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quinta-feira, 19 de abril de 2018

O estado de inocência e de inteligência desperta


O estado de inocência e de inteligência desperta

[...] PERGUNTA: A inocência que tendes descrito difere da meditação?

KRISHNAMURTI: Em algumas de nossas reuniões, aqui, tive ocasião de falar a respeito do estado de “inocência”. Disse que a mente inocente é aquela que não está aprisionada na estrutura psicológica da sociedade e, por conseguinte, se acha livre de conflito; sobre ela não pesam as lembranças de coisas passadas — o que, entretanto, não significa um estado de amnésia. Já não a prende nenhuma técnica, embora a técnica seja necessária. E o interrogante deseja saber se há diferença entre esse “estado de inocência” e a meditação, sobre que estive falando esta manhã.

Uma de nossas dificuldades, assim me parece, é que nos apoderamos de uma palavra, tal como “inocência”, ou “imensidade”, ou “criação”, e depois procuramos relacionar todas as coisas com essa palavra. Como já disse, a palavra não é a realidade. A palavra “meditação” não é a própria meditação; a palavra “inocência” não é o estado de inocência. Mas, quando existe esse estado de inocência, ele é também estado de meditação. Não podeis alcançar essa inocência enquanto fordes ambicioso, enquanto vossa mente for medíocre, enquanto estiverdes aprisionado na estrutura psicológica da sociedade e nada fordes senão uma técnica “corporificada”, como o somos na generalidade. Exercemos certa atividade, pois temos de ganhar o sustento, e pouco melhores somos do que máquinas, por mais talentosos, sagazes e sutis que sejamos. Uma mente “maquinal” não é uma mente “inocente”. Os computadores, os cérebros eletrônicos provavelmente são “inocentes”, mas são feitos de metais e não são entes vivos como nós. Com o tempo poderá ser inventada uma máquina com uma determinada espécie de vida própria — e talvez não estejamos muito longe disso. Mas, quando nos reduzimos ao ponto de funcionar como máquinas em nosso esforço tecnológico, nossa aquisição de saber, nosso acumular de experiência — assim não haverá inocência. A inocência é aquele estado no qual a mente é sempre jovem e fresca. A mente inocente nenhum medo tem da morte, nem de coisa alguma e está, portanto, livre do tempo.

PERGUNTA: Talvez possamos ficar nesse estado de inocência, ou meditação, enquanto despertos; mas que acontece quando dormimos?

KRISHNAMURTI: Estamos despertos durante o dia? Presumimos que sim. Achamo-nos despertos se deixamo-nos aprisionar em hábitos de pensamento, em atividades e condutas rotineiras? Se constantemente condenais, comparais, julgais, avaliais, ou vos considerais como pertencente a uma certa raça, nacionalidade, “cultura” ou religião — estais desperto? Se o hábito vos domina e, por conseguinte, não vos achais desperto durante o dia, o sono, nesse caso, é apenas uma continuação desse mesmo estado mental. Faz, então, muito pouca diferença se, fisicamente, estais dormindo ou acordado. Podeis frequentar assiduamente a igreja, recitar orações, ou cantar um mantra, como acontece na Índia, ou entregar-vos a qualquer das outras práticas como habitualmente fazem as chamadas pessoas religiosas; ou podeis repetir chavões (slogans), como os políticos, ou contemplar a vida do ponto de vista artístico; mas constitui qualquer dessas coisas um estado de inteligência desperta? Encontrar-se nesse estado de “inteligência desperta” é ser a luz de si mesmo. Não se tem então nacionalidade, nem igreja, nem Deus; não se depende da música, da pintura, da beleza das montanhas; não se depende da família, do marido, da mulher, dos filhos. E quando, interiormente, uma pessoa se acha desperta, que é então o sono? Que significação tem o sono quando tanto o consciente como o inconsciente se mantêm totalmente despertos?

É a pessoa embotada, envolvida em conflito, que sonha. Os sonhos são apenas sugestões do inconsciente. Conservando-nos atentos durante o dia, tudo observando, dentro e em redor de nós — mas não de um centro de julgamento ou condenação, se assim nos achamos, ao dormir, não sonhamos. Se quando estais desperto — tomando um ônibus, ouvindo um concerto, passeando a sós, conversando com amigos — percebeis, de imediato e sem reação, as sugestões ou mensagens do inconsciente; se todas as coisas que se passam interior e exteriormente são de pronto observadas, reconhecidas, compreendidas, então, ao dormirdes vossa mente estará quieta; e, porque está quieta, pode alcançar grandes profundidades. E vereis que esse estado de profundo silêncio durante o sono traz frescor, purificação, e, assim, o dia seguinte é um dia diferente, traz consigo algo novo. Mas tudo isso requer uma extraordinária percepção interior.

Krishnamurti, Saanen, 9 de agosto de 1962,
O homem e seus desejos em conflito


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill