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segunda-feira, 2 de abril de 2018

Existe uma ação sem passado e sem futuro?


Existe uma ação sem passado e sem futuro?

O orador gostaria de saber, o por que de estarem aqui. Com que intenção, com que propósito, com que tipo de conceitos imaginários ou conceitos supersticiosos que tenham? E quem sabe, se me permitem ser tão audacioso como para sugerir que, talvez, tenham chegado com essas ideias, com as fórmulas. E temo que será decepcionante porque — espero que você possa ouvir, está de acordo?

Tenho falado em todo o mundo por um logo tempo, setenta anos, isso é muito tempo, e tem sido criado, naturalmente todo tipo de fantasia, superstição imaginária, reputação, e as imagens que foram criadas, realmente são sem sentido.

O que estamos falando é totalmente diferente de uma conferência. Uma conferência está destinada a informar, instruir, orientar e assim sucessivamente. Isto não é uma conferência. Por favor, devemos ser muito claros sobre este ponto. Isto não é uma conferência. Não há nenhuma intenção por parte do orador, em guiar-lhe, em ajudar-lhe, perdoem se uso essas palavras, ou para informe-lhe a respeito de algo que você gostara que se falasse, teórico, supersticioso, imaginário e ficções, por assim dizer. Mas vamos deliberar juntos. Essa palavra tem um significado muito profundo, deliberar, o que significa um peso em conjunto, ter um consenso em conjunto, nutrindo-se um ao outro, não fisicamente, espero, mas psicologicamente, intelectualmente e penetrar o mais profundamente possível na própria consciência, em sua própria função, sua própria maneira de pensar, viver. Não se trata de um encontro teórico, falando de coisas distintas que devem ser, ou que não tenha sido, mas juntos, você e o orador estão tomando um consenso juntos, com um peso de coisas juntos. Por favor, não se trata só de um monte de palavras. O orador realmente diz o que significa, goste você ou não. Ele diz que vamos tem um consenso em conjunto, pesando as coisas juntos, eu não penso e logo lhe digo a respeito, mas sim que juntos, você e o consenso do orador, tomam em conjunto, pesam juntos. Isto não é propaganda, porque estamos juntos investigando, perguntando, questionando, duvidando.  A ideia e o fato são coisas diferentes. O fato é uma coisa. O microfome não é uma ideia, é um fato. Portanto, o fato é o que vamos discutir, não a ideia do fato. Espero que esteja claro. Tudo bem? Devo manter-me em silêncio enquanto vocês se mantêm em silêncio?

Esta é uma reunião séria, e não só uma troca de palavras. Algo mais, senhor? Portanto, desde o princípio temos que ver muito claro que isto não é uma conferência, não estamos falando de teorias, o que tem ocorrido aos seres humanos através dos longos dois milhões e meio de anos de evolução, mas que somos o que temos passado a ser, e o que é o nosso futuro — não da humanidade, qual é o futuro de todos nós? Certo? Sejamos claros sobre este ponto. Vamos deliberar juntos o consenso, nutrindo uns aos outros, tanto intelectualmente, não verbal e psicológico. Não é algo intelectual. Não é romântico, não é supersticioso, imaginário. Etc. Assim que estamos juntos; não pode simplesmente se sentar ai e dizer, sim, sim, ou não, não. Você está participando, está compartilhando, que são as pesagens, tomando assim o consenso. Verdade? Estamos entendidos? E não estamos fazendo nenhum tipo de propaganda, ou de convidá-lo para unir-se a uma seita. E aqui devo acrescentar que não sou seu guru, que vocês não são meus seguidores. Não somos a criação de um novo culto, uma nova sociedade, um novo ashram, um novo tipo de campo de concentração. Se isto está muito claro entre nós, você e o orador, juntos, vão formar parte de todas as conversações, isso depende, da condição física do corpo.

Então, tem existido nesta terra, de acordo com os cientistas e arqueólogos, e assim sucessivamente, durante mais de dois milhões de anos e aqui estamos. O que somos? Não é verdade? Faça-se a pergunta. Não estou sugerindo o que você é. Estamos abrindo a profunda cova, as profundas causas subjacentes, a realidade que se esconde por detrás da causa. É assim que vamos entrar nas conversações. Não sei quantas haverá, mas não posso assegurar-lhe. Eles lhe dirão se haverá uma amanhã, ou não. Ou só haverá uma fala, que é a de hoje, e quarta-feira uma sessão de perguntas e respostas, e o próximo sábado a última reunião. Assim que juntos vamos olhar este mundo, que somos nós mesmos. Certo? Você está disposto? Ou está assustado, escondendo-se por detrás de todos os tipos de absurdas teorias, todas as insinuações psicológicas; todos os homens que têm se ajuntado, que chamamos religião, a sociedade existente, que é a degeneração do que está ocorrendo: a contaminação em todas as cidades, os ataques aéreos, também a corrupção. Isto é o que se apanha. Então, o que tem ocorrido de errado conosco? Ou se trata de um curso natural? Entendem a pergunta? Realmente querem escutar todo este lixo? Vocês devem ler sobre tudo isto nos jornais, se são honestos, revistas e é claro, todos os gurus no mundo que têm destruído o que querem. Assim, começamos, mas, por favor, tenha em conta, isto não é uma conferência. Você não veio escutar-me, veio escutar a si mesmo, contudo a regulação de si mesmo é complicada, sem dúvida é superficial, é profunda. Vamos entrar nisto tudo. Talvez não numa fala, mas veremos ao final da fala se o orador sobrevive. Esse que está atrás dele, lhe solicitará que se sentem em silêncio durante dois ou três minutos, depois sairei, e o orador averiguará se pode continuar amanhã, ou se colapsará ao final ele mesmo? Tudo depende de você, porque do contrário, como ouvinte, pode dizer, sim, sim, soa muito bem, ou não conduz a nada de bom. Não é lógico ou ilógico e assim sucessivamente.  Certo?

O que somos, como seres humanos, que têm vivido nesta terra por um período tão longo de tempo, por que somos como somos? Estão entendendo a pergunta? Verdade? Estão entendo a minha pergunta? É muito simples, senhor. Estou utilizando o inglês ordinário, inglês não profissional. Digo mais uma vez: todos estamos compartilhando juntos. Você não somente escuta o orador, o consultamos juntos, estamos deliberando. Essa palavra é realmente muito boa, para deliberar, consultar significa tomar em conjunto, pesar as coisas juntos, não seu preconceito, não suas opiniões, não suas conclusões, mas todo o processo de pensar, o que tem feito o homem e assim sucessivamente, certo? Se não entendem, eu sinto muito, não vou voltar novamente a ela. Estamos falando inglês ordinário.

Então, o que tem ocorrido conosco, a cada um de nós? Quer dizer, temos vivido nesta terra como seres humanos, durante muito, muito anos, o que se chama evolução. E durante a evolução da experiência, o conhecimento, o pensamento, todas as coisas que o homem criou, incluindo suas superstições, seus deuses, seus diferentes impérios, e quando chega a realidade, o que ocorreu a cada um de nós? Não querem saber? Ou estamos assustados para saber? O que é? Deus, o que se passa? Não é uma resposta.

Q: Queremos perguntar.

K: Não entendo do que está falando. E você é o resto do mundo, o que sofrem, o que passa, o aborrecimento diário, a mesquinhez da vida: a luta, a dor, a ansiedade, a tristeza, a negligência, o descuido, a indiferença.  E isto é compartilhado por toda a humanidade. Não é verdade? Todo mundo passa por isto: seu guru — se você tem um, espero que não tenha nenhum — seu guru, se estão todos despertos, se estão todos sãos e racionais... vá através de tudo isto. Os reis e os ministros passam por tudo isto: a dor, a ansiedade, a incerteza, a tristeza, a morte, com a esperança de ter algo no futuro. Isto é o que todos os seres humanos, onde quer que você esteja, sem é civilizado, ou não, cada ser humano passa por isto, não é verdade? Vocês duvidam desse fato? Você duvida que, todos os seres humanos em todo o mundo passam por tudo isto? E isto constitui a nossa consciência, certo? Estamos nos entendendo uns aos outros? Estamos trabalhando juntos? Estamos investigando juntos? Ou estou guiando-lhe, ajudando-lhe? Não estou. Pode estar seguro de um fato: não quero lhe ajudar, eu não sou seu guia ou seu ajudante; então, você vai se perguntar: por que estou aqui?  Você está sentado aqui, provavelmente por curiosidade, do que tem ouvido falar ou ler umas poucas linhas de um livro, ou tem dito, vê e escuta, se encontra fora. Assim que, por favor, sejamos claros, o orador não vai lhe guiar, não o está ajudando. Ele não vai lhe ajudar. Porque há anos estão lhe ajudando, lhe tem ajudado: salvadores, gurus, mahatmas, você sabe a lista completa deles, todos estão demasiados dispostos a lhe ajudar, com seus ashrams, com suas fundações, incluída esta. E o tem ajudado. Se você tem alguma dificuldade, corre à um guru, à um templo ou pede por ajuda, o que se chama oração. E eles os têm ajudado, têm sido guiados, politicamente, religiosamente, psiquiatricamente, e ao fim disto tudo, você é o que era. Portanto, o orador diz: por favor, leve isto a sério — não está sendo guiado, não está sendo ajudado, ao contrário, estamos caminhando juntos no mesmo caminho, juntos.

Assim que estamos compartilhando, nutrindo-nos. Estou utilizando a palavra “alimentação”, tanto intelectualmente, como psicologicamente. Não podemos nos alimentar mutuamente, há gente demais. Então, tendo em conta todo o tempo, você e o orador estão buscando juntos todo este problema, não só minha tristeza, ou sua tristeza, a ansiedade, a incerteza, é compartilhada por todos os seres humanos sobre a terra. E sua consciência é a consciência da humanidade. Não é verdade? Você pode não estar de acordo, mas investigar, inclusive intelectualmente, logicamente, não emocional, pois assim se perdem. Logicamente, sadiamente, olhando, não com preconceito, opiniões, mas olhe: você sofre e o faz o homem na Rússia. Você não está seguro, também não está o homem na China. Por que sua consciência é compartilhada por toda a humanidade, de maneira que você é a humanidade, não é verdade? Você se encontra na humanidade, não é Sr. Smith, ou Sr. Rao, o algo assim. No caso de que se mostre a você, mas não se aceita, logicamente, se mostra, a investigação de todos juntos, compartilhando juntos, que faremos? Entende minha pergunta? Vendo tudo isto, como a humanidade tem se dividido em nações, em seitas, em religiões — meu guru é melhor que seu guru — e assim sucessivamente. Esta divisão, esta separação existe em todo o mundo. Essa é uma das principais causas da guerra, as nacionalidades. Mas vai continuar com seu nacionalismo, com o hinduísmo, com sua tradição apesar do que disse o orador. Não é verdade? Certo, senhores? Estão de acordo, me alegro, mas vamos continuar como antes, não é verdade?  São uma multidão estranha.

Então, quando você se percebe deste fato, toda a humanidade, não fisicamente, mas psicologicamente, então vocês sempre devem se fazer a pergunta, o que vou fazer? Certo? Não esperem que lhe digam, estamos compartilhando juntos. Estamos tomando um consenso juntos. Isto não é uma conferência. Devo repetir, já que isto se utiliza para conferências, alguém vertendo sucessivamente para sua informação. Então, o que vamos fazer, se vemos racionalmente este fato de que somos toda a humanidade? Verdade? É claro que, você não o verão porque é muito importante dispor da individualidade: Estou separado de você. É claro que estão fisicamente separados de mim, você é uma mulher, sou um homem, ou sou mais alto, são mais baixos e tudo o mais.

A parte da divisão biológica, a consciência, nossa consciência, que é essa, todas suas recordações, experiências, seus anseios e todo o resto dela, a consciência é compartilhada por todos os seres humanos. Não é verdade? Vocês não estão de acordo com tudo isto. Não importa, seguirei se desejam me escutar. Vou fazê-lo, não importa se escutam ou não. Como os pássaros, vão cantando, como uma tormenta cheia de vento, a chuva e o trovão e a grande beleza da luz.

Portanto, se na realidade, não em teoria ou intelectualmente, se percebe, quer dizer, se aperceber de algo, é como uma cobra venenosa, uma serpente cascavel é venenosa, assim que não se aproxima dela. Não é mera conclusão, é sua morte se você se aproxima dela. Então, fisicamente estamos condicionados a uma serpente. Certo? Então, estamos condicionados, em forma, moldados na ideia de que você está separado dos seres humanos. Você tem uma alma separada, a ideia cristã e, se se apercebe são a humanidade, se não se questionam, o que são? Se observa com cuidado, se vê em forma deliberada, sem evitá-lo, verá que você sofre, o outro homem sofre, as brigas com sua esposa, e todos os meninos e o resto da vida cotidiana. Então, o que você deverá fazer? Não é verdade? O que você vai fazer? Qual é a sua ação? Não uma conclusão. Você entende, senhor? Devido a ser uma conclusão, não é o fato. Um fato pode se transformar numa conclusão, mas a conclusão não é o fato.

Estou no meio de um mar de pessoas que não parecem reagir a tudo isto. Seu conjunto de religiões se baseiam na individualidade, todas as suas orações, seu culto. Não importa, seguirei. Então, o que você deverá fazer? Que vou fazer, vivendo nesta sociedade, a sociedade que é tão corrupta, que devo fazer? Qualquer coisa que faça, vai afetar a sociedade? Entendem? Afetará ao meu vizinho, vai afetar ao homem, não na lua, mas o homem na Rússia? Portanto, tenho que perguntar: quem criou está sociedade? Certo? Estão pensando todos juntos, ou não? Oh! Deus meu! Que devo fazer se não reagem, se não falam algo, por que estamos perguntando quem criou esta sociedade que é tão imoral, tão corrupta, todo o mundo, que está destruindo ao homem, que está degenerando, que está contaminando todo o mundo, que devo fazer, ou não, influir nesta sociedade? Entendem minha pergunta? Sou diferente da sociedade? Verdade? Quem tem criado esta sociedade na qual vivemos? Estão pedindo que se trate, ou só escutam a mim? Certo? Está pedindo que se trate? Qual é a sua resposta? Se realmente usam o cérebro, não só consentindo com a cabeça, qual é a sua surpresa? Não uns deuses.

Q: Algo...

K: Refiro-me por um tempo, se não se importa, um pouco mais tarde. Não se importa? Quando for uma sessão de perguntas e respostas, se a há, você pode me perguntar o que quiser. Então, quem criou esta sociedade? Meu pai, seu pai, minha avó e sua avó. Certo? Todo eles ajudaram a construir esta sociedade corrupta na qual vivemos.  Então, somos os criadores desta sociedade, os construtores desta sociedade, através de nossas aspirações, nossos medos, o desejo da segurança em minha relação, em meu trabalho, poder, posição. Certo. Todos queremos isso. Estou dizendo a verdade, ou algo imaginário? Portanto, somos os construtores desta sociedade. A sociedade não é diferente de mim, de nós, porque somos ambiciosos, somos cobiçosos, estamos assustados, queremos posição, poder, privilégios. Não é verdade? Queremos tudo isto, e Deus também, de vez em quando. Portanto, a criação de Deus é nossa também. Você pode não estar de acordo, não está de acordo, vamos investigar, partilhar. O mundo ocidental é capturado por essa religião particular, e estão fazendo estragos fora dela. Sinto muito, devo dizer que não. Deus e o dinheiro vão na mão. Quando vocês têm problemas, querem alguém que os ajude, emocional, sexual, ou psicologicamente. Existem em todos os templos, mesquitas e igrejas e há uma cura. Não estou sendo cínico, estou mostrando os fatos. Então, o que você deve fazer? Ao saberem que, eu sou o resto da humanidade... não o senhor K! Entendem a pergunta? Que sou eu, que sou o resto da humanidade, não me pergunte aonde vai a humanidade, me pergunto se você vê a importância disto. Me pergunto se você vê a profundidade disto, a beleza disto, a imensidão e a responsabilidade disso. Temo que não. Porque se realmente visse isso, se sentiria totalmente responsável por seu irmão, totalmente responsável por seu vizinho. Você não vai interferir com ele ou lhe golpear na cabeça, ou lhe dizer o que fazer. Você é o vozinho, você é o guardião de seu irmão. Não sei se vocês veem tudo isto.

Então, o que devo fazer? Não estou pedindo sua ajuda. Não estou pedindo através de orações para que um todo poderoso me guie — se é que existe um todo poderoso. E levantamos esta questão a si mesmo, e devo, e espero que você faça. O que devo fazer, ao saber que eu sou o resto da humanidade? Eu sou a humanidade. Posso ser uma mulher ou um homem, baixo, alto, moreno, ou qualquer que seja a cor, a cor não é o importante; o importante é o que está dentro do crânio. Então, o que devo fazer? O que quer que eu seja, afetará a sociedade, que vem de mim. Entendem? A sociedade sou eu. Eu me separei da sociedade, mas o fato é que a sociedade tem sido elaborada pelo homem e o homem, em seu desejo de ter segurança, segurança permanente, através da propriedade, através das convicções, através das fórmulas, etc., etc., através de qualquer coisa, certo? Tem construído igrejas, mesquitas, templos, não só neste país, senão que estão tomando a América por desgraça. Então, o que devo fazer? Não estou separado da sociedade, não estou separado do resto da humanidade, a fim de fazer o que tem significado e a imensa responsabilidade. Verdade? Imensa. Então, qual é a minha responsabilidade? Verdade? Qual é a sua resposta? Não sente aí e me olhe. Minha primeira resposta a isto é: o que entendemos por ação?

Quero fazer algo, não só como um ser humano, tenho afeto pela sociedade, quero mudar a sociedade, quero colocar fim nesta degeneração que está ocorrendo. Você sabe o que está se passando no mundo. Não vou entrar em tudo isso. Então, que medidas devo tomar? Assim, antes de levantar esta pergunta, ou que a ponha em questão, devo perguntar: o que é ação? Certo? Diga-me você, qual é a ação? Para atuar de acordo com uma fórmula, não é ação total, porque a repetem e a repetição é parte de nossa segurança. E a repetição nos dá uma certa sensação de bem-estar, são estáveis, são firmes. Portanto, a ação é baseada em certas recordações, certos conhecimentos, certas experiências do passado e assim sucessivamente?  O que é a ação? O que é agir? Não, vou atuar, ou como atuei, para atuar agora. Você entende minha pergunta? Não? Vocês estão todos muito comportados. Todos vocês são bem educados, e provavelmente nunca se fizeram esta pergunta: O que devo fazer? Eu sou a realização de toda a humanidade, e a responsabilidade por ela, a grandeza.  Por isso perguntamos: o que é ação? Para atuar, não no futuro, que não é ação, não como tenho atuado, que é o passado. Então, qual é a ação que tem passado ou futuro? Entrar nela, esta é uma pergunta tremendamente importante. Se você baseia sua ação no passado, não é ação, é uma repetição, uma modificação, um pouco modificada, mas segue sendo a repetição. Certo? Deus, onde vocês foram educados?

Portanto, há uma ação, por favor, esta questão é mais séria: há uma ação que não dependa do passado ou do futuro ou conforme algum padrão? Entendem? Ou — trata-se de um pouco mais difícil — ou não há nenhuma ação em absoluto. Teremos que entrar nela muito mais devagar. Querem escutar tudo isto? Ou querem ficar quietos e meditar? Não sei o que vocês chamam de meditação. É uma dessas palavras que vai de boca em boca por todo lugar. Você vão num pequeno povoado da Califórnia e falam de meditação. E eles dizem, o que querem dizer com essa palavra? Não sabem, mas vão meditar. Não entrarei nisso agora.  

Portanto, ação que não é dependente do tempo. Entendem isso? Não, cuidado, senhor, não esteja de acordo com o que foi dito, pelo amor de Deus. Existe uma ação sem motivo, o auto interesse, sem querer obter recompensa?  Entendem a minha pergunta? Tudo isto implica tempo. Certo? Serei recompensado pelo meu belo trabalho, serei recompensado se rezo por uma geladeira — por que não? É tão bom, meu Deus, mais real que Deus, mais efetiva que Deus.

Então, há uma ação, a qual requer o uso de seu cérebro — não de suas emoções —, que não se baseia no auto interesse, ou numa conclusão na qual você esteja trabalhando? Por isso temos que investigar, o que é tempo? Entendem? Devido a função do tempo, você está entediado? Podem ter a amabilidade de me dizerem se estão entediados?

Q: Não, senhor.

K: “Eu sei, eu sei”. (Risos) A resposta invariável. Você não, mas estou realmente entediado com você? Assim, temos que olhar a natureza do tempo, não é verdade? O que é o tempo? Não de acordo com o nascer do sol, o pôr do sol, que tem seu próprio padrão, uma nova lua, um presente do céu e a lua cheia, que outro dia vi aumentando o mar. Foi uma maravilhosa visão. A saída do sol e as estrelas, a noite, tudo isso faz parte do tempo. E também há tempo se você tem um pequeno menino, um bebê tornar-se um homem, o que requer muito tempo, 20 nos, 30 anos, 90 anos, o que também significa tempo. Vivemos com o tempo. Há que se levantar pela manhã, num determinado momento, cozinhar e tudo o mais. Assim que vivemos em função, atuando nos limites do tempo. Para nós, o tempo é extraordinariamente importante. Faço uma reunião aqui, às 17:30, e você tem que fazer todo tipo de arranjos para chegar às 17:30. O orador também os fez. Assim que vivemos no tempo, não no momento dos cientistas, que é demasiado complicado. Não vou entrar nisso.

Vivemos no tempo, mas além do tempo físico e há também o tempo psicológico. Não é verdade? Quer dizer, estou e serei. Estou enciumado, incerto, ambicioso, quero cumprir, subir no escalão e todo o resto do mesmo; subir no escalão necessita tempo, passo a passo para chegar lá em cima, não é verdade? Portanto, há tempo psicológico e tempo físico. Isto está claro? Não concordem, por favor. Vocês não estão de acordo comigo, isto é um fato. Vocês não têm utilizado este tipo de pensamento, que é seu problema. Vocês não querem compartilhar nada com ninguém. Portanto, estamos obrigados ao tempo,  entendem? Eu sou cobiçoso, mas se me dão um pouco de tempo, serei não cobiçoso; deem-me um pouco de tempo para ser não-violento, não é verdade? Portanto, utilizamos o tempo como um meio de recompensa e castigo, não é verdade?

Vocês leem jornais? Eles lhes informam a respeito de tudo o que está ocorrendo conforme seu editor, e absorvem tudo o que o jornal está dizendo. Mas aqui não se trata de absorção, estão na realidade, pensando. E se você não quer pensar, pode ir para sua casa, pois é muito melhor. Mas se querem pensar, saber, não só têm que usar seu cérebro, que é extraordinariamente ativo. Se querem dinheiro, trabalhem como um inferno para consegui-lo. Se deseja uma posição, o poder, o bom, senhor, olhem todos os que trabalham fora de suas mãos. E se há uma ação que é eterna... entendem a pergunta? Que não é baseada no tempo como passado, presente e futuro. Então, o que é o tempo? Separado do tempo físico, o tempo inclui o passado, não é Verdade? Todos os conhecimentos que os cientistas têm adquirido, passo a passo, experiência por experiência, tratando sem defeito, adicionando mais e mais e mais ao que já sabem. Certo? Entendem algo do que estou dizendo? Ótimo!

Assim que o tempo é o passado, tempo é o presente, tempo é o futuro. Este é o círculo em que estamos presos. Recordo-me de minha experiência, a qual é um tempo preciso que eu tinha, estas memórias. Então, esse dia que foi tão horrível, me recordo disto. Assim que meu cérebro está cheio de recordações do passado, o presente e o futuro. Portanto, o futuro é o que sou agora, não é verdade? Certo, senhores? Não estejam de acordo, senhores, por favor, pelo amor de Deus não estejam de acordo. Se não o veem, isso não importa. Mas desde que tenham se incomodado de vir aqui, é um desperdício de dinheiro e de energia se não escutam, se não captam a verdadeira história do perfeccionismo de tudo isto; estão perdendo tempo, sua energia, seu dinheiro.

Assim que o tempo é o passado, o presente e o futuro. Os cientistas dizem algo mais, tenho falado deste assunto com eles, querem todo tipo de complicadas manobras para chegarem em suas próprias conclusões. Agora, o passado é tempo. Todas as recordações, todos os conhecimentos, toda a experiência, toda a dor, a ansiedade, a solidão, desespero, a incerteza, tudo isso é o passado que está atuando no presente. Não é verdade? Modificado, mudado ligeiramente, mas todo o passado está atuando agora. O que pensava há dez anos, ligeiramente modificado, segue seu curso. Você acredita em Deus, porque a fé lhe dá uma certa segurança, e amanhã você ainda acredita em Deus, se é uma ilusão ou fantasia ou sem sentido. Portanto, modificar o passado no presente se converte no futuro. Isso é bem claro, muito simples. Portanto, o futuro é agora. Não? Porque o que há, terá lugar amanhã, a menos que você realize uma radical mutação. Entendem isto? Todos vocês estão dormindo? Gostariam de ir para a cama?

Provavelmente, vocês nunca tenham pensado nisto tudo, nunca tenham visto isso, nunca se incomodaram em investigar, nunca tiveram tempo, um pouco de tempo durante o dia para dizer: “Meu Deus, o que é tudo isto?” Tudo isto é a vida e qual é o significado desta absurda forma de vida? Assim, se puder dar dez minutos agora, prestar atenção em seu coração para descobrir, não como um mero fato intelectual, uma ação verbal, senão dar a totalidade de seu ser, para averiguar, se encontra muito rapidamente, por si mesmo. Então nenhum deus, nenhum sacerdote, nenhum país, nenhum poder, posição e tudo isso, desaparecem completamente, carecem de sentido.

Portanto, o futuro é agora. Entendem? Porque sou agora: sou cobiçoso, invejoso, tenho vários inimigos — eu não, suponho que o tenham — inimigos, meu deus é, meu guru é melhor que seu guru, e todos os demais absurdos. Portanto, se vocês podem colocar de lado tudo isto — as opiniões, juízos, valores e enfrentar o fato de que vocês estão ao fim de dois milhões de anos, o que são agora: medo, solidão, depressão, ansiedade, incerteza, que é o que são agora, hoje. Amanhã serão exatamente os mesmos, ligeiramente modificados, mas vocês serão exatamente os mesmos.  Portanto, o futuro é agora. Não sei se veem isto.

Assim, que a questão que se levanta: o que é a transformação? Entendem? Se sou cobiçoso agora, ou então raivoso, se tenho sido invejoso, ciumento, tenho uma dor ou um grande número de dor, se não há agora uma mutação radical, amanhã será exatamente o mesmo. Isso é lógico, sensato, portanto, pergunto-me: qual é a transformação? Entendem? Existe tal coisa como a transformação? Entendem isto? Ao menos alguns de vocês? Usamos a palavra “transformar”, que significa mudar as formas: sou isto, mas vou mudar para ser isso, o que continua sendo o mesmo padrão. Não é verdade?

O que significa a palavra “amor”? O que ela significa para você? Alguma vez já trataram disso? Amor de deus, o amor das imagens, o amor da literatura, o amor para com minha esposa, que pode ser bastante duvidoso, e a literatura me encanta, etc. O que significa a palavra amor para cada um de nós? Você gostaria de esperar a resposta, tem tempo? Ou continuamos com ele? Entendem? Você gostaria de responder estar pergunta, o que é amor? Ou, se querem, o orador adentrará nela, é muito mais fácil para o orador nela entrar, eu sei. É uma importante questão, bastante, o que é amor? Como você saberá? Como averiguará, por si mesmo, a verdade desta questão, não todos os valores românticos; já sabem tudo isso. Então, o que é o amor, que não é emoção, que não é resposta sexual, que não é uma imaginação, já sabem de todas essas coisas. Então, para você, o que é o amor?

Q: O silêncio.

K: Silêncio. Isso é amor? Silêncio? Quando você bate em sua esposa, ou seu impulso de fazer algo para ela, estão em silêncio? Tudo é válido neste país, não é verdade? Todos os santos, todos os gurus, o último milagre de todos os trabalhadores, e tudo isso, que absorvem tudo, não é verdade? Alguém escreve um livro, e você diz, sim, estou de acordo com isso. Alguém vem e contradiz e você diz, sim. E vocês têm banido Buda deste país. Ou dizem, é um dos nossos. Para que seu cérebro seja capaz de absorver os resíduos, estão de acordo com o que parece ser certo. Não fazem tudo isto? Realmente estão enfrentando ao fato? Não? Seu cérebro é capaz de absorver tudo o que segue em nome da religião: puro lixo, e algo mais extraordinariamente certo. E esta mistura está em nossas vidas, não é verdade? Tenho que parar. Então, o que é amor?  

Tenho que parar agora. Teremos que seguir melhor nesta quarta-feira, ou amanhã ou no próximo sábado, não é verdade? Está bem? Importam-se?

Q: Amanhã.

K: Gostaria disso? Ao seja gracioso, senhor. Por que você quer amanhã? É conveniente para você, não é verdade? O que?

Q: Amanhã é domingo.

K: Amanhã é domingo, isso é correto, senhor? Ou é conveniente para você? Suponho que não seja conveniente para mim, pois vocês não são sérios. Vale tudo. (Risos)

Portanto, senhores, o Sr. Narayan anunciará se falo amanhã ou quarta-feira. Correto, senhores?

Q: Sim.

K: Adeus, senhores.

Krishnamurti, Madras, primeira  palestra pública, 1986 
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill