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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Para ver o real, o pensar e a reação devem cessar

Para ver o real, o pensar e a reação devem cessar

[...] Ora, quando escutamos — e isso é uma verdadeira arte — é necessária uma certa tranquilidade do intelecto. Como acontece com a maioria de nós, o intelecto está incessantemente ativo, sempre a reagir ao desafio de uma palavra, ideia ou imagem; e esse constante mecanismo de reação e desafio não produz compreensão. O que produz compreensão é estar com o intelecto muito tranquilo. O intelecto, afinal, é o instrumento que pensa, que reage; é o reservatório da memória, resultado do tempo e da experiência; e a compreensão é impossível se esse instrumento está sempre agitado, reagindo, comparando o que se diz com o que antes acumulou. Escutar, se posso dizê-lo, não é mecanismo de concordar, de condenar, interpretar, mas, sim, de olhar cada fato totalmente, globalmente. Para isso, o intelecto deve estar quieto, porém muito vivo, capaz de seguir (o que se diz) correta e racionalmente, não sentimental ou emocionalmente. Só então é possível considerar os problemas da existência humana como um mecanismo total e, não, fragmentariamente.

Como quase todos sabemos, os políticos de todo o mundo, na atualidade, são infelizmente os senhores de nossos destinos. Nossa própria vida, talvez, depende de uns poucos políticos — franceses, ingleses, russos, americanos ou hindus; e isto é muito triste. Mas é um fato. E ao político só interessam as realidades imediatas — seu país, sua posição, seu programa de ação, seus ideais nacionalistas. E, por conseguinte, existem os problemas imediatos da guerra, do conflito entre o Oriente e o Ocidente, da luta do comunismo contra o capitalismo, da oposição do socialismo a qualquer outra forma de autocracia; e, assim, o problema imediato é um problema de guerra e de paz, e de como manejarem as nossas vidas de modo que não sejamos esmagados por esse descomunal processo histórico.

Mas parece-me que seria muito lamentável nos preocuparmos unicamente com a realidade imediata — a posição da França na Argélia, o que está para suceder em Berlim, se irá haver guerra e como sobreviveremos a ela. São estes os problemas que nos estão sendo impostos pela imprensa e pela propaganda; mas acho muito mais importante considerarmos o que irá suceder ao intelecto humano, à mente humana. Se cuidamos unicamente dos acontecimentos atuais e não do desenvolvimento total da mente e do intelecto humanos, nossos problemas só haverão de crescer e multiplicar-se.

Pode-se ver — não achais? — que nossa mente, nosso intelecto se tornou mecânico. Somos influenciados em todos os sentidos. Tudo o que lemos deixa-nos sua impressão e toda propaganda sua marca; o pensamento é sempre convencional e, assim, o intelecto e a mente se tornaram mecânicos, tal qual uma máquina. Exercemos mecanicamente nossas ocupações, mecânicas são nossas mútuas relações, e nossos valores meramente tradicionais. Os computadores eletrônicos são muito semelhantes à mente humana, só que nós somos um pouco mais engenhosos — pois somos seus criadores; mas eles funcionam exatamente como nós funcionamos, por meio de reação, repetição, memória. E parece que só desejamos saber como fazer esse mecanismo radicado no hábito e na tradição funcionar mais suavemente, sem perturbações; e isso, talvez, virá a ser a extinção da vida humana. Tudo isso implica — não achais? — não, liberdade, porém busca de segurança. Os ricos exigem segurança; e os pobres da Ásia, que mal conseguem uma refeição diária, esses também desejam segurança. E a reação da mente humana, diante de tanta desdita, é puramente mecânica, “habitual”, indiferente. Por conseguinte, o problema urgente é este: Como libertar o intelecto e a mente? Porque, se não há liberdade, não pode haver ação criadora. Temos invenções mecânicas, viagens à Lua, descobrimento de novos meios de locomoção, etc.; mas isso não é criação, é invenção. Só há criação quando há liberdade. A liberdade não é uma simples palavra; a palavra é bem diferente do estado real. Tampouco a liberdade não pode ser convertida em ideal, porque todo ideal não passa de simples adiamento. Assim, o que desejo examinar durante estas reuniões é se há possibilidade de libertar a mente e o intelecto. Dizer apenas que é ou que não é possível, é ocioso; mas o que podemos fazer é descobrir, nós mesmos, diretamente, pelo experimentar, pelo autoconhecimento, pela investigação, pela busca intensa. E isso exige capacidade de raciocinar, de sentir, para quebrarmos a tradição e destroçarmos todas as muralhas que erguemos para nossa segurança. Se não estais dispostos a isso, da primeira à última destas nossas palestras, penso então que estais perdendo tempo em vir aqui. Os problemas que se nos apresentam são muito graves; são os problemas do medo, da morte, da ambição, da autoridade, da meditação, etc. Todo problema deve ser atendido realisticamente — não emocional, intelectual ou sentimentalmente. E isso requer um pensar preciso, uma grande energia, a fim de podermos levar inteiramente a cabo cada investigação e descobrirmos a essência das coisas. Isso me parece indispensável.

Se observamos, não apenas os fatos mundanos externos, mas também o que está sucedendo interiormente, em nós mesmos, descobrimos — não é verdade? — que somos escravos de certas ideias, escravos da autoridade. Há séculos que somos moldados pela propaganda para sermos cristãos, budistas, comunistas ou o que mais seja. Mas, certamente, para descobrirmos a verdade, não devemos pertencer a religião alguma. É muito difícil não nos deixarmos comprometer com um dado padrão de ação ou de pensamento. Não sei se já alguma vez tentastes não pertencer a coisa alguma, rejeitar completamente a tradicional aceitação de Deus — o que não significa tornar-se ateísta, coisa tão estúpida quanto crer, porém rejeitar a influência da Igreja, com toda a sua bimilenar propaganda.

Tampouco é fácil negardes que sois francês, hindu, russo ou americano; isso talvez seja até mais difícil. É relativamente fácil rejeitarmos uma coisa quando sabemos aonde nos levará a rejeição; mas isso é meramente trocar de prisão. Mas se rejeitais todas as prisões, e não sabeis aonde a rejeição vos levará, então vos vedes só. E parece-me absolutamente essencial que nos vejamos completamente sós, livres de influências; porque só então seremos capazes de descobrir por nós mesmos o que é verdadeiro — não só neste mundo em que decorre nossa existência diária, mas também além dos valores mundanos, além do pensamento e do sentimento, além de todas as medidas. Só então saberemos se existe um realidade transcendente ao espaço e ao tempo; e este descobrimento é criação. Mas, para se descobrir o que é verdadeiro, necessita-se desse sentimento de solidão, de liberdade. Não podemos viajar com rapidez se estamos ligados a alguma coisa — nossa pátria, nossas tradições, nossas habituais tendências de pensamento. Isso é o mesmo que estar preso a uma estaca.

Assim, se desejais descobrir o que é verdadeiro, deveis quebrar todos os elos que vos prendem, para investigardes não só o exterior, vossas relações com coisas e pessoas, mas também o interior, i.e., conhecer a vós mesmo — tanto superficialmente, na consciência desperta, como no inconsciente, nos ocultos recessos do intelecto e da mente. Requer isso observação constante; e se observardes dessa maneira, vereis que não existe uma separação real entre o exterior e o interior; porque o pensamento, como a maré, tanto flui para fora como para dentro. Tudo constitui um só processo de autoconhecimento. Não podeis rejeitar o exterior, porquanto não sois uma entidade separada do mundo. O problema do mundo vos concerne, e o “exterior” e o “ interior” são as duas faces da mesma moeda. Os eremitas, os monges, e os chamados religiosos que renunciam ao mundo estão apenas, com todas as suas disciplinas e superstições, fugindo para suas próprias ilusões.

Pode-se ver que exteriormente não somos livres. Em nossos empregos, nossas religiões, nossas pátrias, em nossas relações com esposa, marido, filhos, em nossas ideias, crenças e atividades políticas, não somos livres, Interiormente, também, não somos livres, porque não conhecemos nossos “motivos”, nossos impulsos, compulsões, exigências inconscientes. Assim, não há liberdade, nem interior nem exteriormente, e este é que é o fato. Mas, em primeiro lugar, cumpre-nos perceber esse fato, pois em geral recusamo-nos a percebê-lo; sofismamos a respeito dele, encobrimo-lo com palavras, com ideias, etc. O fato é que, tanto na esfera psicológica, como na exterior, desejamos segurança. Exteriormente, desejamos estar seguros em nosso emprego, nossa posição, nosso prestígio, nossas relações; e quando um reduto é destruído, passamos a outro.

Assim, reconhecendo as condições extremamente complexas em que o intelecto e a mente funcionam, que possibilidade temos de romper essas muralhas? Espero estejais vendo o impasse a que chegamos. A questão é esta: Tratamos alguma vez de enfrentar realmente o fato? O fato é que o intelecto e a mente buscam a segurança numa dada forma, e quando existe essa ânsia de segurança, existe medo. Nunca encaramos realmente esse fato; ou dizemos que ele é inevitável ou, ainda, perguntamos como nos libertarmos do temor. Já se pudermos encarar o fato, sem tentar fugir-lhe, interpretá-lo ou transformá-lo, então o fato atua por si mesmo.

Não sei se, psicologicamente, chegastes até este ponto, experimentastes até este ponto, pois me parece que a maioria de nós não percebe o quanto a nossa mente, o nosso intelecto, se mecanizou; e não perguntamos a nós mesmos se é possível encarar esse fato completamente, com intensidade. Desejo fique bem claro que não estou procurando convencer-vos de coisa alguma; isso seria muito infantil. Não estamos aqui fazendo propaganda — deixemos isso aos políticos, às Igrejas e a todos aqueles que “oferecem” coisas. Não estamos a oferecer-vos novas ideias, porquanto as ideias nada significam; podemos entreter-nos com elas intelectualmente, porém elas não nos levam a parte alguma. O que é significativo, o que tem vitalidade, é enfrentar um fato; e o fato é que a mente, todo o nosso ser está sendo mecanizado há séculos. Todo pensamento é mecânico; e para compreendermos esse fato e transcendê-lo, precisamos primeiramente vê-lo.

Pois bem; como podemos entrar em contato, emocionalmente, com um fato? Intelectualmente eu posso dizer que tenho o hábito de beber e que é muito nocivo beber — física, emocional e psicologicamente — e, no entanto, continuar a beber. Mas entrar em contato com o fato emocionalmente é coisa bem diferente. Pois o contato emocional com o fato tem ação própria. Sabeis como — quando guiais um carro por muito tempo — começais a cochilar e, então, dizeis: “Preciso despertar” — mas continuais a guiar. Depois, ao passardes perigosamente próximo a outro carro, dá-se então, repentinamente, um contato emocional direto e despertais imediatamente, e levais o carro para a margem da estrada, a fim de descansardes um pouco. Já alguma vez vistes um fato repentinamente, da mesma maneira, entrando em contato com ele totalmente, completamente? Já apreciastes realmente uma flor? Duvido, porque nunca olhamos realmente para uma flor; o que fazemos é classificá-la imediatamente, dar-lhe um nome, chamá-la “rosa”, cheirá-la, dizer “como é bela!” e pô-la de lado, como coisa já conhecida. A denominação, a classificação, a opinião, o julgamento, a escolha — tudo isso vos impede de efetivamente olhá-la.

Da mesma maneira, para entrarmos emocionalmente em contato com um fato não deve haver denominação, nem classificação, nem julgamento; todo pensar e toda reação devem cessar. Só então podeis olhar. Experimentai, de vez em quando, olhar para uma flor, uma criança, uma estrela, uma árvore ou o que quer que seja, livre de todo o mecanismo do pensar, pois, se o fizerdes, vereis muito mais. Não haverá então nenhuma cortina de palavras entre vós e o fato e, portanto, estareis em contato direto com ele. Há séculos que somos educados para avaliar, condenar, aprovar, classificar; e tornar-se apercebido de todo esse mecanismo é começar a ver o fato.

Atualmente, a totalidade de nossa vida está confinada no tempo e no espaço, e os problemas imediatos nos absorvem. Nossos empregos, nossas relações, os problemas do ciúme, do medo, da morte, da velhice, etc. tudo isso nos enche a vida. A mente, o intelecto, é capaz de libertar-se de todos esses problemas? Digo que sim, pois já o experimentei, já desci até suas últimas profundezas e deles me libertei. Mas de modo nenhum deveis aceitar o que vos diz este orador, porquanto a simples aceitação nenhum valor tem. A única coisa valiosa é empreenderdes também a jornada; mas, para a empreenderdes, necessitais de liberdade desde o começo, necessitais do impulso para descobrir — não, aceitar, não, duvidar, mas, sim, descobrir. Vereis, então, ao aprofundardes a questão, que a mente pode ser livre; e só essa mente livre pode descobrir o que é verdadeiro. [...]

PERGUNTA: Como podemos entrar em contato com um fato emocionalmente?

KRISHNAMURTI: Para se entrar em direto contato com uma coisa, requer-se que dela nos abeiremos de maneira total, isto é, não apenas intelectual, emocional ou sentimentalmente. Requer-se compreensão total.

PERGUNTA: Não devemos manter-nos atentos ao mecanismo dual, sempre em ação dentro em nós, e isso não é autoconhecimento?

KRISHNAMURTI: Foram empregadas as palavras “atento”, “dualidade” e “autoconhecimento”. Consideremos estas três palavras, uma a uma, pois se não as compreendermos, não haverá possibilidade de comunicação entre nós.

Ora, que significa estar “atento”? Prestai atenção, por favor, pois não desejo parecer-vos pedante; só quero certificar-me de que nós dois compreendemos as palavras que estamos empregando. Para vós elas podem ter um significado e para mim outro. Para mim, quando prestamos atenção total, não há concentração, nem exclusão, nem nada. Sabeis como um colegial que deseja olhar pela janela é forçado a olhar para seu livro; mas isso não é atenção. Atenção é ver o que se está passando do lado de fora e também o que se acha à nossa frente. Observar sem exclusão de nada é muito difícil.

E, agora, que entendemos por “mecanismo dual”? Sabemos que existe um mecanismo dual, o bom e o mau, o ódio e o amor, etc.; e manter-se atento para essas coisas é muito difícil, não achais? E por que criamos esse mecanismo dual? Ele existe realmente ou é uma invenção do intelecto, a fim de fugir ao fato? Sou violento, digamos, ou ciumento, e isso me incomoda. Não gosto desse estado; digo, portanto, que não devo ser ciumento, violento — e isso é uma fuga ao fato, não achais? O ideal é uma invenção do intelecto, que quer fugir ao que é; por isso, existe dualidade. Mas, se enfrento integralmente o fato de que sou ciumento, então já não há dualidade. Enfrentar o fato significa penetrar completamente o problema da violência e do ciúme; e, então, ou descubro que isso me agrada (ser violento, ciumento) e neste caso o conflito continua necessariamente, ou, ainda, percebo tudo o que o problema implica e fico livre do conflito.

E, agora, que entendemos por “autoconhecimento”? Que significa “conhecer a si mesmo”? Conheceis a vós mesmo? O “eu” é uma coisa estática, ou uma coisa em constante mutação? Posso conhecer-me? Conheço minha mulher, meu marido, meu filho, ou conheço apenas o retrato feito pela minha mente? É bem de ver que não posso conhecer uma coisa viva, não posso reduzir uma coisa viva a uma fórmula; o que posso fazer é, tão somente, segui-la, aonde quer que leve; e se a sigo, nunca poderei dizer que a conheço. Assim, o conhecimento do “eu” significa seguir o “eu”, seguir todos os pensamentos, sentimentos, motivos, sem nunca dizer “conheço”. Só se pode conhecer o que é estático, morto.

Estais vendo, pois, a dificuldade relativa às três palavras contidas nesta pergunta: “atenção”, “dualidade” e “autoconhecimento”. Se puderdes compreender todas estas palavras e passar adiante, transcendê-las, conhecereis então o inteiro significado de enfrentar um fato.

PERGUNTA: Existe algum meio de aquietar a mente?

KRISHNAMURTI: Em primeiro lugar, ao formulardes esta pergunta, estais percebendo que vossa mente está agitada? Estais apercebido de que vossa mente nunca está quieta, que está constantemente a “tagarelar”? Eis um fato. A mente fala incessantemente, seja a respeito de alguma coisa, seja para si própria; está constantemente ativa. Por que fazeis esta pergunta? Pensai até o fim junto comigo. Se a fazeis porque estais parcialmente apercebido da “tagarelice” e desejais livrar-vos dela, neste caso podeis também tomar uma droga, uma pílula que faça a mente dormir. Mas, se estais investigando e desejais realmente descobrir porque tagarela a mente, o problema se torna então muito diferente. No primeiro caso trata-se de uma fuga, no segundo de seguir a tagarelice até o fim.

Pois bem; por que tagarela a mente? Com “tagarelar” queremos dizer que ela está sempre ocupada com alguma coisa — o rádio, seus problemas, seu emprego, suas visões, suas emoções, seu mitos. Ora, por que está ela ocupada e que aconteceria se não estivesse ocupada? Já tentastes alguma vez não estar ocupado? Se já o fizestes, tereis visto que no mesmo instante em que o intelecto deixa de estar ocupado, manifesta-se o medo. Porque isso significa “estar só”. Se vos vedes sem ocupação alguma, esta é uma experiência muito dolorosa, não? Já estivestes só, alguma vez? Duvido. Podeis passear a sós, sentar-vos sozinho num ônibus ou em vosso quarto, mas vossa mente está sempre ocupada, vossos pensamentos sempre a fazer-vos companhia. O cessar da ocupação faz-vos descobrir que estais completamente só, isolado, e isso gera medo; eis por que a mente prossegue tagarelando, tagarelando...

Krishnamurti, Paris, 5 de setembro de 1961, O Passo Decisivo

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill