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quarta-feira, 4 de abril de 2018

Melhorias no “eu”, não é transformação


Melhorias no “eu”, não é transformação

Uma das coisas mais difíceis de compreender parece-me ser o problema da transformação; Como vemos, existe progresso, de diferentes maneiras, a chamada “evolução” mas há transformação fundamental no progresso? Não sei se esse problema já se vos terá apresentado ou se já alguma vez pensastes nele, mas talvez convenha o apreciarmos nesta manhã.

Vemos que há progresso, no sentido “visível” da palavra: novas invenções, automóveis e aviões melhores, geladeiras melhores, a paz superficial de uma sociedade adiantada, etc. Mas esse progresso está produzindo alguma transformação radical no homem, em vós, em mim? Ele altera superficialmente a conduta de nossa vida, mas pode transformar fundamentalmente o nosso pensar? E como operar essa transformação fundamental? Acho ser este um problema que vale a pena considerar. Há progresso no automelhoramento; amanhã posso ser melhor, mais amável, mais generoso, menos invejoso, menos ambicioso. Mas o automelhoramento produz a modificação completa do nosso pensar? Ou não há transformação nenhuma, mas só progresso? O progresso implica tempo, não? Sou assim hoje e serei um pouco melhor amanhã. Isto é, no melhoramento, na renúncia, na negação de mim mesmo, há uma progressão, um movimento gradual para uma vida melhor, o que significa que o indivíduo se está ajustando superficialmente ao ambiente, a um padrão melhorado, está sendo condicionado de maneira mais nobre, etc. Vemos constantemente esse processo em vigor. E já vos deveis ter perguntado, como eu o tenho feito, se o progresso produz revolução fundamental.

Para mim, a coisa mais importante não é o progresso, mas a revolução. Não fiqueis horrorizados com a palavra “revolução” — como fica a maioria das pessoas que fazem parte de uma sociedade adiantada, como esta. Mas quer-me parecer que, se não compreendermos a enorme necessidade de se produzir, não apenas uma melhora social, mas uma radical mudança de nossa perspectiva, o mero progresso será progresso no sofrer; poder-se-á apaziguar, acalmar o sofrimento, mas não se conseguirá a cessação do sofrimento, que estará sempre latente. Afinal de contas, progresso, no sentido de nos tornarmos melhores num certo período de tempo, constitui, realmente, o “mecanismo” do “eu”, do “ego”. Há evidentemente progresso no automelhoramento, que é o esforço decidido para se ser bom, para se ser mais isto ou menos aquilo, etc. Assim, como há sempre melhoramentos nas geladeiras e nos aviões, assim também há possibilidade de melhoramento do “eu”; mas este melhoramento, este “progresso”, não liberta a mente do sofrimento.

Nessas condições, se desejamos compreender o problema do sofrimento e, se possível, fazê-lo cessar, não devemos de modo nenhum pensar em termos de progresso; porque o homem que pensa em termos de progresso, de tempo, e diz que será feliz amanhã, está vivendo no sofrimento. E para compreendermos este problema, temos de entrar fundo na questão da consciência, não achais? Este assunto é difícil demais? Vou continuar, e veremos.

Se desejo realmente compreender o sofrimento e ver o fim do sofrimento, tenho de verificar, não só quais são as coisas implicadas no progresso, mas também que entidade é essa que deseja melhorar a si mesma; e devo conhecer, também, o “motivo” que a impele a buscar melhoramento. Tudo isso é a consciência. Existe a consciência superficial das atividades diárias: a ocupação, a família, o constante ajustamento ao ambiente social, de maneira feliz e fácil, ou de maneira contraditória, neurótica. E há também o nível mais profundo da consciência, que é a vasta herança social do homem, formada através de séculos: a vontade de existir, a vontade de alterar, a vontade de “vir a ser”. Se desejo realizar uma revolução fundamental em mim mesmo, sem dúvida preciso compreender esse mecanismo total da consciência.

Pode-se ver claramente que o progresso não traz consigo nenhuma revolução. Não falo de revolução social ou econômica — que é muito superficial, como, penso eu, todos vós concordareis. A derribada de um sistema social ou econômico e o estabelecimento de um novo, não altera certos valores, como é o caso da revolução russa, e de outras revoluções históricas. Refiro-me à revolução psicológica, a única revolução verdadeira; e o homem religioso deve achar-se nesse estado de revolução, de que falarei mais adiante.

Ao atacar-se este problema do progresso e da revolução, faz-se necessário um percebimento, uma compreensão do processo total da consciência. Entendeis? Enquanto eu não compreender realmente o que é a consciência, o mero ajustamento de superfície, conquanto possa ter significação sociológica e mesmo estabelecer uma melhor maneira de viver, com mais comida e menos miséria na Ásia, menos guerras, — nunca resolverá o fundamental problema do sofrimento. Sem se compreender, e dissolver, e transcender o impulso causador do sofrimento, o simples ajustamento social é a conservação, em estado latente, da semente do sofrimento. Assim sendo, tenho de compreender o que é a consciência, mas não de acordo com alguma filosofia, psicologia ou descrição, e, sim, “experimentando” diretamente o estado real de minha consciência, todo o seu conteúdo.

Ora, talvez possamos, nesta manhã, “experimentar” algo a esse respeito. Vou descrever o que é a consciência; mas, enquanto eu a estiver descrevendo, não vos limiteis a acompanhar a descrição, porém, antes, observai o “mecanismo" do vosso próprio pensar, para conhecerdes, então, por vós mesmos, o que é a consciência, sem precisardes ler os relatos contraditórios das descobertas dos diferentes especialistas. Compreendeis? Eu estou descrevendo uma coisa. Se apenas escutais a descrição, ela terá muito pouca significação; mas, se, por meio da descrição, estais “experimentando” a vossa própria consciência, o vosso próprio “mecanismo de pensar”, então ela terá uma importância extraordinária, agora mesmo, e não amanhã ou noutro dia qualquer, quando tiverdes tempo de refletir a tal respeito, o que vem a ser uma coisa completamente absurda, já que constitui um mero adiamento.

Se, por meio da descrição, puderdes conhecer o verdadeiro estado de vossa própria consciência, enquanto aqui estais, sentados nos vossos lugares, vereis que a mente é capaz de libertar-se de sua vasta herança de condicionamento, de todas as acumulações e decretos da sociedade, e tem a possibilidade de ultrapassar a consciência do “eu”. Se experimentardes assim, terá utilidade a descrição.

Estamos procurando descobrir por nós mesmos o que é a consciência e se a mente tem possibilidade de libertar-se do sofrimento — não de modificar o padrão do sofrimento, de decorar a prisão do sofrimento, mas de ficar livre, de todo, da semente, da raiz do sofrimento. Ao investigarmos isso, veremos a diferença que há entre o progresso e a revolução psicológica, que é essencial se desejamos a nossa libertação do sofrimento. Não estamos tentando alterar o conteúdo de nossa consciência, não estamos procurando fazer coisa alguma com relação a esse conteúdo; estamos, apenas, a observá-lo. Com efeito, por pouco que observemos, por mais ligeira que seja a nossa percepção, podemos conhecer as atividades da consciência superficial. Podemos ver que, na superfície, a nossa mente está ativa, ocupada em ajustar-se, ocupada num emprego, a ganhar o sustento, a expressar certas tendências, dotes, talentos, ou adquirindo certos conhecimentos técnicos; e quase todos nós nos satisfazemos com viver nessa superfície.

Por favor, não acompanheis meramente o que estou dizendo, mas observai a vós mesmos, vossa própria maneira de pensar. Eu estou descrevendo o que se está passando superficialmente, na nossa vida diária — distrações, fugas, eventuais fases de medo, ajustamento à esposa, ao marido, à sociedade etc. — e esta superficialidade basta à maioria de nós.

Ora, podemos mergulhar nas camadas mais profundas e perceber o “motivo” desse ajustamento superficial? Assim, com um pouquinho de conhecimento desse processo, vereis que esse ajustamento à opinião, aos valores, essa aceitação da autoridade, etc., é ocasionado pelo impulso de autoperpetuação, autoproteção. Mas, se descerdes mais fundo, achareis lá uma vasta subcorrente de instintos raciais, nacionais e tribais, todas as acumulações das lutas, do saber, dos empreendimentos humanos, dos dogmas e tradições do hinduísta, do budista, ou do cristão; todos os resíduos da chamada educação, através de séculos — todas as coisas que nos condicionaram a mente de acordo com um certo padrão hereditário. E, descendo-se ainda mais fundo, lá estará o desejo primário de existir, de ter bom êxito na vida, de “vir a ser”, o qual se expressa, na superfície, em várias formas de atividade social, criando ansiedades e temores de fundas raízes. Dito mui sucintamente, a totalidade dessas coisas é a nossa consciência. Por outras palavras, o nosso pensar se baseia no impulso fundamental para existir, para vir a ser, e, acima deste, se encontram as muitas camadas de tradição, de cultura, educação, e o condicionamento superficial de uma dada sociedade; forçando-nos, tudo isso, a adaptar-nos a um padrão que nos possibilita sobreviver. Há muitos outros pormenores e subtilezas, mas, em essência, isso é a nossa consciência.

Pois bem. Todo progresso realizado dentro dessa consciência constitui automelhoramento, e automelhoramento é progresso no sofrimento, e não eliminação do sofrimento. Isto é muito claro, se observardes. E se a mente tem muito interesse em ficar livre de todo sofrimento, que deve fazer? Não sei se já pensastes neste problema, mas tende a bondade de pensar agora.

Nós sofremos, não é exato? Sofremos não só por doença ou incômodos físicos, mas também por causa da solidão, da pobreza do nosso ser. Sofremos porque não somos amados. Quando amamos alguém e não temos retribuição desse amor, sofremos. Em todos os sentidos, pensar é estar cheio de angústias; por conseguinte, parece-nos que será melhor não pensar e aceitamos, assim, uma crença, e ficamos estagnados nessa crença, a que chamamos religião.

Ora, se a mente perceber que o sofrimento não tem fim por via do automelhoramento, do progresso, o que é muito evidente, que deve ela fazer? Pode a mente transcender essa consciência, transcender os vários impulsos e desejos contraditórios? E esse transcender depende do tempo? Segui isso, não só verbalmente, mas realmente. Se é coisa dependente do tempo, voltais então à mesma coisa, isto; é, ao progresso. Percebeis isso? Dentro da estrutura da consciência, todo movimento, em qualquer direção, é automelhoramento, e por conseguinte faz continuar o sofrimento. O sofrimento pode ser controlado, disciplinado, subjugado, racionalizado, requintado, mas a sua qualidade potencial continuará a existir; e para nos vermos livres do sofrimento precisamos libertar-nos dessa potencialidade, dessa semente do “eu”, do “ego”, de todo o processo de “vir a ser”. Para passarmos além, é necessária a cessação desse mecanismo. Mas, se disserdes: “Como poderei passar além?”, nesse caso o “como” se torna método, prática, quer dizer, progresso, que não é uma maneira de passar além, mas só de tornar mais apurada a consciência do nosso sofrer. Espero que estejais compreendendo.

A mente pensa em termos de progresso, de melhoramento, de tempo; e é possível que, reconhecendo que o chamado progresso é “progresso no sofrer“, essa mente cesse de todo, não no tempo, não amanhã, mas imediatamente? De outra maneira, ver-nos-emos de novo na mesma rotina, na velha roda de suplícios. Se o problema está enunciado de maneira clara e for claramente compreendido, vós encontrareis a solução absoluta. Emprego a palavra “absoluta“ no seu sentido correto. Não há outra solução.

Isto é, nossa consciência está constantemente lutando para ajustar, modificar, mudar, absorver, rejeitar, avaliar, condenar, justificar; mas todo movimento semelhante, da consciência, está sempre, dentro do padrão do sofrimento. Todo movimento que ocorre dentro dessa consciência, como sejam, os sonhos, os esforços da vontade, é movimento do “eu”; e todo movimento do “eu”, seja em direção das coisas mais sublimes, seja em direção das coisas mais mundanas, gera sofrimento. Quando a mente percebe isso, que lhe acontece? Compreendeis a pergunta? Quando a mente percebe a verdade a esse respeito, não apenas verbalmente, mas totalmente, existe então algum problema? Existe problema quando observo uma cascavel e sei que ela é venenosa? Analogamente, se sou capaz de prestar toda a atenção a esse “mecanismo” do sofrimento, não está então a mente além do sofrimento?

Tende a bondade de prestar atenção. Nossa mente está agora ocupada com o sofrimento e o modo de evitar o sofrimento, esforçando-se para dominá-lo, diminuí-lo, modificá-lo, fugir dele de várias maneiras. Mas, se percebo, não superficialmente apenas, mas através de todas as camadas, que essa própria ocupação da mente com o sofrimento é movimento do “eu”, criador de sofrimentos; se percebo realmente a verdade a esse respeito, não ultrapassou então a mente essa coisa que chamamos consciência do “eu”?

Expressando-o diferentemente: Nossa sociedade está baseada na inveja, no desejo de aquisição, não só aqui na América, mas também na Europa e na Ásia, e nós somos o produto dessa sociedade, existente há séculos e milênios. Ora bem, prestai atenção. Reconheço que sou invejoso. Posso apurar esse sentimento, controlá-lo, discipliná-lo, encontrar-lhe um substituto através de atividades caritativas, reformas sociais, etc.; mas a inveja lá estará sempre, latente, pronta a saltar para fora. Como pode, então, a mente libertar-se totalmente da inveja? Pois a inveja traz inevitavelmente conflito, a inveja é um estado em que não há ação criadora; e todo homem que deseja descobrir o que é “ação criadora” deve, é óbvio, estar livre da inveja, da comparação, dos impulsos para ser e “vir a ser”.

A inveja é um sentimento que identificamos com uma palavra. Identificamos o sentimento dando-lhe um nome, aplicando-lhe o termo “inveja”. Prosseguirei lentamente e tende a bondade de seguir-me, pois estou fazendo a descrição de nossa consciência. Há um certo estado de sentimento, e a esse estado dou um nome, chamo-o “inveja”. Esta mesma palavra “inveja” é condenatória, tem significados sociais, morais e espirituais, que fazem parte da tradição em que fui educado; assim, pelo próprio emprego da palavra, condenei o sentimento, e esse mecanismo de condenação é automelhoramento. Quando condeno a inveja, estou progredindo na direção oposta, que é a da “não-inveja”, mas esse movimento parte, ainda, do centro que é invejoso.

Pode, pois, a mente pôr fim ao “dar nome”? Quando há sentimento de ciúme, de concupiscência, de ambição de ser alguma coisa, pode a mente, que foi educada no uso da palavra, na condenação, no dar nome, deter completamente o “mecanismo” de dar nome? Experimentai isso, e vereis como é difícil não dar nome a um sentimento. O sentimento e o dar nome são quase simultâneos. Mas, quando não ocorre a ação de dar nome, há então sentimento? Persiste o sentimento, quando não se lhe dá nome algum? Estais compreendendo, ou isto é abstrato demais? Não concordeis nem discordeis de mim, pois não se trata de minha vida, mas de vossa vida.

Esse problema de dar nome a um sentimento, aplicar-lhe um termo, faz parte do problema da consciência. Tomai, por exemplo, a palavra “amor”. Que deleite a mente experimenta, no mesmo instante, com essa palavra! Ela encerra tanta significação, tanta beleza, tanto conforto, e tantas outras coisas! E a palavra “ódio” tem imediatamente uma significação toda outra, de coisa que se deve evitar, da qual devemos livrar-nos, fugir, etc. Têm, pois, as palavras, um extraordinário efeito psicológico para a mente, quer estejamos cônscios disso, quer não.

Ora, pode a mente ficar livre de toda essa “verbalização”? Se pode — e ela deve poder, porque do contrário não irá mais longe — surge então o problema: Existe um “experimentador” separado da “experiência”? Se existe experimentador separado da experiência, então a mente está condicionada, porque o experimentador está sempre a acumular ou rejeitar experiências, a traduzir cada experiência em termos de seus próprios gostos e aversões, em termos ditados pelo seu próprio fundo, seu condicionamento; se ele tem uma visão, pensa que ela é Jesus, um Mestre, ou sabe Deus o que mais. Assim, enquanto há experimentador, há “progresso no sofrer”, que é o processo próprio da consciência do “eu”.

Mas, para se passar além, para se transcender tudo isso, requer-se uma atenção extraordinária. Esta atenção total, na qual não há escolha alguma, nem ideia de “vir a ser”, mudar, alterar, liberta a mente do “mecanismo” da consciência do “eu”; e então não existe mais “experimentador” que acumula, e só então é que se pode dizer com veracidade que a mente está livre do sofrer. A acumulação é que é a causa do sofrimento. Nós não morremos para todas as coisas, de dia em dia, não morremos para as inumeráveis tradições, para a família, para nossas próprias experiências, nosso próprio desejo de fazer mal a outrem. Precisamos morrer para tudo isso, de momento a momento, morrer para esta vasta memória constituída de acumulações, porque só então a mente está livre do “eu”, a entidade nascida da acumulação.

Talvez, se examinarmos juntos esta questão, possamos esclarecer tudo o que já foi dito.

Krishnamurti, 14 de agosto de 1955
Realização sem esforço
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill