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sexta-feira, 13 de abril de 2018

Sobre a solidão e a vontade de Deus


Sobre a solidão e a vontade de Deus

A maioria de nós nos sentimos sós, e sabemos o que esta palavra significa. Sabemos — ou pelo menos pensamos saber — o que é esse estado de solidão. Nós o reconhecemos por meio da palavra? E se não existisse a palavra, quando tivéssemos um certo sentimento poderíamos reconhecê-lo como “solidão”? Em geral, somos tão escravos das palavras que não temos capacidade de olhar o fato.

Há um estado de solidão; e podeis olhar esse estado sem a palavra?[...]

Senhor, o “dar nome”, o verbalizar, é um processo muito complexo. Quando compreendeis que a palavra não é a coisa, estais então em contato com a coisa, não por meio da palavra, mas direta e vitalmente. E que acontece então?[...]

Enquanto passardes pelo mecanismo de reconhecimento, que é olhar para a coisa nova traduzindo-a nos termos do que antes existiu, é inevitável o conflito; por conseguinte, não há renovação, não há nada novo. Isso é um fato psicológico. Se penetrardes fundo em vós mesmo, vereis tudo isso num clarão; não precisais escutar a mim ou a outro qualquer. Ao lançardes fora a carga das palavras, ao vos libertardes de toda essa estrutura de símbolos, ideias, para olhardes diretamente a coisa em si, encontrareis rejuvenescimento, frescor; algo totalmente novo acontece.

Mas vede quanto é difícil a um cristão abandonar o símbolo da Cruz, ou a vós abandonar a palavra “inglês”. E deveis abandonar o símbolo, deveis libertar-vos da palavra. Deveis libertar-vos da palavra “Deus”, a fim de descobrirdes o que realmente é.

[...]O “dar nome”, que implica todo o mecanismo de acumulação de conhecimento, é realmente pernicioso. Isso não significa que não devais ter o conhecimento mecânico — porque, do contrário, não saberíeis aonde ir, daqui a um minuto. O conhecimento ou a experiência se torna prejudicial quando só há reconhecimento nessa base. Só quando cessa o mecanismo de reconhecimento, há observação; e dessa observação resulta um movimento vital.

[...] Tememos o vazio e desejamos preenchê-lo. Temos medo de nossa esgotante solidão, e procuramos fugir dela. É o fugir que gera o medo; mas o fugir nos põe ativos e, por isso, quando fugimos, pensamos que estamos sendo muito positivos. Quando tiverdes compreendido essa solidão, depois de atravessá-la e ultrapassá-la, descobrireis por vós mesmo o que há quando o “eu” já não existe. Mas, como em tudo mais, senhor, deveis começar pelo vazio. A taça só é útil quando vazia. Mas, para compreender esse vazio, é preciso atravessá-lo num clarão, por assim dizer, e lançar a base correta. Então, vós sabereis; nunca mais perguntareis o que há além daquele vazio.

[...] A taça só pode ser útil quando vazia. Podeis então enchê-la com o de que gostais. Mas, se vossa taça já está cheia — cheia de sofrimento, aflição, conflito — que utilidade tem ela? Senhor, que utilidade tem nossa vida, tal como é: competição, guerras, conflitos internacionais, divisão entre Oriente e Ocidente, entre esta e aquela religião? Que utilidade tem isso?

[...] Todo político, todo negociante, todo general preparador de guerras, fala sobre “a vontade de Deus”. O comunista também fala da “vontade de Deus”, mas no seu caso se trata da “vontade do Estado”, etc., etc.. Que é “a vontade de Deus”? Só podereis averiguar isso quando estiverdes vazio, quando já não estiverdes buscando, já não estiverdes pedindo, quando já não pertencerdes a nenhum grupo separado, quando já não tiverdes medo, quando vos achardes num estado de completa incerteza — que não significa demência. Nesse estado, o pensamento já não busca um pouso seguro. Então, talvez, aquilo que se pode chamar “Deus” — ou outro nome qualquer — começará a atuar.

Krishnamurti, Londres, 14 de junho de 1962,
O homem e seus desejos em conflito



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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill