efeito de expandir a consciência; e no momento dessa expansão provocada por uma droga, sentimo-nos extraordinariamente perceptivos, sensíveis. Ela nos confere uma qualidade diferente, um vivo sentimento de "diversidade". Tal efeito tem sido descrito por várias pessoas que, de fato, fizeram uso de tais drogas.

Ora, como despertar em nós mesmos uma energia que tenha seu ímpeto próprio, causa e efeito próprios, energia que não contenha resistência e não esteja sujeita a deteriorar-se? Como alcançá-la? As religiões organizadas advogam vários métodos, e supõe-se que, pela prática de um certo método, pode-se adquirir essa energia. Mas os métodos não dão tal energia. A prática de um método exige sujeição, resistência, rejeição, aceitação, ajustamento, e com isso se consome a energia de que porventura dispomos. Se perceberdes a verdade desta asserção, nunca mais praticareis método algum. Isto, em primeiro lugar. Em segundo lugar, se a energia tem um motivo, um fim a que se dirige, essa energia é autodestrutiva. E, no que respeita à maioria de nós, a energia tem sempre motivo, não é verdade? Somos movidos pelo desejo de alcançar, de nos tornarmos isto ou aquilo, e, por conseguinte, nossa energia anula a si própria. Em terceiro lugar, a energia se enfraquece, se degrada, quando se ajusta ao passado — e aí talvez esteja nossa maior dificuldade. O passado não é apenas os inúmeros dias passados, mas é também cada minuto que se lhes vai acrescentando, a lembrança daquilo que se passou há um segundo.

Assim, para despertar essa energia, não deve haver na mente resistência, nem motivo, nem "fim em vista"; ela não deve estar enredada no tempo, sob o aspecto de ontem, hoje e amanhã. A energia está, então, a renovar-se constantemente e, por conseguinte, não degenera. A mente já não está ligada, a nada, é totalmente livre; e só então é capaz de encontrar aquilo a que se não pode dar nome, aquela coisa extraordinária que transcende todas as palavras. A mente precisa libertar-se do "conhecido", para ingressar no Desconhecido.

Krishnamurti, Saanen, 28 de julho de 1963,
Experimente um novo caminho

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill