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sábado, 21 de abril de 2018

O estado da mente religiosa

Desejo nesta manhã falar sobre o significado da religião, não apenas para explicá-lo verbalmente, mas também para compreendê-lo profundamente. Mas, antes de nos aprofundarmos nesta questão, precisamos ficar bem esclarecidos sobre o que é mente religiosa, e qual o estado da mente que investiga, de fato, a questão da religião.

Parece-me sumamente importante compreender a diferença entre isolamento e solidão. Quase toda a nossa atividade diária se concentra em torno de nós mesmos; baseia-se em nosso particular ponto de vista, em nossas próprias experiências e idiossincrasias. Pensamos em termos relativos à nossa família, nosso emprego, nossos objetivos, e também em referência a nossos temores, esperanças e desesperanças. Tudo isso é obviamente egocêntrico e torna existente um estado de isolamento, como se pode ver na vida de cada dia. Temos secretos desejos pessoais, ocultos apelos e ambições, e nunca nos achamos em profunda relação com ninguém, nem com as nossas esposas, nem com os nossos maridos ou nossos filhos. Esse isolamento é igualmente um resultado de nossa fuga ao tédio cotidiano, às frustrações e trivialidades de nossa vida diária. É causado, também, pela nossa fuga ao estranho sentimento de solidão que nos assalta quando nos vemos subitamente desligados de tudo, quando tudo está longe de nós e não há comunhão, não há relação com ninguém. Penso que a maioria de nós, aqui presentes — se alguma vez nos conscientizamos do mecanismo de nosso próprio existir — tem sentido profundamente essa solidão.

Em virtude dessa solidão, desse sentimento de isolamento, tratamos de identificar-nos com alguma coisa maior do que nós — pode ser o Estado, um ideal, ou um conceito acerca de Deus. Essa identificação com algo maior ou imortal, algo exterior à esfera de nosso pensamento, chama-se geralmente “religião” e conduz à crença, ao dogma, ao ritual, a atividades separadas de grupos rivais, cada um dos quais crê num diferente aspecto da mesma coisa; assim, o que chamamos religião produz mais isolamento ainda.

E vê-se, também, como o mundo está dividido em nações rivais, cada uma com seu governo soberano e suas barreiras econômicas. Embora todos sejamos entes humanos, temos edificado muralhas entre nós mesmos e nossos semelhantes, com o nacionalismo, a raça, a casta, a classe — o que, por igual, gera isolamento, solidão.

Ora, a pessoa que se envolve na solidão, nesse estado de isolamento nunca terá possibilidade de compreender o que é religião. Poderá crer, ter certas teorias, conceitos, fórmulas, poderá procurar identificar-se com o que chama Deus; mas a religião, assim me parece, nada tem que ver com crenças, sacerdotes, igrejas ou os chamados livros sagrados. Só podemos compreender o estado da mente religiosa ao começarmos a compreender o que é a beleza. E a compreensão da beleza tem de começar pela solidão total. Só nesse estado é que podemos conhecer a beleza.

Solidão, evidentemente, não é isolamento, nem singularidade. Ser “singular” é apenas de algum modo ser excepcional, ao passo que o estar completamente só requer extraordinária sensibilidade, inteligência, compreensão. “Estar completamente só” implica que a pessoa se encontra livre de toda espécie de influência e, por conseguinte, isenta da contaminação social; temos de estar sós para compreender o que é religião — a verdadeira religião, que é descobrir individualmente se existe algo imortal, eterno.

A mente, tal como é na atualidade, resulta de milhares de anos de influência — biológica, sociológica, ambiente, climática, alimentar, etc. Isso também é bem óbvio. Sois influenciados pela alimentação, pelos jornais, por vossa mulher ou marido, por vosso vizinho, pelo político, pelo rádio, pela televisão, e outras coisas mais. Estais sendo influenciados pelo que vos é “despejado”, na mente consciente e na inconsciente, de muitas e diferentes direções. E não é possível estarmos apercebidos dessas numerosas influências, de maneira tal que não nos deixemos enredar por nenhuma delas? Do contrário, a mente se torna um mero instrumento do ambiente. Poderá criar uma imagem do que ela pensa ser Deus ou a Verdade Eterna, e crer nessa coisa, mas continua a ser moldada pelo ambiente, suas exigências, tensões, superstições, pressões; e sua crença não representa, absolutamente, o estado de uma mente religiosa.

Como cristão, fostes criado numa igreja construída pelo homem no decorrer de dois milênios, com seus sacerdotes, dogmas, rituais. Em pequeno, batizaram-vos e enquanto crescíeis disseram-vos o que devíeis crer; passastes por todo esse mecanismo de condicionamento, de “lavagem do cérebro”. A pressão dessa religião, com sua máquina de propaganda, é obviamente forte, sobretudo porque é bem organizada e está apta a exercer influência psicológica mediante a educação, a adoração de imagens, a atemorização, e o condicionamento da mente. Em todo o Oriente, também, as pessoas estão fortemente condicionadas por suas crenças, seus dogmas, suas superstições, e por uma tradição que remonta a dez mil anos ou mais.

Ora, a menos que a mente esteja livre, não terá possibilidade de descobrir o que é verdadeiro — e estar em liberdade é achar-se livre de qualquer influência. Tendes de livrar-vos da influência da nacionalidade, e da influência de vossa igreja, com suas crenças e dogmas; e deveis também libertar-vos da avidez, da inveja, do medo, do sofrimento, da ambição, da competição, da ansiedade. Se não estamos livres de todas essas coisas, as numerosas pressões exteriores e interiores criarão um estado contraditório, neurótico, e, em tais condições, não podemos, em circunstância nenhuma, descobrir o que é verdadeiro ou se existe alguma coisa que transcenda o tempo.

Vemos, pois, o quanto é necessário que a mente se livre de toda influência. Será isso possível? Se não é possível, não pode então haver descobrimento do que é eterno, do Supremo. Para uma pessoa descobrir se isso é possível ou não, terá de conscientizar-se dessas numerosas influências, não só aqui, neste pavilhão, mas também em sua vida de cada dia. Terá de observar como estão elas contaminando, moldando, condicionando a mente. É óbvio que não se pode estar apercebido a todas as horas das inúmeras e diferentes influências que se precipitam na mente; mas pode-se perceber a importância — e este me parece o ponto crucial da questão — de nos livrarmos de todas influências; e, uma vez compreendida essa necessidade, o inconsciente percebe a influência, ainda que a mente consciente possa, muitas vezes, não percebê-la.

Está claro?

O que estou tentando assinalar é o seguinte: Há influências sobremodo sutis a moldar a mente; e a mente que está sendo moldada por influências, as quais se encontram sempre na esfera do tempo, não pode de modo nenhum descobrir o eterno, ou se tal coisa existe. A questão, pois, é esta: se a mente consciente não tem possibilidade de perceber todas as influências, que deverá fazer? Se, seriamente, vos fizerdes esta pergunta, de modo que ela exija vossa total atenção, vereis que a parte inconsciente de vós mesmos, que não se acha inteiramente ocupada quando as camadas superficiais da mente estão funcionando, toma as coisas a seu cuidado, e observa as influências que vão surgindo.

Considero importante compreender isso; porque, se cuidardes meramente de resistir às influências ou delas vos defender, essa resistência, que é uma reação, criará na mente mais um condicionamento. A compreensão do mecanismo total da influência deve ocorrer sem esforço algum, ter o caráter de percepção imediata. O que sucede é isto: se perceberdes realmente a imensa importância de não vos deixardes influenciar, então, uma certa parte de vossa mente se encarregará desse trabalho, sempre que conscientemente estiverdes ocupado com outras coisas — e essa parte é muito vigilante, ativa e desperta. Impede, pois, ver de pronto a enorme importância de não se ser influenciado por nenhuma circunstância ou pessoa. Este é o ponto essencial — e, não, como resistir à influência, ou o que cumpre fazer quando se está sendo influenciado. Uma vez tenhais compreendido esse fato central, vereis que há uma parte da mente que está sempre desperta e vigilante, sempre pronta a eximir-se de qualquer influência, ainda a mais sutil. Desse estado não influenciado provém uma solidão completamente diferente do isolamento. E há necessidade de solidão, porquanto a beleza se encontra fora da esfera do tempo, e só a mente que está só pode saber o que é a beleza.

Para a maioria, a beleza é questão de proporções, forma, tamanho, contorno, cor. Vemos um edifício, uma árvore, uma montanha, um rio, e dizemos que é belo; mas aí está ainda a “entidade exterior”, o experimentador que observa essas coisas e, por conseguinte, o que chamamos “beleza” acha-se ainda na esfera do tempo. Mas, eu sinto que a beleza está fora do tempo e que, para conhecê-la, o experimentador deve deixar de existir. O experimentador não é mais do que uma simples acumulação de experiência, que serve para julgar, avaliar, pensar. Quando a mente contempla um quadro, ou ouve música, ou observa a correnteza de um rio, ela geralmente o faz apoiada naquele fundo de experiência acumulada; olha do passado, da esfera do tempo — e, para mim, isso não é conhecer a beleza. Conhecer a beleza, ou seja descobrir o eterno, só é possível quando se está totalmente só — e isso nada tem que ver com o que dizem os sacerdotes, com o que dizem as religiões organizadas. A pessoa deve estar livre de influência, de contaminação da sociedade, dessa estrutura psicológica de avidez, inveja, ansiedade, medo. Deve estar liberta de tudo isso. Dessa liberdade provém a solidão, e só no estado de solidão pode a mente conhecer o que existe fora da esfera do tempo.

A beleza e aquilo que é eterno não podem ser separados. Podeis pintar, escrever, observar a natureza, mas se há qualquer forma de atividade do “eu” — qualquer atividade egocêntrica do pensamento — então o que percebeis deixa de ser beleza, porque ainda compreendido na esfera do tempo; e, se não compreenderdes a beleza, de modo nenhum descobrireis o que é eterno; porque essas duas coisas estão unidas. Para descobrir o eterno, o imortal, deve a pessoa estar livre do tempo — sendo o tempo tradição, conhecimento acumulado e a experiência do passado. Não é questão de “crer” ou de “não crer” — pois tais coisas são “imaturas”, extremamente infantis, e nenhuma relação têm com o caso. Mas quem tem sério interesse e deseja realmente descobrir, abandonará totalmente a atividade egocêntrica do isolamento e alcançará, dessa maneira, um estado no qual se verá completamente só; e apenas nesse estado de solidão total podemos compreender a beleza, o eterno.

As palavras iludem, porquanto, símbolos que são, não constituem a realidade. Elas encerram um significado, um conceito, porém não são a própria coisa. Assim, quando falo do eterno, deveis averiguar se estais meramente sendo influenciados por minhas palavras ou enredados numa crença — o que seria uma infantilidade.

Pois bem; para se averiguar se existe tal coisa — o eterno — é preciso compreender o que é o tempo. O tempo é algo verdadeiramente extraordinário; mas não me refiro ao tempo cronológico, ao tempo cronométrico, que é tão evidente quanto necessário. Aludo ao tempo como continuidade psicológica. E é possível vivermos sem essa continuidade? O que dá a continuidade é, obviamente, o pensamento. Se penso numa coisa constantemente, ela tem continuidade. Se alguém olha diariamente para o retrato da própria esposa, com isso lhe dá continuidade. Mas, é possível viver-se neste mundo sem se dar continuidade à ação, de modo que a ação seja sempre nova? Isto é, posso morrer para cada ação, em todo o correr do dia, de maneira que a mente jamais acumule e, por conseguinte, nunca se deixe contaminar pelo passado, mantendo-se, assim, perenemente nova, fresca, indene? Eu digo que isto é possível, que podemos viver assim, o que não significa que tal coisa é para vós uma realidade. Vós mesmos é que deveis descobri-lo.

Começamos, dessa forma, a perceber que a mente deve estar completamente só, mas não isolada. Nesse estado de total solitude surge a percepção de uma extraordinária beleza, de algo não criado pela mente. Isso nada tem que ver com o juntar algumas notas musicais, ou espalhar tintas para pintar um quadro; mas, achando-se só, a mente está imersa na beleza e, em consequência, é sobremodo sensível; e, sendo sensível, é inteligente. Sua inteligência não é a inteligência da sagacidade ou do saber, nem tampouco a capacidade de fazer determinada coisa. É inteligente, no sentido de não estar sendo dominada, nem influenciada, de ser sem medo. Mas, para achar-se nesse estado, a mente deve ser capaz de renovar-se todos os dias — e isso significa morrer, cada dia, para o passado, para tudo o que conheceu.

Ora, como disse, a palavra, o símbolo, não é a realidade. A palavra “árvore” não é a árvore, e devemos, pois, estar atentos para não nos deixarmos enredar em palavras. Estando a mente livre da palavra, do símbolo, torna-se bem sensível e apta a investigar e fazer descobrimentos.

Afinal, busca o homem essa coisa há longo tempo, dos tempos mais antigos à atualidade. Deseja encontrar algo que não seja de concepção humana. Embora as religiões organizadas nada signifiquem para o ser inteligente, contudo elas sempre proclamaram existir algo transcendente; e o homem nunca deixou de procurar essa coisa, porque sempre viveu no sofrimento, na aflição, na confusão, no desespero. Vendo-se em incessante estado de transitoriedade, deseja encontrar algo permanente, perdurável, que tenha continuidade, e sua busca, por consequência, sempre esteve confinada na esfera temporal. Mas, como se pode observar, não há nada permanente. Nossas relações, nossos empregos — tudo é transitório. Dado o nosso medo a essa transitoriedade, estamos sempre em busca de algo permanente, que chamamos “o imortal”, “o eterno”, ou como preferirdes. Mas, essa busca do permanente, do imortal, do eterno, é mera reação e, por conseguinte, sem validade. Só quando a mente está livre desse desejo de certeza, pode começar a descobrir se tal coisa existe — o eterno — algo que transcende o espaço, o tempo, o pensador e a coisa em que pensa ou a que busca. O observar e compreender tudo isso requer plena atenção e a flexibilidade da disciplina resultante de tal atenção. Nessa atenção, não há distração, não há tensão, não há movimento em nenhum sentido; porque todo movimento, todo motivo dessa natureza, resulta de influência, quer do passado, quer do presente. Nesse estado de atenção livre de esforço apresenta-se uma extraordinária consciência de liberdade, e só então — achando-se totalmente vazia, quieta, serena — está a mente capacitada a descobrir o eterno.

Talvez desejeis fazer perguntas a respeito do que foi dito nesta manhã.

PERGUNTA: Como pode uma pessoa ficar livre do desejo de certeza?

KRISHNAMURTI: A palavra “como” supõe método, não achais? Se sois arquiteto e eu vos pergunto como se constrói uma casa, podeis dizer-me o que se tem de fazer, porque há um método, um sistema, uma maneira de executar esse trabalho. Mas a observância de um método ou sistema condiciona a mente; vede, pois, o obstáculo que suscita o emprego da palavra “como”.

E, também, precisamos compreender o desejo. Que é desejo? Outro dia estive examinando isso, e espero que aqueles que então estiveram presentes tenham apreendido o significado do que eu disse e não se sintam enfadados com o que agora estou dizendo. Porque, com efeito, a pessoa pode ouvir estas palestras numerosas vezes, é cada vez perceber algo novo.

Que é o desejo? Como disse naquele dia, há o ver ou perceber, depois o contato e ainda a sensação e, por fim, o aparecimento do que chamamos “desejo”. É isto, por certo, o que acontece. Prestai toda a atenção. Vejo, por exemplo, um belo carro. Desse próprio ato de ver, mesmo sem tocar o carro, há sensação, que cria o desejo de conduzi-lo, de possuí-lo. Não nos interessa, aqui, o como resistir ou livrar-se do desejo, porque o homem que resistiu ao desejo e pensa ter ficado livre dele está em verdade paralisado, morto. O importante é compreender todo o mecanismo do desejo, quer dizer, compreender tanto a sua importância como sua total insignificância. Nós temos de saber, não como extinguir o desejo, mas, sim, descobrir aquilo que lhe dá continuidade.

Ora, que é que dá continuidade ao desejo? O pensamento, pois não? Primeiro vê-se o carro, vem depois a sensação, seguida do desejo; e se o pensamento não intervém e não dá prosseguimento ao desejo, dizendo: “Preciso possuir este carro; como poderei adquiri-lo?” — então o desejo termina. Entendeis? Não estou acentuando a necessidade de ficarmos livres do desejo; muito ao contrário! Mas é preciso compreender a natureza do desejo; porque veremos então que não haverá a sequência do desejo, senão outra coisa completamente diferente.

Assim, o importante não é o desejo em si, porém o fato de lhe darmos continuidade. Por exemplo, damos continuidade ao sexo por meio do pensamento, de imagens, de fotografias, da sensação, da lembrança; mantemos viva a memória dessas coisas pensando nelas, e isso faz vibrar a sexualidade e os próprios sentidos. Bem sei que os prazeres sensuais têm real importância, mas nós lhes atribuímos, pelo desejo de repetição, um exagerado valor em nossa vida. Consequentemente, o relevante não é que nos livremos do desejo, porém que lhe compreendamos a estrutura, e como o pensamento lhe dá vitalidade; isso basta. A mente é então livre e ninguém precisa procurar um meio de libertar-se do desejo. No momento em que o procuramos, envolvemo-nos em conflito. Sempre que vedes um carro, uma mulher, uma casa, ou o que quer que vos atraia, o pensamento interfere e desperta o desejo, e tudo se torna um problema interminável.

O essencial é vivermos uma vida sem esforço, sem um só problema; e pode-se viver sem problema algum quando se compreende a natureza do esforço e se percebe claramente a inteira estrutura do desejo. Temos, em geral, inúmeros problemas; e para estarmos isentos de problemas cumpre pôr fim a cada problema tão logo ele surja. Já consideramos suficientemente este assunto, e não pretendo examiná-lo de novo. Todavia, é absolutamente necessário não ter a mente problema algum e, assim, a pessoa viver uma vida sem esforço. Por certo, esta é a única mente religiosa, porquanto terá compreendido o sofrimento e a terminação do sofrimento; ela é sem medo e, por conseguinte, a luz de si própria.

Krishnamurti, Saanen, 2 de agosto de 1964,
A mente sem medo



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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



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K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


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Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill